sexta-feira, 31 de agosto de 2007

TORQUATO NETO

Let’s play that
(Torquato Neto)


Quando eu nasci
Um anjo louco muito louco
Veio ler a minha mão
Não era um anjo barroco
Era um anjo muito louco, torto
Com asas de avião
Eis que esse anjo me disse
Apertando a minha mão
Com um sorriso entre os dentes
Vai bicho desafinar
O coro dos contentes
Vai bicho desafinar
O coro dos contentes
Let’s play that



Torquato Neto. Torquatália: obra reunida de Torquato Neto. Organização de Paulo Roberto Pires. v. 1. Do lado de dentro. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Torquato_Neto

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

LUÍS DE CAMÕES (2)

Soneto
(Luís de Camões)



Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?




CAMÕES, Luís de. Versos e Alguma Prosa de Luís de Camões. Prefácio e seleção de textos por Eugênio de Andrade. Lisboa: Moraes Editores, 1977.

ODILON REDON



CACTUS MAN
1881 – carvão – 49 x 32,5 cm
Autoria de: ODILON REDON
The Woodner Family Collection
MoMA- New York


Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Odilon_Redon

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

ERASMO DE ROTERDAM (2)

Erasmo de Roterdam
Em Elogio da Loucura



“Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agradável. Mas, que é que torna os meninos tão amados? Que é que nos leva a beijá-los, abraçá-los e amá-los com tanta afeição? Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo se enternece e os socorre.”


“Qual é a causa disso? É a natureza, que, procedendo com sabedoria, deu às crianças um certo ar de loucura, pelo qual elas obtêm a redução dos castigos dos seus educadores e se tornam merecedoras do afeto de quem as tem ao seu cuidado.”


“Ama-se a primeira juventude que se sucede à infância, sente-se prazer em ser-lhe útil, iniciá-la, socorrê-la. Mas, de quem recebe a meninice os seus atrativos? De quem, se não de mim, que lhe concedo a graça de ser amalucada e, por conseguinte, de gozar e de brincar?”




Erasmo de Roterdam. Elogio da Loucura.Tradução de Paulo M. de Oliveira. São Paulo: Atena Editora, 1955.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Erasmo_de_Roterd%C3%A3o

terça-feira, 28 de agosto de 2007

BARÃO DE ITARARÉ (2)

Algumas máximas de Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé.



“Cachorro velho não late à toa.”

“Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer.”

"Mulher, cachaça e bolacha, em toda parte se acha."

“Primos e pombos é que sujam a casa.”

“Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mais vivos ainda.”




Itararé, Barão de. Máximas e Mínimas do Barão de Itararé. Seleção e organização Afonso Félix de Souza. Apresentação de Jorge Amado. 2q. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_Itarar%C3%A9

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

LA ROCHEFOUCAUD (4)

LA ROCHEFOUCAULD


Máxima 49

“Nunca se é tão feliz nem tão infeliz quanto se imagina.”

Máxima 75

“O amor, como o fogo, não pode subsistir em movimento contínuo e cessa de existir desde que deixa de almejar ou de temer.”

Máxima 78

“O amor à justiça não passa, na maioria dos homens, do temor de sofrer injustiças.”

Máxima 83

“O que os homens chamam amizade não passa duma sociedade, uma deferência recíproca de interesses e uma troca de bons ofícios; é, enfim, apenas um comércio onde o amor-próprio sempre se propõe a ganhar alguma coisa.”




François de La Rochefoucauld foi um nobre que escreveu apenas dois livros. Um de memórias e outro de máximas. Filho do duque de Poitou, suas máximas foram publicadas pela primeira vez em 1664, anônimas. Retrabalhadas, reapareceriam em 1678. La Rochefoucauld faleceu em 1688.

LA ROCHEFOUCAUD, François VI de. Reflexões e Máximas Morais. Tradução de Alcântara Silveira. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969.

