segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ROSEANA MURRAY (2)



Amor à primeira vista
(Roseana Murray)



Amor à primeira vista
é alma trocando de corpo
feito pássaro de ninho
é sede repentina
sede da água do outro







MURRAY, Roseana. A Bailarina e Outros Poemas. São Paulo: FTD, 2003. Disponível em: http://www.visionvox.com.br/biblioteca/a.htm

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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

RIO MARAVILHA


Pausa até dia 28, vamos refletir (ao sol) sobre aquilo tudo...

LUIZ GONZAGA / HUMBERTO TEIXEIRA (2)



Juazeiro
(Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira)




Juazeiro, Juazeiro
Me arresponda por favor
Juazeiro, velho amigo
Onde anda meu amor

Ai, Juazeiro
Ela nunca mais voltou
Diz, Juazeiro
Onde anda o meu amor

Juazeiro, não te alembras
Quando o nosso amor nasceu
Toda tarde à tua sombra
Conversava ela e eu

Ai, Juazeiro
Como dói a minha dor
Dis, Juazeiro
Onde anda o meu amor
Juazeiro, seja franco
Ela tem um novo amor?
Se não tem porque tu choras
Solidário à minha dor?

Ai, Juazeiro
Naõ me deixa assim roer
Ai, Juazeiro
Tô cansado de sofrer

Juazeiro, meu destino
Tá ligado junto ao teu
No teu tronco tem dois
nomes
Ela mesmo é que
escreveu

Ai, Juazeiro
Eu não aguento mais
roer
Ai, Juazeiro
Eu prefiro inté morrer






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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

SIDNEY MINTZ (2)



Sidney Mintz
Em
Produção tropical e consumo de massa: um comentário histórico.






“Minha intenção neste trabalho é ligar a história das plantações tropicais, criadas para produzir bens para os mercados consumidores europeus, com a gradual, mas rápida, emergência de massas de novos consumidores nos centros europeus”.




“A plantação era uma solução para problemas de produção em larga escala e um fator importante na mudança cultural, em razão daquilo que tornava acessível a novos consumidores que viviam e trabalhavam longe da área de produção em plantação”.




“Na Grã-Bretanha, um produto tal como o açúcar, que havia sido uma raridade custosa no século XIII e um luxo caro no século XVII, tornou-se uma coisa banal, de consumo diário no século XVIII.

Junto com o chá e o fumo, o açúcar foi a primeira substância prometida, em troca de sua produtividade crescente, aos pobres que trabalhavam de modo que se poderia afirmar que a sociedade tinha cumprido sua promessa.

A classe trabalhadora britânica tomaria chá “como um rei”, comeria açúcar “como um rei” e fumaria tabaco “como um rei”, se esses fossem os luxos e elementos de conforto que ela aceitasse”.




“A inclinação para ver a produção e o consumo como esferas separadas, quando examinamos as relações entre metrópoles e colônias, pode ter levado a manter na sombra alguns traços da evolução da economia mundial.

É preciso observar como os produtos são utilizados, como são definidos culturalmente, bem como atentar para unidades constituídas de produtores e consumidores que esses produtos podem personificar ou simbolizar”.







MINTZ, Sidney W. O Poder amargo do açúcar. Organização e tradução Christine Rufino Dabat. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003.

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

WILLIAM SHAKESPEARE



William Shakespeare
Em
Tragédia do rei Ricardo II.





REI RICARDO – Não te alies à dor, bela consorte, para apressar meu fim.
Daqui por diante, bela alma, aprende a ver em nosso estado primitivo somente um feliz sonho.
Ora, despertos, vemos a verdade do que somos de fato.
Boa amiga, uma jura me fez irmão da feia necessidade: ela e eu somos aliados até a morte.
Vai logo para a França e entra para uma casa religiosa.
Nossa vida, mal gasta foi o proêmio do que no céu vai ser o nosso prêmio.

RAINHA – Que vejo!
O meu Ricardo está mudado na alma e no corpo, assim, e enfraquecido?
Privou-te Bolingbroke do intelecto?
No imo peito te entrou?
Ainda nas vascas da morte, o leão possante estende as garras e, em falta de outra coisa, fere a terra, na raiva de se ver, alfim, domado.
E tu, agora, como um colegial aceitas o castigo, a vara beijas, humildemente o ultraje acaricias, tu, que és um leão e o rei das bestas feras?

