sábado, 30 de agosto de 2008

AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT (5)



SÃO ENVIADAS DO MAL...
(Augusto Frederico Schmidt)


SÃO enviadas do Mal que me perseguem
E me oferecem prendas e folguedos.
Dançam comigo, levam-me sorrindo
Para os abismos louros e sedosos.

Essas mulheres que me telefonam,
Meu sono interrompendo em horas mortas,
E batem na calada à minha porta
Um abrigo em meu leito procurando;

Todo esse arfar de perfumados
Corpos vem da fonte do mal,
E tenta me envolver em sortilégio.

Caio em pecado, mas a aurora nasce
E limpa de minha alma a escura mancha
De ter faltado a Deus, que a mim não falta.





AMO–TE TANTO
(Augusto Frederico Schmidt)


AMO–TE tanto que adormecerei
Diante de tua porta, no frio.
Se não me deres o teu peito
Me encontrarás gelado, morto

De fome, porque só quero
O leite de que és fonte.
Se não me amares
Deitarei a cabeça na pedra.

Estenderei meu corpo na calçada
E descansarei para sempre.
Olha-me e contempla meu rosto

Sulcado de dores velhas, meus cabelos
Duros, minhas mãos cheirando
A fumo, meu hálito de bêbedo!






SCHMIDT, Augusto Frederico. Nova Antologia Poética. Seleção de Rubem Braga. 2ª.Ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

MONTAIGNE



Montaigne
Em
Ensaios: Livro primeiro.







“Sabe-se que os gramáticos estabelecem uma diferença entre dizer uma mentira e mentir.
Dizer uma mentira é, na opinião deles, adiantar uma coisa falsa que a gente crê verdadeira, ao passo que na língua latina, da qual provem a nossa, mentir é falar contra a própria consciência”.


“Qualquer idéia pode apoderar-se de nós com força bastante para que a sustentemos até a morte”.


“Abastança e indigência dependem, pois, da idéia que delas temos.
A riqueza, como a glória e a saúde, só atrai e causa prazer na medida em que empresta prazer e atração a quem a possui.
Estamos bem ou normal neste mundo segundo o que pensamos: contente está quem se acredita contente e não aquele que os outros imaginam contente”.


“O medo é a coisa de que mais medo tenho no mundo”.


“Diz Cícero que filosofar não é outra coisa senão preparar-se para a morte.
Isso, talvez, porque o estudo e a contemplação tiram a alma para fora de nós, separam-na do corpo, o que, em suma, se assemelha à morte e constitui como que um aprendizado em vida dela”.






MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. Tradução de Sérgio Milliet. 1ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1972. (Os Pensadores)

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Eyquem_de_Montaigne

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

JOSÉ SARAMAGO



José Saramago
Em
Este mundo da injustiça globalizada.







“É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo.

Tudo isso é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de ação democrática começa e acaba aí.

O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira.

Todos sabemos que é assim, e, contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos fatos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica”.







SARAMAGO, José. Este mundo da injustiça globalizada. Texto lido na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial 2002. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000302.pdf

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago

JOHN CURRIN


Whitney Museum of American Art

BUFFET
1999 – óleo sobre tela – 55,8 x 45,7cm.
Autor: JOHN CURRIN

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Currin


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

BACHELARD (3)



Gaston Bachelard
Em
“Rationalisme”






“Acreditava-se que a ciência era real por seus objetos e hipotética pelas ligações estabelecidas entre os objetos.
Ante a mínima contradição, ante a mínima dificuldade experimental, abandonavam-se essas hipóteses de ligação que se rotulavam de convencionais, como se uma convenção científica tivesse outro meio de ser objetiva além do caráter racional!”

“Agora os objetos é que são representados por metáforas; é sua organização que representa o papel de realidade.
Em outras palavras, o hipotético agora é o nosso fenômeno; porque nosso contato imediato com o real só vale como dado confuso, provisório, convencional e esse contato fenomenológico exige inventário e classificação.
Por outro lado, a reflexão é que dará novo sentido ao fenômeno inicial, ao sugerir uma seqüência orgânica de pesquisas, uma perspectiva racional de experiências.
A priori, não podemos ter qualquer confiança na instrução que o dado imediato pretende nos fornecer.
Nem é juiz, nem testemunha; é um acusado, réu que cedo ou tarde se convence de mentira.
O conhecimento científico é sempre a reforma de uma ilusão”.