RABISCOS NO BLOCO


domingo, 26 de agosto de 2007

CASSIRER

Ernst Cassirer
Em Linguagem e Mito



“Em lugar de medir o conteúdo, o sentido e a verdade das formas intelectuais por algo alheio, que deva refletir-se nelas mediatamente, cumpre descobrir, nestas próprias formas, a medida e o critério de sua verdade e significação intrínseca.

Em lugar de tomá-las, como meras reproduções, devemos reconhecer, em cada uma, uma regra espontânea de geração, um modo e tendência originais de expressão, que é algo mais que a mera estampa de algo de antemão dado em rígidas configurações do ser.

Deste ponto de vista, o mito, a arte, a linguagem e a ciência aparecem como símbolos: não no sentido de que designam na forma de imagem, na alegoria indicadora e explicadora, um real existente, mas sim, no sentido de que cada uma delas gera e parteja seu próprio mundo significativo.”




CASSIRER, E. Linguagem e Mito. Tradução: J. Guinsburg e Miriam Schnaiderman. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Cassirer

OSCAR NIEMEYER


sexta-feira, 24 de agosto de 2007

LAO TSE (5)

OS PARADOXOS DA VERDADE
(Lao Tse)


Quem demanda a perfeição
Parece às vezes imperfeito.
Embora o seu oculto poder
Atue sem cessar.
Quem possue verdadeira plenitude
Parece sempre esgotar-se,
Mas permanece inesgotável.
O que é direito,
Não raro, parece torto.
Grande habilidade
Parece inabilidade.
Genuína arte
Parece mediocridade.
Movimento supera o frio.
Quietação vence o calor.
O que é puro e reto
Sempre orienta o mundo.




Lao-Tse viveu na China no 6o século a.C. , e a ele se atribui a autoria dos 81 “capítulos breves” que compõem o Tao Te King, uma espécie de síntese da sabedoria milenar chinesa.

LAO-TSE. Tao Te King. Tradução de Humberto Rohde. São Paulo: Fundação Alvorada, s/data. 2a ed.

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 23 de agosto de 2007

STANISLAW PONTE PRETA

Stanislaw Ponte Preta
Em Mulher Para o Cotidiano:



“Quem pede conselho sobre mulher está – positivamente – pedindo um conselho inútil.

Isso não foi descoberta nossa, embora tivéssemos chegado à mesma conclusão na segunda namorada (sempre fomos muito precoce).

A esta conclusão, em não sendo a pessoa completamente desligada da tomada, é fácil de se chegar, como é fácil descobrir com o tempo que existem mulheres que amam sem o menor sentimento de fidelidade, mulheres que são fiéis sem amar e, para complicar julgamentos, nenhuma mulher é igual com dois homens diferentes, nem nenhum homem ama igual duas mulheres”.




PONTE PRETA, Stanislaw. Tia Zulmira e Eu. Prefácio de Sérgio Porto. São Paulo: Círculo do Livro, 1976.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Porto

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

GOETHE

Goethe
Em Werther



“Podes tu afirmar: “Isso existe!”, quando tudo passa, rola e desaparece como um clarão; quando raramente a existência de um ser se prolonga até o esgotamento total das suas forças; quando, ai de mim, absorvido pela corrente, esse mesmo ser vai quebrar-se contra os rochedos?”


“Não há um momento que não devore a ti e aos teus; não há um só instante em que tu não destruas, não sejas forçado a destruir. O teu passeio mais inocente custa a vida a centenas de pobres vermezinhos”.


“Ah! As grandes e raras calamidades deste mundo, as inundações que arrasam as nossas aldeias, os tremores de terra que engolem as nossas cidades, nada disso me comove; o que me dilacera o coração é esta força destruidora oculta em toda a natureza, esta força que nada cria senão para destruir-se e destruir o que a cerca ao mesmo tempo”.


“Assim prossigo eu, vacilante e o coração opresso, entre o céu e a terra com as suas forças sempre ativas, e nada mais vejo senão um monstro que devora eternamente todas as coisas, fazendo-as depois reaparecer, para de novo devorá-las”.



