domingo, 30 de dezembro de 2007

CRISTO REDENTOR (Feliz 2008)



Cristo Redentor – Rio de Janeiro - Brasil


Caros leitores:


Este ano de 2007 me trouxe algumas grandes alegrias, uma delas foi o nosso blog Reflexões.
Preciso agradecer a todos os que me ajudam nesse projeto:

- Ao excelente trabalho das equipes do Blogger e do Google;

- Ao pessoal do Sitemeter, por me mostrar, a qualquer tempo, a existência dos leitores discretos (sempre sem comentários); os leitores diários; os que dedicaram longos minutos de seu tempo; enfim, me proporcionando alguns dos grandes prazeres de quem quer comunicar;

- E, muito especialmente, a vocês pela companhia, pela forma carinhosa e paciente que receberam este projeto em seus mundos virtuais, e pelos comentários e sugestões.

Espero continuar por aqui...

Feliz Ano Novo e Divirtam-se!

sábado, 29 de dezembro de 2007

ANACREONTE (2)



EBRIEDADE FELIZ
(Anacreonte)




Enquanto bebo o alegre vinho
Os meus desgostos adormecem
Para que penas e suspiros?
Por que cuidados, que aborrecem?
Hei de morrer, queira ou não queira.
- Por que na vida desgastar-me?
Bebamos, antes, da videira
O dom, que vem de Baco ofertar-me.
Assim, as mágoas, de mansinho
Vão-se findando e desvanecem...
Pois, de beber o alegre vinho,
Os meus cuidados adormecem...




ANACREONTE. Odes de Anacreonte. Tradução de Almeida Cousin. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anacreonte

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

BARÃO DE ITARARÉ (4)



Algumas máximas de Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé.



“O homem que se vende recebe sempre mais do que vale”.

“Sabendo levá-la, a vida é bem melhor do que a morte”.

“As crianças atingem aos sete anos a idade da razão. Depois disso, começam a praticar toda espécie de loucura, até o juízo final”.

“É mais fácil sustentar dez filhos do que um vício”.

“Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você”.

“Se levares para casa um cachorro morto de fome e lhe deres comida e conforto, ele não te morderá. Esta é a principal diferença entre o cachorro e o homem”.



Itararé, Barão de. Máximas e Mínimas do Barão de Itararé. Seleção e organização Afonso Félix de Souza. Apresentação de Jorge Amado. 2q. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_Itarar%C3%A9

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

CONDILLAC



CONDILLAC
Em
Resumo Selecionado do Tratado das Sensações





“Não há sensações indiferentes senão por comparação; cada uma é em si mesma agradável ou desagradável: sentir-se e não sentir-se bem ou mal são expressões completamente contraditórias”.

“Por conseguinte, é o prazer ou o sofrimento que, ocupando nossa capacidade de sentir, produz esta atenção de onde se formam a memória e o juízo”.

“Portanto, não saberíamos estar mal, ou menos bem do que havíamos estado, se não comparássemos o estado em que estamos com aqueles pelos quais passamos.
Mais fazemos esta comparação, mais experimentamos esta inquietude que nos faz julgar que é importante para nós mudar de situação: sentimos necessidade de alguma coisa melhor.
Logo a memória nos lembra o objeto que acreditamos poder contribuir para a nossa felicidade, e nesse instante a ação de todas as nossas faculdades se determina em direção a esse objeto.
Ora, esta ação das faculdades é o que chamamos desejo “.

“Com efeito, o que fazemos de fato quando desejamos?
Julgamos que o gozo de um bem nos é necessário.
Logo nossa reflexão se ocupa unicamente dele.
Se está presente, fixamos os olhos nele, estendemos os braços para o agarrar.
Se está ausente, a imaginação o descreve, e pinta vivamente o prazer de o desfrutar.
O desejo não é, pois, senão a ação das próprias faculdades, que se atribui ao entendimento e que, estando determinada em direção a um objeto pela inquietude que causa sua privação, determina também a ação das faculdades do corpo.
Ora, do desejo nascem às paixões, o amor, o ódio, a esperança, o medo, a vontade.
Portanto, tudo isso ainda não é senão a sensação transformada”.






CONDILLAC, Étienne Bonnot De. “Resumo Selecionado do Tratado das Sensações”. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. In.CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973.(Os pensadores)

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Étienne_Bonnot_de_Condillac

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

PAPAI NOEL


FELIZ NATAL!