BACHELARD, Gaston. Epistemologia. Trechos escolhidos por Dominique Lecourt. Tradução de Nathanael C. Carneiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaston_Bachelard

terça-feira, 26 de agosto de 2008

RAINER MARIA RILKE



A SOLTEIRONA
(Rainer Maria Rilke)






Leve, como após a morte,
as luvas e o lenço toma.
Da cômoda, um cheiro forte
suplanta o dileto aroma

tão próprio, de antigamente.
Já vaidosa não indaga
(a algum remoto parente):
– Que tal? – e em sonhos divaga

na alcova, que assim bonita
conserva e trata e aprimora:
porque certamente a habita
a mesma moça de outrora.






RILKE, Rainer Maria. Poemas de Rainer Maria Rilke. Tradução, introdução e notas de Geir Campos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1953.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Rainer_Maria_Rilke

RABISCOS NO BLOCO


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FREUD (2)



Sigmund Freud
Em
O Futuro de uma ilusão






“A civilização humana, expressão pela qual quero significar tudo aquilo em que a vida humana se elevou acima de sua condição animal e difere da vida dos animais – e desprezo ter que distinguir entre cultura e civilização –, apresenta, como sabemos, dois aspectos ao observador.

Por um lado, inclui todo o conhecimento e capacidade que o homem adquiriu com o fim de controlar as forças da natureza e extrair a riqueza desta para a satisfação das necessidades humanas; por outro, inclui todos os regulamentos necessários para ajustar as relações dos homens uns com os outros e, especialmente, a distribuição da riqueza disponível.

As duas tendências da civilização não são independentes uma da outra; em primeiro lugar, porque as relações mútuas dos homens são profundamente influenciadas pela quantidade de satisfação instintual que a riqueza existente torna possível; em segundo, porque, individualmente, um homem pode, ele próprio, vir a funcionar como riqueza em relação a outro homem, na medida em que a outra pessoa faz uso de sua capacidade de trabalho ou o escolha como objeto sexual; em terceiro, ademais, porque todo indivíduo é virtualmente inimigo da civilização, embora se suponha que esta constitui um objeto de interesse humano universal.

É digno de nota que, por pouco que os homens sejam capazes de existir isoladamente, sintam, não obstante, como um pesado fardo os sacrifícios que a civilização deles espera, a fim de tornar possível a vida comunitária.

A civilização, portanto, tem de ser defendida contra o indivíduo, e seus regulamentos, instituições e ordem dirigem-se a essa tarefa”.




“Fica-se assim com a impressão de que a civilização é algo que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu como obter a posse dos meios de poder e coerção”.






FREUD, Sigmund. O Futuro de uma ilusão. Tradução de José Octávio de Aguiar Abreu. Revisão técnica de Walderedo Ismael de Oliveira. In.__________Freud. Seleção de textos de Jayme Salomão. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os pensadores).

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud

sábado, 23 de agosto de 2008

PAUL RICOEUR



Paul Ricoeur
Em
Interpretação e ideologia







“A marginalização constitui, sem dúvida, o maior perigo que correm atualmente os grupos de contestação.
Essa marginalização é a contrapartida do reforço de todos os poderes estabelecidos, num sentido cada vez mais repressivo e policialesco.
A polarização – que se pretende nos impor a todo preço – está em vias de produzir no mundo todo seus frutos amargos: o ciclo contestação-repressão está esboçado, mas funciona cada vez mais em proveito do poder e em detrimento das liberdades públicas”.



“Quanto à ação, ou antes, à pseudo-ação, já se encontra contaminada pela busca do espetacular, pela teatralização.
É interessante notar como a ação, ao tornar-se ineficaz, tende a converter-se em espetáculo.
Certamente compreendo a intenção: quando a palavra ordinária perdeu sua eficácia, pode parecer hábil aplicar uma terapêutica de choque nas massas cloroformizadas.
Mas o efeito é tão desastroso sobre aqueles que aplicam o remédio quanto sobre os que os recebem.
É o que chamo de a teatralização.
Por teatralização, entendo a substituição da política real por uma espécie de política-ficção, incapaz de separar a fantasia do real, e reduzida a uma encenação”.