GOETHE, Johann W. von. Werther. Tradução de Galeão Coutinho.São Paulo: Abril Cultural, 1971.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Wolfgang_von_Goethe

terça-feira, 21 de agosto de 2007

MÁRIO QUINTANA (4)


CADEIRA DE BALANÇO
(Mario Quintana)


Quando elas se acordam
do sono, se espantam
das gotas de orvalho
na orla das saias,
dos fios de relva
nos negros sapatos,
quando elas se acordam
na sala de sempre,
na velha cadeira
que a morte as embala...

E olhando o relógio
de junto à janela
onde a única hora,
que era a da sesta,
parou como gota que ia cair,
perpassa no rosto
de cada avozinha

um susto do mundo
que está deste lado...

Que sonho sonhei
que sinto inda um gosto
de beijo apressado?
- diz uma e se espanta:
Que idade terei?
Diz outra:
- Eu corria
menina em um parque...
e como saberia
o tempo que era?

Os pensamentos delas
já não têm sentido.

A morte as embala,
as avozinhas dormem
na deserta sala
onde o relógio marca
a nenhuma hora

enquanto suas almas
vêm sonhar no tempo
o sonho vão do mundo...
e depois se acordam
na sala de sempre

na velha cadeira
em que a morte as embala...



QUINTANA, Mario Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.

RABISCOS NO BLOCO


segunda-feira, 20 de agosto de 2007

GREGÓRIO DE MATOS

QUEIXA-SE O POETA…
(Gregório de Matos)


Carregado de mim no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer e vou-me ao fundo.


O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.


Não é fácil viver entre insanos,
Erra, quem presumir, que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.


O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo o mar de enganos
Ser louco cos demais, que ser sisudo.



BARBOSA, Frederico (Seleção e Organização) Coletânea Clássicos da Poesia Brasileira. São Paulo: O Globo/Klick Editora, 1997

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio_de_Matos

domingo, 19 de agosto de 2007

MANUEL BANDEIRA (6)

NAMORADOS
(Manuel Bandeira)


O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
- Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

- Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagartixa listada?

A moça se lembrava: - A gente fica olhando…

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

- Antônia, você parece uma lagartixa listada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.

O rapaz concluiu:
- Antônia, você é engraçada! Você parece louca.




BANDEIRA, Manuel Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.

MARCEL DUCHAMP


NU DESCENDO UMA ESCADA (No.2)
1912 – Óleo sobre tela – 147,5 x 89 cm
Autoria: MARCEL DUCHAMP
Philadelphia Museum of Art.

Sobre o autor:

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

SUN TZU (2)

A Arte da Guerra
(Sun Tzu)

OS NOVE TIPOS DE TERRENO


28 – Se alguém perguntasse: “Como enfrento um inimigo bem ordenado, pronto a atacar-me?”, responderia: “Apanha algo que muito representa para ele, e aos teus desejos se submeterá”.

29 – A velocidade é a essência da guerra. Aproveita-te da falta de preparo do inimigo. Viaja por estradas onde não sejas esperado e ataca-o onde não está precavido.

31- Saqueia as terras férteis para que as provisões não te faltem.

42 – É obrigação do general manter-se sereno e inescrutável, imparcial e com autodomínio.

43 – Deve manter os oficiais e homens no desconhecimento dos seus planos.

45 – Mude os métodos e altere os planos para que ninguém saiba o que está fazendo.

56 – O ponto mais alto das operações militares consiste em simular-se aceitação dos desígnios do adversário.

61 – A princípio sê tímido como uma donzela. Quando o inimigo te der uma abertura, sê veloz como a lebre, e ele não te resistirá.



TZU, Sun A Arte da Guerra. Tradução de Pietro Nasseti. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sun_Tzu

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

STENDHAL

STENDHAL
Em DO AMOR


”Todo este prefácio é feito para anunciar que este livro tem a infelicidade de só poder ser compreendido por pessoas que têm lazeres para fazer loucuras.
Muitas pessoas se julgarão ofendidas e espero que não passem adiante.”


