sexta-feira, 30 de março de 2007

BAUDELAIRE

EMBEBEDAI-VOS
(BAUDELAIRE)


“É preciso estar-se, sempre, bêbado.
Tudo está lá, eis a única questão.
Para não sentir o fardo do tempo que parte vossos ombros e verga-os para a terra,
é preciso embebedar-vos sem trégua.
Mas de quê?
De vinho, de poesia ou de virtude, a escolha é vossa.
Mas embebedai-vos.

E se, à vezes, sobre os degraus de um palácio,
sobre a grama verde de uma vala,
na solidão morna de vosso quarto,
vós vos acordardes,
a embriagues já diminuída ou desaparecida,
perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que passa, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são;
e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, vos responderão:
“É hora de embebedar-vos! Para não serdes escravos martirizados do Tempo, embebedai-vos, embebedai-vos sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude: a escolha é vossa.”


BAUDELAIRE, Charles. Pequenos poemas em prosa. São Paulo: Editora Record, 2006.

quinta-feira, 29 de março de 2007

VOLTAIRE

VOLTAIRE
em DICIONÀRIO FILOSÓFICO


“Fanatismo”
(trechos)

“O fanatismo é para a superstição o que o que o delírio é para a febre, o que é a raiva para a cólera. Aquele que tem êxtases, visões, que considera os sonhos como realidades e as imaginações como profecias é um entusiasta; aquele que alimenta a sua loucura com a morte é um fanático.”

“Quando uma vez o fanatismo gangrenou um cérebro, a doença é quase incurável.”

“Que responder a um homem que vos diz que prefere obedecer a Deus a obedecer aos homens e que, conseqüentemente, está certo de merecer o céu se vos degolar?”


François-Marie Arouet (1694-1778), mais conhecido pelo pseudónimo Voltaire, foi um poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e historiador francês.

VOLTAIRE. Dicionário Filosófico. Tradução de Líbero Rangel de Tarso. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s/data.

quarta-feira, 28 de março de 2007

LA ROCHEFOUCAULD

LA ROCHEFOUCAULD

Máxima 17

“A moderação das pessoas felizes provém da tranqüilidade que a boa sorte dá ao seu temperamento.”

Máxima 20

“A constância dos sábios não é mais que a arte de encerrar a agitação em seu coração.”

Máxima 22

“A filosofia triunfa facilmente dos males passados e dos futuros, mas os presentes a vencem.”

Máxima 41

“Os que se dedicam muito a pequenas coisas, tornam-se, ordinariamente, incapazes das grandes.”

Máxima 84

“É mais vergonhoso desconfiar dos amigos que ser por eles enganado.”

François de La Rochefoucauld foi um nobre que escreveu apenas dois livros. Um de memórias e outro de máximas. Filho do duque de Poitou, suas máximas foram publicadas pela primeira vez em 1664, anônimas. Retrabalhadas, reapareceriam em 1678. La Rochefoucauld faleceu em 1688.


LA ROCHEFOUCAUD, François VI de. Reflexões e Máximas Morais. Tradução de Alcântara Silveira. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969.

segunda-feira, 26 de março de 2007

MANUEL BANDEIRA

O IMPOSSÍVEL CARINHO
(Manuel Bandeira)


Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura

Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor –
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!


LOUSADA, Wilson (Org.) Cancioneiro do Amor. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.

domingo, 25 de março de 2007

CHUANG TZU

O BARCO VAZIO
(Chuang Tzu)
(trecho)

Se um homem atravessar um rio
E um barco vazio colidir com sua própria embarcação,
Mesmo que seja um mal-humorado,
Não terá muita raiva.
Mas se vir um homem no outro barco,
Gritará que ele reme direito.
Se o outro não ouvir o grito, gritará de novo,
E mais, começando a xingar.
Tudo porque há alguém no barco.
Se o barco estivesse vazio,
Não gritaria nem ficaria com raiva.

Se você conseguir esvaziar seu barco
Ao atravessar o rio do mundo,
Ninguém lhe porá obstáculos,
Ninguém procurará fazer-lhe mal.

CHUANG TZU, considerado o maior escritor taoista de cuja existência se tem notícia, escreveu sua obra no final do período clássico da filosofia chinesa, de 550 a 250 aC.

MERTON, Thomas. A Via de Chuang Tzu. Petrópolis: Editora Vozes, 1974.

sábado, 24 de março de 2007

LA BRUYÈRE

OS CARACTERES

La Bruyère – Máxima “Do Mérito Pessoal” 37
“Não há nada, por mais sutil, simples e imperceptível, em que não haja maneiras que nos revelem. Um tolo não sai, nem entra, nem se senta, nem se levanta, nem se cala, nem permanece de pé como um homem inteligente.”

La Bruryère – Máxima “Das Mulheres” 14
“As jovens deixam escapar pequenas coisas que convencem bastante e agradam sensivelmente aquele para quem elas são feitas: aos homens quase nada escapa; suas carícias são voluntárias, eles falam, agem, são solícitos e convencem menos.”

Jean La Bruyère nasceu em 1645 em Paris e morreu em 1696. Faz parte, junto com La Rochefoucauld e outros, do grupo chamado de "moralistas”.

LA BRUYÈRE Os Caracteres. Trad. Alcântara Silveira. São Paulo: Ed. Cultrix, 1965.

sexta-feira, 23 de março de 2007

EPICTETO

EPICTETO – MÁXIMAS

60
“Quando estiveres no teu quarto, de noite, com a porta bem fechada e apagadas as luzes, guarda-te de crer que estás só, que não estás.”

194
“O homem prudente aguarda sempre dos maus maior mal que o que deles recebe. Um semelhante me injuria; dou graças por não ter me golpeado. Golpeia-me; dou graças por não me ter ferido. Fere-me; dou graças por não ter me matado.”

175
“Acusar os demais das próprias desditas é coisa de ignorante; acusar apenas a si mesmo é coisa de homem que começa a instruir-se; não acusar nem a si próprio nem aos outros é coisa de homem já instruído.”



EPICTETO. Máximas. Tradução de Alberto Denis. São Paulo: Ed. E Pub. Brasil

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epiteto

REFLEXÕES

Pretendo dividir algumas reflexões e espero que os leitores mandem as suas preferidas.
Divirtam-se!