RICOEUR, Paul. Interpretação e ideologia. Organização, tradução e apresentação de Hilton Japiassu. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Ricoeur

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

VINÍCIUS DE MORAES (7)



SONETO DE DEVOÇÃO
(Vinícius de Moraes)






Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todos a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarada a marca dos meus dentes nela

Essa mulher é um mundo! – uma cadela
Talvez... – mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!






LOUSADA, Wilson. Cancioneiro Do Amor. Simbolistas e Contemporâneos. Seleção e notas de Wilson Lousada. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952.

JOSÉ CLEMENTE OROZCO



Colección J. y N. Gelman


AUTO – RETRATO
1932 – aquarela e guache sobre papel – 37 x 30 cm
Autor: JOSÉ CLEMENTE OROZCO

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Orozco

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ANDRÉ BRETON



André Breton
Em
Manifesto Surrealista







“Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares.

Só o que me exalta ainda é a única palavra, liberdade.
Eu a considero apropriada para manter, indefinidamente, o velho fanatismo humano.
Atende, sem dúvida, à minha única aspiração legítima.
Entre tantos infortúnios por nós herdados, deve-se admitir que a maior liberdade de espírito nos foi concedida.
Devemos cuidar de não fazer mau uso dela.
Reduzir a imaginação à servidão, fosse mesmo o caso de ganhar o que vulgarmente se chama felicidade, é rejeitar o que haja, no fundo de si, de suprema justiça.
Só a imaginação me dá contas do que pode ser, e é bastante para suspender por um instante a interdição terrível; é bastante também para que eu me entregue a ela, sem receio de me enganar (como se fosse possível enganar-me mais ainda)”.



“Não é o medo da loucura que nos vai obrigar a hastear a meio-pau a bandeira da imaginação”.


“SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral”.







BRETON, André. Manifesto Surrealista. Sem indicação de tradutor. Transcrição: Alexandre Linares. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ma000015.pdf

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Breton

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

VIOLANTE DO CÉU



Vida que não acaba de acabar-se
(Violante do Céu)






Vida que não acaba de acabar-se,
chegando já de vós a despedir-se,
ou deixa por sentida de sentir-se,
ou pode de imortal acreditar-se.

Vida que já não chega a terminar-se,
pois chega já de vós a dividir-se,
ou procura vivendo consumir-se,
ou pretende matando eternizar-se.

O certo é, Senhor, que não fenece,
Antes no que padece se reporta,
Porque não se limite o que padece.

Mas, viver entre lágrimas, que importa?
Se vida que entre ausências permanece
É só vida ao pesar, ao gosto morta?






FARACO, Sérgio, org. Livro Dos Sonetos 1500 – 1900. Porto Alegre: L&PM, 1996.

Sobre a autora:
http://en.wikipedia.org/wiki/Violante_do_Ceo

Ver também:
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/violante.htm

terça-feira, 19 de agosto de 2008

HELVÉTIUS



HELVÉTIUS
Em
Do Espírito





“Quando o célebre Rochefoucault disse que o amor-próprio é o princípio de todas as nossas ações, como a ignorância da verdadeira significação desse termo amor-próprio levantou pessoas contra esse ilustre autor!

Tomou-se o amor-próprio como orgulho e vaidade e imaginou-se, por conseguinte, que Rochefoucault colocava no vício a fonte de todas as virtudes.

No entanto, era fácil perceber que o amor-próprio, ou o amor a si, não era outra coisa a não ser um sentimento gravado em nós pela natureza, que esse sentimento se transformava em cada homem em vício ou virtude, segundo os gostos e as paixões que o animavam; e que o amor-próprio, diferentemente modificado, produzia igualmente o orgulho e a modéstia”.


“O conhecimento dessas idéias teria preservado Rochefoucault da censura tão repetida de que ele via a humanidade negra demais; ele a conheceu tal como é”.


“Para amar os homens é preciso esperar pouco deles: para ver os seus defeitos sem amargor é preciso acostumar-se a perdoá-los e sentir que a indulgência é uma justiça que a fraca humanidade tem direito de exigir da sabedoria”.