”O homem não é livre de deixar de fazer o que lhe proporcione mais prazer que todas as outras ações possíveis.
O amor é como a febre, nasce e se extingue sem que a vontade tenha nisso a menor parte.”


”Uma alma cheia de imaginação é terna e desconfiada, ainda que seja a mais ingênua das almas.”


”Faço todos os esforços possíveis para ser seco.
Quero impor silêncio ao meu coração, que acredita ter muita coisa a dizer.
Receio sempre ter escrito apenas um suspiro, quando julgo ter anotado uma verdade.”



STENDHAL Do Amor (Trechos Escolhidos). Seleção, Tradução e Prefácio de Wilson Lousada. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stendhal

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 15 de agosto de 2007

EPICTETO (4)

EPICTETO


MÁXIMA 2

“Guarda-te de exaltar os teus feitos no comércio comum com os homens, pois se sentes grande prazer em narrá-los, nenhum sentem eles em ouvi-los.”


MÁXIMA 21

“Em todas as coisas deve fazer-se o que de nós próprios depende. Quanto ao resto, mantenhamo-nos firmes e tranqüilos.

Sou obrigado a embarcar. Que devo fazer? Escolher cuidadosamente o barco, o piloto, os marinheiros, a estação, o dia e a hora, ou seja, o que de mim depende.

Já em alto mar, sobrevém terrível tempestade; não é assunto meu.
O barco afunda. Que fazer?
Tudo quanto de mim depende: não grito, nem me atormento.

Sei que tudo que nasceu deve morrer; é a lei geral. É preciso que eu morra. Não sou a eternidade, sou um homem, uma parte do todo, assim como a hora é uma parte do dia. A hora chega e passa; eu também chego e passo. O modo de passar é indiferente, quer seja pela febre, quer pela água; tudo é o mesmo.”



MÁXIMA 260

“Sabia muito bem Apolo que Laio não obedeceria ao seu oráculo, mas nem por isso deixou de lhe predizer as desditas que o ameaçavam; a bondade dos deuses não deixam de advertir os homens.
Essa fonte de verdade jorra constantemente, mas os homens são sempre rebeldes, desobedientes e incrédulos.”



EPICTETO. Máximas. Tradução de Alberto Denis. São Paulo: Ed. e Pub. Brasil Editora, 1960.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epiteto

terça-feira, 14 de agosto de 2007

HONORÉ DE BALZAC (2)

Honoré de Balzac
Em
Fisiologia do Casamento
(abertura)


“A mulher que, atraída pelo título deste livro, tiver a tentação de o abrir, pode dispensar-se disso, porque já, inconscientemente, o leu.

Por mais malicioso que possa ser um homem, nunca dirá tanto de bem nem tanto de mal das mulheres, como elas pensam de si mesmas.

Se, apesar deste aviso, qualquer senhora persistir em ler esta obra, deverá a delicadeza impor-lhe a lei de não maldizer o autor, desde o momento em que ele, privando-se das aprovações que lisonjeiam os artistas, deixou de algum modo gravada sobre o frontispício do seu livro a prudente inscrição lida à porta de alguns estabelecimentos:

“É vedada a entrada às senhoras.”




BALZAC, H. Physiologia do Casamento. Tradução de Hardinio Lopes. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia Editores, 1936.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Honor%C3%A9_de_Balzac

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

FERNANDO PESSOA (5)

Odes Escolhidas – Ricardo Reis

[23 – 11 – 1918]

Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a lava spuma
No moreno das praias.
Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o spaço
Do ar entre as nuvens scassas.
Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta um pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.
Só uma vaga pena inconseqüente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir do nada.



PESSOA, Fernando Poemas Escolhidos. Seleção e organização: Frederico Barbosa. São Paulo: O Estado de S. Paulo/ Klick Editora, 1997.