Dias 24, 25 e 26 de dezembro: pausa para esperar Papai Noel e brincar com os brinquedos novos.
Divertam-se!

sábado, 22 de dezembro de 2007

BACHELARD



Bachelard
Em
A Poética do Espaço





“A imagem, em sua simplicidade, não precisa de um saber. Ela é a dádiva de uma consciência ingênua. Em sua expressão, é uma linguagem jovem. O poeta, na novidade de suas imagens, é sempre origem de linguagem.
Para especificarmos bem o que possa ser uma fenomenologia da imagem, para frisarmos que a imagem existe antes do pensamento, seria necessário dizer que a poesia é, antes de ser uma fenomenologia do espírito, uma fenomenologia da alma.
Deveríamos então acumular documentos sobre a consciência sonhadora”.


“Para um estudo fenomenológico dos valores da intimidade do espaço interior, a casa é, evidentemente, um ser privilegiado, sob a condição, bem entendido, de tomarmos, ao mesmo tempo, a sua unidade e a sua complexidade, tentando integrar todos os seus valores particulares num valor fundamental.
A casa nos fornecerá simultaneamente imagens dispersas e um corpo de imagens. Num e noutro caso, provaremos que a imaginação aumenta os valores da realidade”.



“Pois a casa é nosso canto do mundo. Ela é, como se diz freqüentemente, nosso primeiro universo. É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda a acepção do termo.
Até a mais modesta habitação, vista intimamente, é bela.
Os escritores de “aposentos simples” evocam com freqüência esse elemento da poética do espaço. Mas essa evocação é sucinta demais. Tendo pouco a descrever no aposento modesto, tais escritores quase não se detêm nele. Caracterizam o aposento simples em sua atualidade, sem viver na verdade a sua primitividade, uma primitividade que pertence a todos, ricos e pobres, se aceitarem sonhar”.


“Assim, abordando as imagens da casa com o cuidado de não romper a solidariedade da memória e da imaginação, esperamos fazer sentir toda a elasticidade psicológica de uma imagem que nos comove a graus de profundidade insuspeitos.
Pelos poemas, talvez mais do que pelas lembranças, tocamos o fundo poético do espaço da casa”.


“Nessas condições, se nos perguntassem qual o benefício mais precioso da casa, diríamos: a casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa nos permite sonhar em paz.
Somente os pensamentos e as experiências sancionam os valores humanos”.


“As grandes imagens têm ao mesmo tempo uma história e uma pré-história. São sempre lembrança e lenda ao mesmo tempo. Nunca se vive a imagem em primeira infância. Qualquer grande imagem tem um fundo onírico insondável e é sobre esse fundo onírico que o passado pessoal põe cores particulares”.






BACHELARD, Gaston. Bachelard: O Novo Espírito Científico/ A Poética do Espaço. Tradução: Remberto Francisco Kuhnen, Antônio Costa Leal e Lídia do Valle Santos Leal. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os pensadores).

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaston_Bachelard

PIERRE BONNARD


Fondation Triton

Auto-portrait
1930 – guache e crayon sobre papel – 65 cm x 50 cm
Autor: Pierre Bonnard

Sobre o autor:

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

ALVARENGA PEIXOTO



ESTELA E NISE
(Alvarenga Peixoto)





Eu vi a linda Estela, e namorado
Fiz logo eterno voto de querê-la;
Mas vi depois a Nise, e a achei tão bela,
Que merece igualmente o meu cuidado.

A qual escolherei, se neste estado
Não posso distinguir Nise de Estela?
Se Nise vir aqui, morro por ela;
Se Estela agora vir, fico abrasado.

Mas, ah! Que aquela me despreza amante,
Pois sabe que estou preso em outros braços.
E esta não me quer por inconstante.

Vem, Cupido, soltar-me destes laços;
Ou faz de dois semblantes um semblante,
Ou divide o meu peito em dois pedaços!




Lousada, Wilson. (Org.) Cancioneiro Do Amor: os mais belos versos da poesia brasileira – Árcades; Românticos e Parnasianos. 2a. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alvarenga_Peixoto

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

VOLTAIRE (4)



Voltaire
Em
Discurso Sobre a História de Carlos XII





“O prurido de transmitir à posteridade detalhes inúteis e de deter o olhar dos séculos futuros sobre acontecimentos vulgares, vem de uma fraqueza muito comum aos que viveram em alguma corte e tiveram a infelicidade de haver tomado parte nos negócios públicos.
Passam, então, a encarar a corte onde viveram como a mais bela de todas; o rei que viram, como o maior de todos os monarcas; os negócios em que se envolveram, como os mais importantes do mundo.
E imaginam que a posteridade verá tudo isso com os mesmos olhos”.