REI RICARDO – É certo: rei das feras.
Se não fosse ter sido eu rei das feras, ainda estava como um feliz rei dos homens.
Não demores, minha boa rainha de outros tempos, vai para a França logo; como morto me considera, e que esta despedida foi o adeus que eu te disse do meu leito de morte.
No correr das longas noites do inverno senta-te à lareira, ao lado de boa gente idosa e ouve as histórias que te contarem, de épocas terríveis, há muito acontecidas.
Como paga, antes de lhes dizeres boa-noite, conta-lhes minha história lamentável e em lágrimas os faze ir para o leito.
Até mesmo os tições sem sentimento hão de simpatizar com os dolorosos acentos de tua língua comovida e de piedade extinguirão o fogo, chorando – alguns em cinza, outros com vestes cor de carvão – a sorte de um monarca legítimo que o trono a perder veio”.







SHAKESPEARE, W. Tragédia do rei Ricardo II. Tradução de Carlos A. Nunes. Disponível em: http://www.visionvox.com.br/biblioteca/w/Willian-Shakespeare---A-Tragédia-do-Rei-Ricardo-II.pdf

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RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Abril 2009

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DINO FRANCO / DICRÓ DOS SANTOS



Travessia do Araguaia
(Dino Franco / Dicró dos Santos)




Naquele estradão deserto, uma boiada descia
pras bandas do Araguaia pra fazer a travessia.
o capataz era um velho de muita sabedoria
as ordens eram severas ,e a peonada obedecia.

O ponteiro moço novo, muito desembaraçado
mas era a primeira viagem que fazia nestes lados
não conhecia os tormentos do Araguaia afamado
não sabia que as piranhas era um perigo danado.

Ao chegarem na barranca disse o velho boiadeiro,
derrubamos um boi n'água deu a ordem ao ponteiro
enquanto as piranhas comem, temos que passar ligeiro,
toque logo este boi velho que vale pouco dinheiro.

Era um boi de aspa grande já ruído pelos anos.
o coitado não sabia do seu destino tirano
Sangrado por ferroadas no Araguaia foi entrando,
as piranhas vieram loucas e o boi foram devorando.

Enquanto o pobre boi velho ia sendo devorado,
a boiada foi nadando e saiu do outro lado,
Naquelas verdes pastagens tudo estava sossegado,
disse o velho ao ponteiro, pode ficar descansado

O ponteiro revoltado disse que barbaridade,
sacrificar um boi velho pra que esta crueldade.
Respondeu o boiadeiro aprenda esta verdade,
que Jesus também morreu pra salvar a humanidade





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sábado, 19 de fevereiro de 2011

CLAUSEWITZ (5)



Clausewitz
Em
Capacidade Militar de um Exército




“A capacidade militar de um exército diferencia-se da simples bravura e, ainda mais, do entusiasmo pela guerra.

A primeira, evidentemente, é uma parte imprescindível da sua composição; mas, da mesma forma que a bravura é dom natural em alguns homens, pode aparecer um soldado que faça parte de um exército graças ao hábito e ao costume, então, para ele, deverá haver uma diferente direção da que se tem com os outros.

Ele precisa perder aquele impulso para a atividade sem limite e para o exercício da força, que é a sua característica como indivíduo, e precisa aceitar determinações mais elevadas, como obediência, ordem, regra e método.

O entusiasmo pela profissão vida e maior energia à capacidade militar de um exército, mas não compõe obrigatoriamente uma parte dele”.





“Um exército está impregnado com o verdadeiro espírito militar, quando mantém a sua formação habitual, mesmo castigado pelo fogo mais forte; nunca é perturbado por medos imaginários e, diante de um perigo verdadeiro, disputa o terreno, palmo a palmo, mesmo orgulhoso com a obtenção das suas vitórias, ou sob os depressivos efeitos da derrota, nunca perde o sentido da obediência, o seu respeito e sua confiança nos chefes, mantêm todo o seu poder físico imune, graças ao exercício, às privações e ao cansaço, como os músculos de um atleta; considera sua árdua tarefa como o meio para chegar à vitória e não como uma maldição que ronda a sua bandeira; e quando sempre é lembrado de seus deveres e virtudes por sua crença inabalável numa idéia – a honra da sua arma”.