BASQUIAT


Cantasso
1982 – Acrílico sobre tela – 101,6 x 101,6 cm
Thomas Ammann Fine Art AG

Autoria: Jean-Michel Basquiat

domingo, 12 de agosto de 2007

SCHOPENHAUER

SCHOPENHAUER



“Na moral a boa vontade é tudo; mas na arte não é nada.”


“Deixar transparecer cólera ou ódio nas palavras ou no rosto é inútil, perigoso, imprudente, ridículo, comum. Não se deve revelar a cólera ou o ódio senão por ações. Os animais de sangue frio são os únicos que têm veneno.”


“O mundo não é o mundo, é o inferno, e os homens dividem-se em almas atormentadas e em diabos atormentadores.”


"É preciso tratar uma obra de arte, como se trata um alto personagem; ficar de pé diante dela e esperar pacientemente que ela se digne a nos dirigir a palavra.”


“O médico vê o homem em toda a sua fraqueza; o jurista em toda a sua malvadeza; o teólogo, em toda a sua imbecilidade.”




SCHOPENHAUER, Arthur. Amor, Mulheres e Casamento. Tradução de Fernandes Costa. São Paulo: Distribuidora de Publicações, s/data.


Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer

RABISCOS NO BLOCO


sexta-feira, 10 de agosto de 2007

MENOTTI DEL PICCHIA

SENHORA POR QUEM SOIS…
(Menotti Del Picchia)



Senhora, por quem sois, não sejais minha,
que o bem que aspiro é um mal para nós dois.
Sede insensível como terna sois
à paixão que vos tenta e me espezinha.

Não cedais. Resisti. Morra sozinha
esta chama. Soframos hoje, pois,
mais vale ora penar que ver, depois,
que o bem que se sonhou só mal continha.

A ansiedade de agora é vã tristura
Comparada a essa angústia que não cansa
Do amor que se encaminha para o tédio...

Antes este amargor sem amargura,
este doido esperar sem esperança,
que arrepender-se sem ter mais remédio.




LOUSADA, Wilson (Org.) Cancioneiro do Amor. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

OSCAR WILDE (6)

OSCAR WILDE
Em A ALMA DO HOMEM SOB O SOCIALISMO



”Perguntamos a nós mesmos por vezes que forma de governo é mais vantajosa para o artista. E eis aqui a única resposta a esta pergunta: A forma de governo mais vantajosa para o artista é a ausência total de governo. É absurdo que se exerça autoridade, seja qual for, sobre o artista e sobre sua arte.”


“Há três classes de déspotas. O déspota que tiraniza o corpo. O déspota que tiraniza a alma. O déspota que tiraniza, ao mesmo tempo, os corpos e as almas. Ao primeiro se dá o nome de Príncipe. Ao segundo, o de Papa. Ao terceiro, o de Povo.”


“Mas o passado não tem importância alguma, nem tampouco o presente. O que importa é o futuro. A única coisa que devemos enfrentar é o futuro. Pois o passado é o que o homem nunca deveria ter sido. E o presente é o que o homem nunca deveria ser. O futuro é o que são os artistas.”



WILDE, Oscar A Alma do Homem sob o Socialismo. In.__________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 8 de agosto de 2007

SALOMÃO

O LIVRO DA SABEDORIA
Capítulo VII
(primeiros 15 versículos)



1. Também eu por certo sou um homem mortal, semelhante a todos, e da descendência daquele terreno que primeiro foi feito, e no ventre de minha mãe fui figurado carne;

2. Dentro do espaço de dez meses fui coalhado em sangue, do sêmem do homem, e concorrendo o deleite do sono.

3. E eu tendo nascido respirei o ar comum e caí na terra feito do mesmo modo, e dei a primeira voz semelhante a todos, chorando.

4. Envolto em faixas fui criado, e isto com grandes cuidados.

5. Porque nenhum dos reis teve outro princípio de nascimento.

6. Logo é para todos uma mesma a entrada na vida, e semelhante à saída dela.

7. Por amor disto desejei eu a inteligência, e ela me foi dada; e invoquei o Senhor, e veio a mim o espírito da sabedoria.