“Que um príncipe mova uma guerra; que a sua corte seja perturbada por intrigas; que ele compre a amizade de um dos vizinhos e venda a sua a outro; que ele faça, enfim, a paz com os inimigos, depois de algumas vitórias e algumas derrotas, seus súditos, entusiasmados pela trepidação desses acontecimentos presentes, julgam estar vivendo a época mais singular desde a criação do mundo.
E que acontece?
O príncipe morre; tomam, depois dele, medidas inteiramente diversas; esquecem as intrigas da corte, os seus ministros, os seus generais, suas guerras e o próprio monarca”.




VOLTAIRE. Seleções. Tradução de J. Brito Broca. Rio de Janeiro/ São Paulo/ Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

WIELAND



Pequena Louvação
(Wieland)





O jardinzinho bem fechado
Todo mês de rosas ornado
Onde o jardineiro se enfia
E cuida e rega noite e dia,
Louvado seja!

O bom mineiro tão robusto
Que em negro buraco, sem susto,
Penetra e fura sem cansaço,
Até acabar-se, ficar lasso,
Louvado seja!




PAES, José P. Poesia Erótica: em tradução. Seleção, tradução, introdução e notas por José Paulo Paes.São Paulo: Cia. Das Letras, 1990.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Christoph_Martin_Wieland

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

CHATEAUBRIAND



CHATEAUBRIAND
Em
Da natureza do mistério





“As coisas misteriosas são o que há de mais belo, grandioso, e doce na existência.
Os mais maravilhosos sentimentos são os que nos agitam com certa confusão: pudor, amor casto, amizade virtuosa, rescendem misterioso perfume.
Direis que os corações amantes com meias palavras se compreendem e se franqueiam.
A inocência, santa ignorância, não é per si o mais inefável dos mistérios?
Exulta a infância porque tudo ignora, amisera-se a velhice porque tudo sabe: felizmente para ela, principiam os mistérios da morte onde fenecem os da vida.
Dá-se nos afetos o que se dá nas virtudes: as mais angélicas são as que, derivadas imediatamente de Deus, à maneira da caridade, folgam de esconder-se à vista, como a origem delas”.


“Se perscrutarmos nossa alma, segredos se nos mostram as delícias do pensamento”.


“No universo é tudo oculto e desconhecido. O homem que é senão mistério? Donde vem o resplendor que denominamos vida, e em que trevas se apaga?”


“Atenta à propensão do homem para os mistérios, não admira que as religiões de todos os povos tenham segredos impenetráveis”.






CHATEAUBRIAND, François-René de. O Gênio do Cristianismo. v.1. Tradução de Camilo Castelo Branco. Prefácio de Tristão de Ataíde. Rio de Janeiro/São Paulo/ Rio/ Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois-Ren%C3%A9_de_Chateaubriand

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

ERASMO DE ROTERDAM (3)

Erasmo de Roterdam
Em Elogio da Loucura





“Mas, para vos mostrar que tudo quanto entre os homens existe de célebre, estupendo, glorioso, é tudo obra minha, quero começar pela guerra.
Não se pode negar que essa grande arte seja a fonte e o fruto das mais estrepitosas ações.
No entanto, que coisa se poderia imaginar de mais estúpido que a guerra?
Dois exércitos se batem (sabe Deus por que motivo) e da sua animosidade obtêm muito mais prejuízo do que vantagem”.



“Além disso, dizei-me: que serviço poderiam prestar os sábios, quando os exércitos se estendem em ordem de combate e reboam no espaço o rouco som das cornetas e o rufar dos tambores, ao passo que eles, definhados pelo estudo e pela meditação, arrastam com dificuldade uma vida que se tornou enferma pelo pouco sangue, frio e sutil, que lhes circula nas veias?”



“São necessários homens troncudos e grosseiros, robustos e audazes, mas de muito pouco talento, sim, são necessárias justamente semelhantes máquinas para o mister das armas”.





Erasmo de Roterdam Elogio da Loucura.Tradução de Paulo M. de Oliveira. São Paulo: Atena Editora, 1955.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Erasmo_de_Roterd%C3%A3o

GEORG BASELITZ

Museum Moderner Kunst, Vienna.