HELVÉTIUS, Claude-Adrien. Do Espírito. Tradução de Nelson Aguilar. In.CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores)

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Adrien_Helv%C3%A9tius

RABISCOS NO BLOCO


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

BARÂO DE ITARARÉ (6)



MONÓLOGO
(Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé)






Eu tinha doze garrafas de uísque na minha adega e minha mulher me disse para despejar todas na pia, porque se não...

- Assim seja! Seja feita a vossa vontade, disse eu, humildemente. E comecei a desempenhar, com religiosa obediência, a minha ingrata tarefa.

Tirei a rolha da primeira garrafa e despejei o seu conteúdo na pia, com exceção de um copo que bebi.

Extrai a rolha da segunda garrafa e procedi da mesma maneira, com exceção de um copo, que virei.

Arranquei a rolha da terceira garrafa e despejei o uísque na pia, com exceção de um copo, que empinei.

Puxei a pia da quarta rolha e despejei o copo na garrafa, que bebi.

Apanhei a quinta rolha na pia, despejei o copo no resto e bebi a garrafa por exceção.

Agarrei o copo da sexta pia, puxei o uísque e bebi a garrafa, com exceção da rolha.

Tirei a rolha seguinte, despejei a pia dentro da garrafa, arrolhei o copo e bebi por exceção.

Quando esvaziei todas as garrafas, menos duas, que escondi atrás do banheiro, para lavar a boca amanhã cedo, resolvi conferir o serviço que tinha feito, de acordo com as ordens da minha mulher, a quem não gosto de contrariar, pelo mau gênio que tem.

Segurei então a casa com uma mão e com a outra contei direitinho as garrafas, rolhas, copos e pias, que eram exatamente trinta e nove.

Para me certificar de que não havia engano, contei tudo outra vez e quando terminei já encontrei um total de noventa e três, o que dá certo, quando as coisas andam de perna para o ar.

Como a casa nesse momento passou mais uma vez pela minha frente, aproveitei para controlar minhas contas e recontei todas as casas, copos, rolhas, pias e garrafas, menos aquelas duas, que escondi no banheiro e que eu acho que não vão chegar até amanhã, porque estou com uma sede louca...








Barão de Itararé. Máximas e Mínimas do Barão de Itararé. Seleção e organização Afonso Félix de Souza. Apresentação de Jorge Amado. 2ªed. Rio de Janeiro: Record, 1986.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_Itarar%C3%A9

sábado, 16 de agosto de 2008

DE GÉRANDO



Joseph-Marie De Gérando
Em
Dos Signos e da Arte de Pensar







“Um dos hábitos mais patentes em seus efeitos e dos mais fáceis de explicar por seus princípios é o que nos faz, de alguma forma, identificar aos nomes as idéias das coisas que eles exprimem; de tal forma que esses nomes pareceriam desfrutar de uma virtude própria e natural para representar as coisas, e que mesmo freqüentemente pareceriam inseparáveis da realidade dessas coisas.

Daí resultaram não somente grandes preconceitos sobre a origem, a natureza e os efeitos da linguagem, mas também uma grande quantidade de erros nas ciências, onde as palavras foram freqüentemente dadas – e recebidas – por idéias, onde os equívocos se tornaram irremediáveis devido à confiança que se tinha na virtude da língua, onde as identidades gramaticais não se converteram em necessidades metafísicas.

Daí resultaram ainda muitos erros bem mais funestos no seio das sociedades.

Um nome ilustre quase sempre faz desculpar muitos crimes relativamente àquele que o possui, assim como um nome ao qual estejam ligadas idéias de infâmia desonra aqueles aos quais foi transmitido.

Viram-se homens comandarem, em nome da moral, o assassinato, a destruição e todas as crueldades.

Viu-se, em nome da liberdade, estabelecer-se o mais absoluto despotismo; em nome da igualdade ordenarem-se as mais iníquas proscrições; e encontraram-se sempre espíritos bastante dóceis para que os hábitos ligados às palavras vencessem neles a evidência dos fatos e o testemunho dos sentidos”.