8. E a preferi aos reinos e aos tronos, e julguei que as riquezas nada valiam em sua comparação;

9. Nem pus em paralelo com ela as pedras preciosas; porque todo o ouro em sua comparação é um pouco de areia, e a praia será reputada como lodo à sua vista.

10. Eu a amei mais do que a saúde e do que a formosura, e me resolvi a tê-la por luz; porque a sua claridade é inextinguível.

11. E todos os bens me vieram juntamente com ela, e inumeráveis riquezas por suas mãos;

12. E me regozijei em todas as coisas; porque ia diante de mim esta sabedoria, e eu ignorava que ela é mãe de todos estes bens.

13. Eu a aprendi sem fingimento, e a reparti com os outros sem inveja, e não escondo as riquezas que ela encerra.

14. Porque ela é um tesouro infinito para os homens; do qual os que usaram têm sido feitos participantes da amizade de Deus, recomendáveis pelos dons da doutrina.

15. Mas Deus me fez a graça de que eu falasse segundo o que sinto, e de que presumisse coisas dignas destas que me são dadas; porquanto ele é o guia da sabedoria e o emendador dos sábios;




SALOMÃO (atribuído). O Livro da Sabedoria. Tradução de Pe. Antonio Pereira de Figueiredo. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

OLAVO BILAC

SONETO
(Olavo Bilac)


"- Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: - “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: - “Amai para entendê-las”
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas.



LOUSADA, Wilson (Org.) Cancioneiro do Amor. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.

Sobre o autor consultar:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

ALAN WATTS (4)

Alan Watts
Em Psicoterapia Oriental & Ocidental:



“..é grande desvantagem para qualquer terapeuta ter uma sardinha para assar: isso lhe dá um interesse pessoal em ganhar o contrajogo com o paciente.
Vimos, em referência ao mestre zen, que ele pode jogar o jogo com eficácia justamente porque ganhar ou perder não faz diferença para ele.
Na falta dessa qualificação essencial, a psicoterapia mete infelizes pacientes em prisões duplas durante anos e anos para nada, apenas para sua satisfação própria.”



Alan Watts foi um dos grandes divulgadores do pensamento zen-budista nos Estados Unidos e na Inglaterra. Recebeu o grau de mestre do Seabury-Western Theological Seminary, em Illinois, e um doutorado honorário em divindade da University of Vermont. Nasceu na Inglaterra, em 1915 e morreu em 1973 nos Estados Unidos.

WATTS, Alan W. Psicoterapia Oriental & Ocidental. Tradução de José Veiga. Rio de Janeiro: Editora Record, s/data (original 1961).

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alan_Watts



FRANCIS BACON


Self-Portrait
1971
Autoria: Francis Bacon

Óleo sobre tela, 35.5 x 30.5 cm
Musee National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris
Para conhecer mais de sua obra, procurem:

domingo, 5 de agosto de 2007

RABISCOS NO BLOCO


VICO (2)

Do estabelecimento de novos princípios
(Giambattista Vico)



53
“Os homens primeiramente sentem sem se aperceberem, a seguir apercebem-se com o espírito perturbado e comovido, e, finalmente, refletem com mente pura.”


63
“A mente humana inclina-se, naturalmente, mediante os sentidos, a fazer-se visível no corpo, e, com muita dificuldade, por meio da reflexão, a entender-se a si própria.
Esta dignidade fornece-nos o universal princípio da etimologia em todas as línguas, nas quais os vocábulos são transpostos dos corpos e das propriedades dos corpos para a significação das coisas da mente e do espírito.”


67
“Os homens primeiramente sentem o necessário.
Depois cuidam do útil.
A seguir, do conveniente.
Mais adiante, deleitam-se no prazer, dissolvendo-se no luxo.
E, por fim, endoidecem ao dissiparem as coisas substanciais.”