Os Grandes Amigos (Die Großen Freunde)
1965 – oleo sobre tela – 250 cm x 300 cm
Autor: Georg Baselitz

Sobre o autor:

http://en.wikipedia.org/wiki/Georg_Baselitz

domingo, 16 de dezembro de 2007

JOAQUIM NABUCO



Joaquim Nabuco
Em
Minha Formação





“Olhei a vida nas diversas épocas através de vidros diferentes: primeiro, no ardor da mocidade, o prazer, a embriaguez de viver, a curiosidade do mundo; depois, a ambição, a popularidade, a emoção da cena, o esforço e a recompensa da luta para fazer homens livres (todos esses eram vidros de aumento)...; mais tarde, como contrastes, a nostalgia do nosso passado e a sedução crescente de nossa natureza, o retraimento do mundo e a doçura do lar, os túmulos dos amigos e os berços dos filhos (todos esses são ainda prismas); mas em despedida ao Criador, espero ainda olhá-lo através das vidros de Epícteto, do puro cristal sem refração: a admiração e o reconhecimento...”







NABUCO, Joaquim. Minha Formação. Prefácio de Carolina Nabuco. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Nabuco

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

OTÁVIO DE SOUZA



ROSA
(Otávio de Souza)




Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor

Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu

Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas o amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza

Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar

Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer





(Letra de Otávio de Souza para uma valsa de Pixinguinha)

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

CÍCERO (4)



Cícero
Em
Orações




“Nem se deve dissimular o que não é possível esconder, e devemos manifestar. Todos nós apetecemos glória; nem há sujeito de bem que se não deixe levar deste afecto. Aqueles mesmos filósofos que compuseram livros do desprezo da glória lhe subscreveram o seu nome, mostrando desejo de serem louvados e nomeados naquilo mesmo que desprezavam a fama e a celebridade”.


”De diverso modo se paga o benefício que o dinheiro; porque quem retém o dinheiro, não o paga; quem o paga, não o retém; mas o agradecimento, quem o paga, retêm-no; e quem o retém, o paga”.


“Duas são as artes que podem levantar os homens ao supremo grau de merecimento, a do general e a do bom orador; este conserva os adornos da paz, aquele aparta os perigos da guerra”.





CÍCERO. Orações. Tradução do Padre Antonio Joaquim. Prefácio de Altino Arantes. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cícero

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

JUAN LUÍS VIVES



Juan Luís Vives
Em
Introdução À Sabedoria





“Há, em nossa alma, duas partes.
Uma superior e outra inferior; a superior chama-se mente, à qual (porque nos entendemos) podemos chamar entendimento, com tal que saibamos que esta parte contém, também em si, a vontade, e, em tudo quanto entende ou resolve, ou sabe, se serve e se vale da razão, do juízo e do engenho; por esta parte, somos homens semelhantes a Deus, e somos mais excelentes que todos os outros animais.

A segunda parte, que dizemos inferior, está mais apegada ao corpo, do que se segue ser bruta, fera, rija, mais semelhante à besta que ao homem; há nela aqueles movimentos que poderiam chamar-se afectos, perturbações ou paixões, como sejam arrogância, inveja, malquerença, ira, medo, tristeza, cobiça de todos os bens que ela imagina, gozos vãos e loucos, e outras mil enfermidades.
Essa parte inferior tem também o nome de alma, ainda que, por ela, não nos diferenciemos das bestas.
E, por ela, nos apartamos infinitamente de Deus, que é livre e isento de toda paixão, turbação ou enfado.
É esta a ordem da natureza: que a sabedoria governe e reja todo o universo, e que tudo quanto vemos criado obedeça ao homem; e que, no homem, o corpo sirva ao ânimo, que assim chamamos agora à parte que dissemos ser inferior, e que esta ande sujeita ao entendimento, e este, a Deus; e quem deixar de seguir esta ordem peca”.





VIVES, Juan Luís. Introdução À Sabedoria. In. PÉREZ, David J. (Org.). Moralistas Espanhóis. Tradução de Acácio França. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.


Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Lu%C3%ADs_Vives

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

CHUANG TZU (7)



ARROMBANDO O COFRE (trechos)
(Chuang Tzu)





”Como segurança contra os ladrões que roubam bolsas, leiloam bagagens e arrombam cofres,
Devemos prender todos os objetos com cordas, fechá-los com cadeados, trancá-los.
Isto (para os proprietários) é elementar bom-senso.
Mas quando um ladrão forte se aproxima,
Apanha tudo,
Põe nas costas e segue seu caminho
Com um só medo:
De que as cordas, cadeados e trancas possam ceder.
Assim, o que o mundo chama
De bom negócio é apenas um meio
De pegar o saque, embrulhá-lo, torná-lo bem forte
Em uma carga adequada para ladrões mais espertos.
Quem, entre os espertos,
Não passa seu tempo empilhando seu saque
Para um ladrão maior que ele próprio? “



“A invenção
De pesos e medidas
Facilita o roubo.
Assinar contratos, colocar selos,
Assegura o roubo.
O ensino do amor e do dever,
Linguagem adequada
Que prova que o roubo
É realmente para o bem comum.
Um homem pobre deve fugir
Ao roubar uma fivela de cinto.
Mas se um rico rouba todo um estado
É aclamado
O estadista do ano”.