DE GÉRANDO, Joseph Marie de. Dos Signos e da Arte de Pensar. Tradução de Franklin Leopoldo e Silva e Victor Knoll. In.CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores)

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Marie,_baron_de_Gérando

Ver também:
http://www.newadvent.org/cathen/06465a.htm

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

LAO TSE (7)



PASSIVIDADE DINÂMICA
(Lao Tse)





O conhecedor quer conhecer sempre mais.
Quem obedece ao Tao
Torna-se mais modesto, dia a dia.
Não deseja nada,
E acaba não fazendo nada.
E, graças a essa obediência desinteressada,
Tudo é feito por meio dele.
Destarte, também um reino se constrói a si mesmo,
Mas é destruído por manobras interesseiras.






Lao-Tse viveu na China no século VI a.C. e a ele se atribui a autoria dos 81 “capítulos breves” que compõem o Tao Te King, uma espécie de síntese da sabedoria milenar chinesa.

LAO-TSE. Tao Te King. Tradução de Humberto Rohde. São Paulo: Fundação Alvorada, s/data. 2a ed.

TERTÚLIAS VIRTUAIS: ÁGUA


Enfeitando a minha musa.

Este post faz parte do "Tertúlias Virtuais" proposta do Varal de Idéias e do Expresso da Linha, que ocorre todo dia 15 de cada mês.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

BAUDELAIRE (3)



BAUDELAIRE
Em
Um comedor de ópio






“Para sentir dessa maneira, é preciso ter sofrido muito, é preciso ser um desses corações que a infelicidade abre e amolece, ao contrário daqueles que ela fecha e endurece.

O Beduíno da civilização aprende no Sahara das cidades grandes, muitos motivos de enternecimento que o homem, cuja sensibilidade está limitada pelo home e pela família, ignora.

Existe no barathrum das capitais, como no Deserto, alguma coisa que fortifica e modela o coração do homem, que o fortalece de uma outra maneira, quando não o deprava e o enfraquece até a abjeção e ao suicídio”.




“O grande segredo da felicidade sobre o qual os filósofos se disputaram durante tantos séculos estava então finalmente descoberto!

Podia-se comprar a felicidade por um penny e leva-la no bolso do colete; o êxtase se deixaria encerrar numa garrafa, e a paz de espírito poderia ser expedida pela diligência!

O leitor acreditará talvez que eu queira rir, mas tenho esse velho hábito de brincar com a dor, e posso afirmar que aquele que tiver feito uso do ópio não rirá muito tempo.

Seus prazeres são até de natureza grave e solene, e, em seu estado mais feliz, o comedor de ópio não pode apresentar-se com as características do allegro, pois fala e pensa como convém ao pensieroso”.





BAUDELAIRE, Charles. Um comedor de ópio. Tradução de Annie Paulette Marie Canbe. Rio de Janeiro: Newton Compton Brasil ltda, s/data. Clássicos Econômicos Newton.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

KARL MARX (2)



Karl Marx
Em
O Dezoito de Brumário de Louís Bonaparte






“Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes.
E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.


“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem segundo sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.
A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”.





MARX, Karl. O Dezoito de Brumário de Louis Bonaparte. Sem indicação de tradutor.
Disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ma000066.pdf

RABISCOS NO BLOCO

terça-feira, 12 de agosto de 2008

PIERRE WEIL



Pierre Weil
Em
BRAHMAN






“Os Vedas, seguidos pelos Upanixades, constituem a base do bramanismo, cujo objetivo essencial é realizar em si próprio a unidade do Atman, ou Si individual, e do Brahman, o Ser universal”.

“Toda a tradição gira em torno desta realização.
O Mandukaya e Karika Upanixade, por exemplo, é muito preciso quando distingue quatro estados de consciência que são “quatro Quartos” do Atman.

É o quarto estado que constitui a realização suprema simbolizada pelo OM:

Upanixade 1 – Diz-se OM! Pois esta sílaba representa este nosso universo por inteiro, que é assim designado: “o que foi, o que é, o que será”.

Sim, a sílaba OM é o universo todo; e esta-outra-coisa que está além dos três espaços temporais, é também a sílaba OM.

Up. 2 – Mas o universo é Aquilo, é o Brahman; ora, o Brahman é o Atman que aqui está, e o Atman que aqui está é composto de quatro Quartos.

Up. 3 – O primeiro Quarto é o Fogo “comum-a-todos-os-seres”; ele corresponde ao estado de vigília, onde se tem conhecimento do mundo exterior;
Com sete membros, com dezenove bocas, ele desfruta do universo material.