VICO, Giambattista Princípios De (Uma) Ciência Nova. Seleção, tradução e notas: Antonio Lázaro de Almeida Prado. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

Sobre VICO, procurar:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Giambattista_Vico

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

BRINCANDO É QUE SE BRINCA


Fui indicado pelo sempre gentil Lord Broken para o prêmio blog 5 estrelas. A idéia do prêmio e a sua significação são da Elza .

Elza diz:

“O dia 31 de Agosto foi escolhido para ser o dia do blog, este foi criado na convicção de que os bloggers deverão ter um dia dedicado ao conhecimento de novos blogs, de outros países ou áreas de interesse. Então para dar uma esquentada neste dia eu resolvi criar um prêmio que consiste em escolher os cinco blogs, 5 estrelas da blogoesfera, e no dia 31 de agosto de 2007 será a divugação dos blogs escolhidos seguindo as regras abaixo. Regras do prêmio blog 5 estrelas:
*
1. Podem participar na votação todos os bloggers que mantenham blogs ativos há mais de um mês [os outros esperem por outra ideia brilhante que alguém irá ter].
*
2. Cada blogger deverá referenciar cinco nomes de blogs. A cada menção corresponde um 1 voto.
*
3. Cada blogger só poderá votar uma vez, e deverá publicar as suas menções no seu blog [da forma que melhor desejar], enviando-as posteriormente para o seguinte e-mail: elzinhalinda@gmail.com. No e-mail, além da sua escolha, deverão indicar o link para o post onde postaram as nomeações. A data limite para a publicação e envio das votações é dia: 27/08/2007.
*
4. De forma a reduzir alguns constrangimentos [e desplantes], e evitar algumas cortesias desnecessárias, também são considerados votos nulos:- Os votos dos blogger(s) em si próprio(s) ou no(s) blogue(s) em que participa(m);- Os votos no blog Nada pra mim.
*
5. Cada blog que for indicado ou indicar, deve conter de onde veio a origem do concurso, ou seja deverão manter um link para este blog afim de que outras pessoas possam conhecer a idealizadora da idéia. No dia 31.8.2007 serão anunciados os vencedores.



E os blogs indicados são...:

http://digital-pixels.blogspot.com/ (Lina Reis)
IMPROFÍCUO (Anna Flávia)
LORD BROKEN POTTERY
SUB ROSA v. 2 (Meg)
VARAL DE IDÉIAS (Eduardo Lunardelli)

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

NIETZSCHE (7)

O ANTICRISTO
(F. NIETZSCHE)

Prólogo
(trechos)


“Este livro destina-se aos homens mais raros.
Talvez nem possa encontrar um único sequer que ainda esteja vivo.
Estariam eles entre os que compreenderam a meu Zaratustra.
Como poderia eu misturar-me com aqueles a quem hoje se presta ouvidos?
Só o futuro me pertence.
Há homens que nascem póstumos.”


“Para suportar a minha seriedade e a minha paixão é preciso ser íntegro nas coisas de espírito até às últimas conseqüências; estar acostumado a viver nas montanhas, a ver abaixo de si o mesquinho charlatanismo atual da política e do egoísmo dos povos; e, finalmente, ter-se tornado indiferente e jamais perguntar se a verdade é útil, se chegará a ser uma fatalidade...”


“Ouvidos novos para uma música nova.
Olhos novos para o mais distante.
Uma consciência nova para verdades que até hoje permaneceram mudas.”

“Muito bem, só esses são os meus leitores, os meus verdadeiros leitores, os meus leitores predestinados: que importa o resto?
O resto é somente a humanidade.
É necessário ser superior à humanidade em força, em grandeza de alma – e em desprezo...”



NIETZSCHE, Friedrich O Anticristo. Tradução de Pietro Nasseti. São Paulo: Editora Martin Claret, 2006.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

PABLO NERUDA (2)

Soneto XLIV
(Pablo Neruda)


SABERÁS que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.



NERUDA, Pablo. Cem Sonetos de Amor. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1987.