CHUANG TZU, considerado o maior escritor taoista de cuja existência se tem notícia, escreveu sua obra no final do período clássico da filosofia chinesa, de 550 a 250 aC.

MERTON, Thomas. A Via de Chuang Tzu. Petrópolis: Editora Vozes, 1974.

TAMARA DE LEMPICKA


"The Musician"
(1929) – óleo sobre tela – 161x96cm
Autora: Tamara de Lempicka


Sobre a autora:

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

MARC BLOCH



Marc Bloch
Em
Introdução à história





“Uma palavra, em suma, domina e ilumina os nossos estudos: “compreender”.
Não afirmemos que o bom historiador é alheio às paixões; tem aquela, pelo menos.
Palavra essa, não tenhamos ilusões, cheia de dificuldades, mas também de esperança.
Palavra cheia, sobretudo, de amizade.
Até na ação julgamos de mais.
É tão cômodo gritar “à forca”!
Nunca compreendemos bastante.
Quem difere de nós – estrangeiro, adversário político – passa, quase necessariamente, por mau.
Mesmo para orientar as lutas inevitáveis, seria necessário um pouco mais de inteligência das almas; com mais forte razão se as queremos evitar, quando ainda é tempo.
A história, se renunciar ela mesma aos seus falsos ares de arcanjo, deve ajudar a curar-nos desta mania.
Ela é uma vasta experiência da diversidade humana, um longo encontro dos homens.
A vida, como a ciência, tem tudo a ganhar se o encontro for fraternal”.




BLOCH, Marc. Introdução à história. Trad. Maria Manuel Miguel e Rui Grácio. 2a. ed. Lisboa: Europa-América, 1974.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marc_Bloch

sábado, 8 de dezembro de 2007

LA ROCHEFOUCAULD (6)



La Rochefoucauld




Máxima 308

“Fez-se da moderação uma virtude não só para frear a ambição dos grandes homens como para consolar os medíocres de sua pouca sorte”.


Máxima 316

“Os fracos não podem ser sinceros”.


Máxima 341

“As paixões da juventude não são mais contrárias à salvação que a frieza dos velhos”.


Máxima 350

“O que nos desperta mais amargura contra os que nos armam ciladas é que eles se julgam mais sagazes que nós”.


Máxima 356

“Geralmente só louvamos sinceramente os que nos admiram”.


Máxima 384

“Somente deveríamos nos espantar de poder nos espantar ainda”.





François de La Rochefoucauld foi um nobre que escreveu apenas dois livros. Um de memórias e outro de máximas. Filho do duque de Poitou, suas máximas foram publicadas pela primeira vez em 1664, anônimas. Retrabalhadas reapareceriam em 1678. La Rochefoucauld faleceu em 1688.


LA ROCHEFOUCAUD, François VI de. Reflexões e Máximas Morais. Tradução de Alcântara Silveira. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969.

RABISCOS NO BLOCO


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

MACHADO DE ASSIS



Machado de Assis
Em
O Espelho





“Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro.
Espantem-se à vontade; podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir.
A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; - e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavarina, um tambor etc.
Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja.
Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira.
Shylock, por exemplo. A alma exterior daquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. “Nunca mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração”.
Vejam bem esta frase; a perda dos ducados, alma exterior, era a morte para ele.
Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma...

- Não?

- Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell.
São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável.
Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos.
Pela minha parte, conheço uma senhora, — na verdade, gentilíssima, — que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um concerto, um baile do Cassino, a Rua do Ouvidor, Petrópolis...”





ASSIS, Machado de. Contos Escolhidos. Seleção e apresentação de Roberto Alves. São Paulo: Jornal O Globo/Klick Editora, 1997.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

LUÍS DE CAMÕES (3)



Redondilha 106 – Voltas a mote.
(Luís de Camões)





Descalça vai pêra fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O texto nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa, e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o trançado,
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à formosura.
Vai fermosa, e não segura.




CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Organização, introdução, comentários e anotações do Prof. Antônio Salgado Júnior. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora, 1963.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CLAUSEWITZ



Clausewitz
Em
Da Natureza da Guerra




“Os humanistas acreditam que exista um método eficaz para desarmar e vencer um inimigo sem causar derramamento de sangue, sendo essa a precípua vocação da guerra.
Por mais razoável que esse conceito possa parecer, é enganoso, e deve ser extirpado, pois, em assuntos tão perigosos quanto a guerra, os erros nascidos de um “coração benévolo” costumam ser os mais fatais.
Como o emprego – até o máximo limite – da força física não exclui a assistência da inteligência, aquele que apela, amplamente, para o uso da força, sem se afligir com o conseqüente derramamento de sangue, levará vantagem sobre seu adversário, caso este se empenhe na luta com menor vigor.
O primeiro lutador, então, dita as regras sobre o segundo, e ambos continuam a luta até o limite de suas forças tendo como únicas restrições, aquelas impostas pelo grau de agressividade do adversário.


É assim que essa questão deve ser encarada – sob pena de prejudicar os interesses de ambas as partes – , e não há motivo algum para nos esquivarmos da análise sobre a realidade dos fatos da guerra, apenas porque o horror de suas conseqüências nos causa repulsa”.





CLAUSEWITZ, Carl von. Da Guerra: a arte da estratégia. Tradução de Pilar Satierra. São Paulo: Tahyu, 2005.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_von_Clausewitz

KANDINSKY

Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris, France

YELLOW, RED, BLUE
1925 – oleo sobre tela – 127 x 200 cm
Autor: WASSILY KANDINSKY

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wassily_Kandinsky

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

VINICIUS DE MORAES (4)



Vinicius de Moraes
Em
A Mulher e o Signo



Escorpião


Mulher de Escorpião
Comigo não!
É a Abelha Mestra
É a Viúva Negra
Só vai de vedete
Nunca de extra.
Cria o chamado conflito
de personalidades.
É mãe tirana
Mulher tirana
Irmã tirana
Neta tirana
tirana tirana.
Agora, de cama diz
que é boa paca.






MORAES, Vinicius de. A Mulher e o Signo. Desenhos de Otávio F. de Araújo. Rio de Janeiro: Rocco, 1980.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT (2)



A ausente
(Augusto Frederico Schmidt)





Os que se vão, vão depressa.
Ontem, ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia adeus, ainda, da janela.
Ontem vestia, ainda, o vestido tão leve cor-de-rosa.

Os que se vão, vão depressa.
Seus olhos grandes e pretos há pouco brilhavam,
Sua voz doce e firme faz pouco ainda falava,
Suas mãos morenas tinham gestos de bênçãos.

No entanto hoje, na festa, ela não estava.
Nem um vestígio dela, sequer.
Decerto sua lembrança nem chegou, como os convidados
Alguns, quase todos, indiferentes e desconhecidos.

Os que se vão, vão depressa.
Mais depressa que os pássaros que passam no céu.
Mais depressa que o próprio tempo,
Mais depressa que a bondade dos homens,
Mais depressa que os trens correndo nas noites escuras,
Mais depressa que a estrela fugitiva
Que mal faz um traço no céu.

Os que se vão, vão depressa.
Só no coração do poeta, que é diferente, dos outros corações,
Só no coração sempre ferido do poeta
É que não vão depressa os que se vão.

Ontem ainda sorria na espreguiçadeira,
E o seu coração era grande e infeliz.
Hoje, na festa, ela não estava, nem a sua lembrança.
Vão depressa, tão depressa os que se vão...





SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia Poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Val. Introdução de Bernardo Gersen. Rio de Janeiro: Leitura, 1962.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

RABISCOS NO BLOCO


domingo, 2 de dezembro de 2007

BARÃO DE ITARARÉ (3)



Algumas máximas de
Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé:




“Comer até adoecer, beber até sarar”.

“Para conservar os vinhos e licores finos, o melhor processo é mantê-los escondidos e guardados a sete chaves, em lugar onde nem a nossa querida avó desconfie”.

“O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato”.

“Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem”.

“As mulheres de certa idade não têm idade certa”.

“Para as mulheres os velhos são de duas categorias: os insuportáveis e os ricos”.




ITARARÉ, Barão de. Máximas e Mínimas do Barão de Itararé. Seleção e organização Afonso Félix de Souza. Apresentação de Jorge Amado. 2q. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_Itarar%C3%A9