Up. 4 – O segundo Quarto provém da Luz: ele corresponde ao estado de sono leve, com sonhos, onde se tem conhecimento do mundo interior;
Com sete membros, dezenove bocas, ele desfruta do elemento sutil.

Up. 5 – O terceiro Quarto, por sua vez, provém do Conhecimento e corresponde ao estado de sono profundo, sem sonhos;
Ainda que dormindo, não desejamos nada, não vemos nenhum sonho; tendo realizado a Unidade, não somos nada além de conhecimento e beatitude.

Up. 6 – é Ele, o Senhor do universo, o Onisciente, o Regente interno!
Ele é a matriz de todas as coisas pois é ao mesmo tempo a origem e o fim de tudo o que existe.





WEIL, Pierre. Antologia do Êxtase. Tradução de Patrícia Cenacchi. São Paulo: Palas Athena, 1993.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Weil

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

CASSIANO RICARDO (4)



PEQUENO
CANTO EX-ÓTICO
(Cassiano Ricardo)





Chorar não basta
pra dignificar
a tristeza.

Já não cabe
a tristeza, no caos
de agora.
O encanto ótico
tornou o pranto ex-
ótico.

Um coice
de cavalo
no comício, ao
invés de fazer
brotar a fonte,
no monte,
me fez secar
a fonte
da mágoa.

O aterrorizado não
chora.

É um ser em que
a lágrima,
dura como diamante,
não molha;
risca
o vidro dos olhos.

Lágrima?
Só a do minuto
no olho do relógio.

Lágrima?
Só a da sílaba
no poema.

Lágrima?
Só a gota de suor
na fronte.

Lágrima?
Coisa íntima
e ínfima
diante do espetá-
culo.






RICARDO, Cassiano. Jeremias sem-chorar. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cassiano_Ricardo

sábado, 9 de agosto de 2008

OSCAR WILDE (13)



OSCAR WILDE
Em
A ALMA DO HOMEM SOB O SOCIALISMO






“É preciso observar que Jesus nunca diz que os pobres sejam necessariamente bons e os ricos necessariamente maus.
Isto não teria sido certo.
Os ricos, como classe, são melhores que os pobres, mais moralizados e inteligentes, mais bem educados.
Numa comunidade, há uma só classe que pensa no dinheiro mais que os ricos: a dos pobres.
É que estes não podem pensar em outra coisa.
Tal é a maldição da pobreza”.




“A personalidade é uma coisa misteriosíssima.
Nem sempre se pode apreciar um homem pelos seus atos.
Pode este observar as leis e ser, não obstante, indigno.
Pode infringir as leis e ser, não obstante, honrado.
Pode ser mau, sem ter praticado nenhum mal; cometer um crime contra a sociedade, alcançando sua verdadeira perfeição com esse crime.

Uma vez foi colhida em flagrante delito de adultério uma mulher. Não chegou até nós a história de seu amor, mas aquele amor deve ter sido grande, pois Jesus lhe disse que seus pecados lhe seriam perdoados, não porque se arrependesse, mas por ser seu amor tão intenso e admirável.
Passado algum tempo, pouco antes de sua morte, veio a mulher ungir-lhe os cabelos com perfumes caros.
Os amigos de Jesus quiseram opor-se, dizendo que era uma extravagância e que o dinheiro gasto naqueles perfumes poderia ser empregado em socorrer caritativamente as pessoas necessitadas.
Mas Jesus repeliu aquele modo de julgar, afirmando que as necessidades materiais eram numerosas e constantes, mas que suas necessidades espirituais eram ainda maiores e que, em um momento divino, uma personalidade pode alcançar sua perfeição escolhendo por si mesma seu próprio modo de expressão”.





WILDE, Oscar A Alma do Homem sob o Socialismo. In. __________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

ALOHA

Aloha, Hawaii
Fine Art Print
by
Kerne Erickson

Sobre o autor:
http://www.gregyoungpublishing.com/index.php/cPath/19_26

Sobre Aloha:
http://en.wikipedia.org/wiki/Aloha


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

PARMÊNIDES de ELÉIA



Parmênides de Eléia



Fragmentos


“– A deusa acolheu-me afável, tomou-me a direita em sua mão e dirigiu-me a palavra nestes termos: Oh! Jovem, a ti, acompanhado por aurigas imortais, a ti, conduzido por estes cavalos à nossa morada, eu saúdo.