CLAUSEWITZ, Carl von. Da Guerra: a arte da estratégia. Tradução de Pilar Satierra. São Paulo: Tahyu, 2005.

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

OLAVO BILAC (4)



Olavo Bilac
Em
A Defesa nacional (discursos).





“O momento não quer discursos ôcos e retumbantes, sonoridades entontecedoras, rolando na esterilidade do vácuo.

O que se exige agora é a simplicidade de idéas fortes em palavras claras, que, na sua dura tristeza, tenham, com a revolta, um estímulo para a esperança, para a crença e para o heroísmo.

Não podeis, talvez, perceber com perfeita consciência a gravidade da nossa situação moral.

Viveis numa rica metrópole, entre o sorriso e a gala da vida culta; e não podeis entrever o cháos, a confusão e os perigos que enchem toda a nossa maravilhosa e inconsistente Pátria.

Na juventude, tudo é graça e facilidade, espontaneidade e embevecimento; uma pureza natural, que do intimo se transborda para o exterior em véos illusorios, um fascínio próprio, que se espalha sobre o ambiente e embelleza o espetáculo da vida real...

Mas é força que, antes do tempo devido, alguém cruelmente vos arranque da paz e do arroubo.

Vede que na Europa, hoje, quando a guerra abre diariamente largos claros nas fileiras dos combatentes, os governos chamam às armas as mais novas classes de exércitos, as phalanges dos adolescentes, reservas fulgentes da primavera nacional; aqui, outra desgraça, mais triste, opprime o paiz; e outra morte, peor, escasseia os filhos validos, v- desgraça de caráter e morte moral; e já que os varões, incapazes ou indiofferentes, deixam o Brazil devastado sem guerra e caduco antes da velhice, - venham ao campo ephebos, em que o ardor sagrado contrabalance a experiência, e em que o ímpeto da fé suppra a immaturidade dos annos!”








BILAC, Olavo. A Defesa nacional (discursos). Rio de Janeiro: Liga da Defesa Nacional, 1917. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/00291000#page/5/mode/1up

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POLÔNIA 1939 - Fim da cavalaria?

SIGMUND FREUD (6)



Sigmund Freud
Em
Totem e tabu.





“A palavra “tabu” denota tudo – seja uma pessoa, um lugar, uma coisa ou uma condição transitória – que é o veículo ou fonte desse misterioso atributo.

Também denota as proibições advindas do mesmo atributo.

E, finalmente, possui uma conotação que abrange igualmente “sagrado” e “acima do comum”, bem como “perigoso”, “impuro” e “misterioso’”.




“Poderá ser encarado por alguns europeus como um ato de alta sabedoria por parte desses selvagens terem impedido inteiramente, através de suas regras de “evitação”, qualquer contato entre duas pessoas colocadas em relação tão chegada uma com a outra.

Quase não comporta dúvida o fato de que alguma coisa na relação psicológica da sogra com o genro cria hostilidade entre eles e torna difícil a convivência”.




“Chegamos ao ponto de considerar a relação de uma criança com os pais, dominada como é por desejos incestuosos, como o complexo nuclear das neuroses”.




“Quem quer que aborde o problema do tabu pelo ângulo da psicanálise, isto á, da investigação da porção inconsciente da mente do indivíduo, reconhecerá, após um momento de reflexão, que esses fenômenos estão longe de lhe serem estranhos”.




“A proibição é ruidosamente consciente, enquanto o desejo persistente de tocar é inconsciente e o sujeito nada sabe a respeito dele”.









FREUD, S. Totem e tabu. Tradução de Órizon Carneiro Muniz. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1999.

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

GILKA MACHADO (3)



ANALOGIA
(Gilka Machado)

Sempre que o frio chega o meu prazer sorri,
pois te adoro no Hinverno e adoro o Hinverno em ti...




Amo o Hinverno assim triste, assim sombrio,
lembrando alguém que já não sabe amar;
e sempre, quando o sinto e quando o espio,
julgo-te etherisado, esparso no ar

Afoita, a alma do Hinverno desafio,
para inda te querer e te pensar
por gosal-o e gosar-te, que arrepio!..
que semelhança em ambos singular!.