Não foi um mau destino que te colocou sobre este caminho (longe das sendas mortais), mas a justiça e o direito.

Pois deves saber tudo, tanto o coração inabalável da verdade bem redonda, como as opiniões dos mortais, em que não há certeza.

Contudo, também isto aprenderás:
como a diversidade das aparências deve revelar uma presença que merece ser recebida, penetrando tudo totalmente”.



“– E agora vou falar; e tu, escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dos únicos caminhos de investigação concebíveis.
O primeiro (diz) que (o ser) é e que o não-ser não é; este é o caminho da convicção, pois conduz à verdade.
O segundo, que não é, é, e que não-ser é necessário; esta via, digo-te, é imperscrutável; pois não podes conhecer aquilo que não é – isto é impossível – nem expressa-lo em palavra”.


“– Pois pensar e ser é o mesmo”.






SANSON, Victorino Félix. Textos de Filosofia. Edição provisória para uso interno. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 1974.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parm%C3%AAnides_de_El%C3%A9ia

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

KIERKEGAARD (2)



Sören Kierkegaard
Em
O Desespero Humano







“O dogma do cristianismo é o dogma do homem-deus, o parentesco entre Deus e o homem, mas reservando a possibilidade do escândalo, como a garantia da qual Deus se presume contra a familiaridade humana.

Na possibilidade do escândalo está a força dialética de todo o cristianismo”.




“São duas naturezas – Deus e o homem – separadas por uma infinita diferença de natureza.

Toda a doutrina que o não quer ter em conta, é para o homem uma loucura e para Deus uma blasfêmia.

No paganismo é o homem que reduz Deus ao homem – deuses antropomórficos.

No cristianismo é Deus que se torna homem – homem-deus.

Mas a essa caridade infinita de sua graça, Deus põe contudo uma condição, uma única, que não pode deixar de por.

Consiste precisamente nisso a tristeza de Cristo, ser obrigado a pô-la.

Pode humilhar-se a ponto de tomar o aspecto de um servo, suportar o suplício e a morte, chamar-nos todos a si, sacrificar a sua vida... mas o escândalo, não!”







KIERKEGAARD, Sören. O Desespero Humano. Tradução de Alex Marins. São Paulo: Editora Martin Claret, 2007.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B8ren_Kierkegaard

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

JOÃO DA BAIANA



CABIDE DE MULAMBO
(João da Baiana)
(samba – 1932)







Meu Deus, eu ando com o sapato furado,
Tenho a mania de andar engravatado,
A minha cama é um pedaço de esteira,
E uma lata velha que me serve de cadeira.


Minha camisa foi encontrada na praia,
A gravata foi achada na Ilha da Sapucaia,
Meu terno branco parece casca de alho,
Foi a deixa de cadáver, num acidente no trabalho.


(coro – estribilho)
Meu Deus, eu ando com o sapato furado,
Tenho a mania de andar engravatado,
A minha cama é um pedaço de esteira,
E uma lata velha que me serve de cadeira.


O meu chapéu foi de um pobre surdo e mudo,
As botina, foi de um velho, da "Revorta" de Canudo,
Quando eu saio a passeio, as damas ficam falando,
"Trabalhei tanto na vida, pro malandro tá gozando !"

(coro – estribilho)

A refeição é que é interessante,
Na tendinha do Tinoco, no pedir eu sou constante,
O Português, meu amigo sem orgulho,
Me sacode um caldo grosso, carregado no entulho.

(coro – estribilho)





Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_da_Baiana

Ver também:
http://www.dicionariocravoalbin.com.br/verbete.asp?nome=Jo%E3o+da+Bahiana&tabela=T_FORM_A

terça-feira, 5 de agosto de 2008

WILLIAM JAMES



William James
Em
Pragmatimo







“A história da filosofia é, em grande parte, a de uma certa colisão de temperamentos humanos.

Indigno que possa parecer a alguns de meus colegas um tal tratamento, terei de levar em conta esses choques e explicar por seu intermédio grande parte das divergências filosóficas.