Loucura pertinaz do meu anhelo:
- emprestar-te, emprestar-lhe uma emoção,
- pelo mal de perder-te querer tel-o...

Amor! Hinverno! Minha aspiração!
quem me dera resfriar-me no teu gelo!
quem me dera aquecer-te em meu Verão!.








MACHADO, Gilka da Costa Mello. Mulher Nua (poesias). Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro dos Santos Editor, 1922. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/03637900#page/4/mode/1up

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STEPHEN HAWKING



Stephen W. Hawking
Em
Breve história do tempo.






“O objetivo final da ciência é fornecer uma única teoria que descreva todo o Universo”.




“A massa do Sol encurva o espaço-tempo de tal modo que, embora a Terra siga uma trajetória retilínea no espaço-tempo quadridimensional, a nós parece-nos mover-se ao longo de uma órbita circular no espaço tridimensional”.




“Evidentemente, a suposição de que o Universo tem o mesmo aspecto em todas as direções não é, na realidade, verdadeira”.




“Por que haverá mais quarks que antiquarks?

Por que não há um número igual de cada?

É certamente uma sorte para nós os números não serem iguais porque, se fossem, quase todos os quarks e antiquarks se teriam aniquilado mutuamente no princípio do Universo, deixando-o cheio de radiação mas com muito pouca matéria”.




“O horizonte de acontecimentos, a fronteira da região do espaço-tempo do qual não é possível escapar, atua como uma membrana num sentido único em redor do buraco negro: os objetos, tais como astronautas desprevenidos, podem cair através do horizonte de acontecimentos para dentro do buraco negro, mas nada pode sair dele através do horizonte de acontecimentos (convém lembrar que o horizonte de acontecimentos é o caminho que a luz segue no espaço-tempo ao tentar escapar do buraco negro, e que nada se propaga mais depressa que a luz)”.







HAWKING, Stephen W. Breve história do tempo. Tradução de Ribeiro da Fonseca. 3ª. Ed. Lisboa: Gradiva – Publicações Ltda, 1994.

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EDWARD POYNTER


Royal Academy of Arts, London

The Fortune Teller
1877 – óleo sobre tela – 64,2 x 76,5 cm.
Autor: Sir Edward Poynter

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PAUL VEYNE



Paul Veyne
Em
O Inventário das diferenças.





“Todo historiador é implicitamente um filósofo, já que decide o que reterá como antropologicamente interessante.

Ele deve decidir se atribuirá importância aos selos postais através da História, ou às classes sociais, às nações, aos sexos e suas relações políticas, materiais e imaginárias (no sentido da imago dos psicanalistas)”.




“Uma cultura está bem morta quando a defendem em vez de inventá-la”.




“A exigência de constantes é simplesmente a exigência de uma teoria que forneça à História seus conceitos e seus instrumentos de explicação.

O marxismo pensa ser esta teoria; pouco importa aqui que sua pretensão não seja muito fundada; seu encanto junto aos historiadores não deixa de ser um feliz sintoma, a indicar que a narração, a compreensão, o impressionismo, o gosto de fazer as coisas parecerem vivas, não basta para satisfazê-los; há também neles uma necessidade de inteligibilidade científica”.




“Se a História impõe-se a tarefa de conceituar, a fim de delimitar a originalidade das coisas, então, meus caros colegas, um duplo desespero se apodera de mim: tudo, ou quase tudo, está ainda por ser feito; a História romana está para ser escrita, e vocês não devem contar comigo para isso”.




“O real está envolto numa zona indefinida de compossíveis não-realizados; a verdade não é o mais elevado dos valores do conhecimento”.








VEYNE, Paul. O Inventário das diferenças. Tradução de Sônia Saizstein. São Paulo: Brasiliense, 1976.

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

GEORG SIMMEL (2)



Georg Simmel
Em
Da psicologia da moda.






“As formas de vida típicas da história de nossa espécie demonstram sempre a eficácia desses princípios antagônicos.

Todos eles expressam na sua esfera e sob uma forma específica, o interesse de unir a permanência e a perseverança da mesma maneira que a mudança e a variação; de fundar um acordo entre o geral e o mesmo com o específico e singular; de proporcionar um compromisso entre a dedicação à totalidade social e a imposição da própria individualidade”.