Qualquer que seja o temperamento de um filósofo profissional, trata, quando filosofando, de encobrir o fato de seu temperamento.

O temperamento não é razão convencionalmente admitida, com o que lança mão das razões impessoais somente para as conclusões.

Seu temperamento, contudo, confere-lhe uma distorção mais forte do que qualquer de suas premissas mais estritamente objetivas.

Sobrecarrega-lhe a evidência desse modo ou de outro, estabelecendo uma visão mais sentimental ou mais realística do universo, justo como esse fato ou aquele princípio o fariam.

Confia em seu temperamento.

Necessitando de um universo que se lhe adapte, acredita em qualquer representação de universo que se lhe adapta.

Sente que os homens de temperamento oposto estão fora de sintonia com o caráter do mundo, e em seu íntimo considera-os
incompetentes e “por fora” do negócio filosófico, embora mesmo possam excedê-lo a perder de vista em matéria de habilidade dialética”.






JAMES, William. Pragmatismo. Tradução de Jorge Caetano da Silva. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/William_James

LUCAS CRANACH the ELDER


National Gallery of Art. Washington DC


The Nymph of the Spring
c. 1537 – óleo sobre painel – 48,4 x 72,8 cm.
Autor: Lucas Cranach the Elder

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Lucas_Cranach_the_Elder


segunda-feira, 4 de agosto de 2008

MARTIN HEIDEGGER



Martin Heidegger
Em
Que é isso – A Filosofia?






“Com os belos sentimentos faz-se a má literatura”
Esta afirmação de André Gide não vale só para a literatura: vale ainda mais para a filosofia.
Diz-se que os sentimentos são algo de irracional.
A filosofia, pelo contrário, não é apenas algo racional, mas a própria guarda da ratio”.


“Seria muito superficial e, sobretudo, uma atitude mental pouco grega se quiséssemos pensar que Platão e Aristóteles apenas constatam que o espanto é a causa do filosofar.

Se esta fosse à opinião deles, então diriam: um belo dia os homens se espantaram, a saber, sobre o ente e sobre o fato de ele ser e de que ele seja.
Impelidos por esse espanto, começaram eles a filosofar.
Tão logo a filosofia se pôs em marcha, tornou-se o espanto supérfluo como impulso, desaparecendo por isso.
Pôde desaparecer já que fora apenas um estímulo.

Entretanto: o espanto é arkhé – ele perpassa qualquer passo da filosofia.
O espanto é páthos.
Traduzimos habitualmente páthos por paixão, turbilhão afetivo.
Mas pháthos remonta a páskhein, sofrer, agüentar, suportar, tolerar, deixar-se levar por”.


“Apenas hoje começamos lentamente, através de múltiplas interpretações do logos, a descerrar para nossos olhos o véu sobre sua originária essência grega”.





HEIDEGGER, Martin. Que é isso – A Filosofia? Tradução e notas: Emildo Stein. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000037.pdf


Créditos da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia)
Homepage do grupo:
http://br.egroups.com/group/acropolis/

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Heidegger

sábado, 2 de agosto de 2008

TEILHARD DE CHARDIN (2)



Pensamentos de Teilhard de Chardin:





“Cada um de nós quer queira quer não, liga-se, por todas as suas fibras materiais, orgânicas e psíquicas, a tudo que o circunda”.



“O Reino de Deus está dentro de nós mesmos. Quando o Cristo aparecer sobre as nuvens, ele não fará senão manifestar uma transformação lentamente realizada, sob sua influência, no coração da massa humana”.



“Para a Verdade, basta aparecer uma só vez, num só espírito, para que nada possa, nunca mais, impedi-la de invadir tudo e tudo incendiar”.



“A única religião daqui por diante possível para o Homem é aquela que lhe ensinará, primeiro, a reconhecer, amar e servir apaixonadamente o Universo do qual ele faz parte”.






CHARDIN, Teilhard de. Teilhard de Chardin: vida e pensamentos. Organizador: José Luís Archanjo. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997.


Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teilhard_de_Chardin

RABISCOS NO BLOCO

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

ALPHONSUS DE GUIMARAENS (2)



ISMÁLIA
(Alphonsus de Guimaraens)






Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...






Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alphonsus_de_Guimaraens