“Nas configurações sociais dessas contradições temos frequentemente, um dos pólos como portador da tendência psicológica para a “imitação”.

A imitação nos proporciona, de pronto, o estímulo de uma efetiva prova de força, na medida em que não exige nenhum esforço criativo e pessoal relevante, e nos é conferida de forma leve e direta a partir do caráter dado do seu conteúdo.

Ao mesmo tempo, ela nos dá a tranqüilidade de não estarmos sozinhos na ação em questão”.




“Na imitação é o grupo que conduz o indivíduo, na medida em que simplesmente transmite a forma do seu comportamento e liberta o indivíduo da tortura e da responsabilidade da escolha”.




“A moda significa, por um lado, o pertencimento em relação àqueles que estão na mesma situação, e, por outro, o distanciamento do grupo como um todo em relação aos que se situam abaixo socialmente”.




“As modas dos estratos superiores diferenciam-se daquelas dos estratos inferiores, e são prontamente abandonadas quando os últimos passam a se apropriar das mesmas”.







SIMMEL, Georg. “Da psicologia da moda: um estudo sociológico”. In. SOUZA, Jesse e ÖELZE, Berthold. Simmel e a modernidade. Brasília: UnB, 1998. Disponível em: http://www.4shared.com/get/HGPMjljY/Da_Psicologia_da_Moda_-_um_est.html;jsessionid=F59243AD607CAB4CE986CA3197F657ED.dc214



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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

KRISNAMURTI (4)



Krishnamurti
Em
A Arte de Viver.






“Ignorante não é aquele que não tem instrução.

Do mesmo modo o letrado torna-se estúpido ao buscar a compreensão na autoridade e o saber dos livros.

A compreensão sucede unicamente por via do autoconhecimento, o que representa o conhecimento da totalidade do nosso “processo” psicológico.

Desse modo, o verdadeiro sentido da educação consiste na auto-compreensão porquanto todo o indivíduo reúne a totalidade da existência”.




“A liberdade tem início quando nos apercebemos de sua falta”.




“A lembrança não tem lugar na arte de viver.

A arte de viver consiste no relacionamento.

Se neste interferir a lembrança, deixa de ser relacionamento.

A relação existe entre seres humanos, ao invés de ser entre suas recordações.

São, portanto, estas memórias que dividem e criam os desentendimentos, a oposição do tu e eu.

Assim, o pensamento que é memória, não tem lugar no relacionamento.

Nisto reside a arte de viver”.




“A resposta definitiva ao problema humano está em ver as coisas como elas são, de fato, livres do engano do interesse (ou preocupação) pessoal”.









KRISHNAMURTI, Jiddu. Antologia: A Arte de Viver. Sem indicação de tradutor. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/17444954/Krishnamurti-A-Arte-de-Viver

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RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Março 2009

SCHOPENHAUER (10)



Arthur Schopenhauer
Em
O mundo como vontade e representação.




“O conhecimento, via de regra, sempre permanece a serviço da Vontade, tendo de fato surgido para seu serviço.

Ele, por assim dizer, brotou da Vontade como a cabeça do tronco.

Nos animais esse servilismo cognitivo nunca se suprime.

Entre os homens essa supressão entra em cena apenas como exceção (o que logo adiante vamos considerar0.

Semelhante diferença entre o homem e o animal é exteriormente expressa pela diferença da relação entre a cabeça e o tronco.

Entre os animais de espécies abaixo do homem, a cabeça e o tronco ainda são completamente indiferenciados: em todos a cabeça está direcionada para a terra, onde se encontram os objetos da Vontade.

Mesmo entre os animais de espécie mais elevada a cabeça e o tronco ainda são bem mais unificados do que no homem, cujo crânio parece encaixado livre sobre o corpo, sendo apenas carregado por este, sem o servir.

Esse mérito humano é exposto em grau máximo no Apolo de Belvedere.

O crânio do deus das musas, a mirar além no horizonte, encontra-se tão livre sobre os ombros que parece completamente destacado do corpo, não se submetendo aos seus cuidados”.











SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. 1º Tomo. Tradução, apresentação e notas de Jair Barboza. São Paulo: Editora UNESP, 2005. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=tVTHZt0guKIC&printsec=frontcover&dq=O+mundo+como+vontade&cd=1#v=onepage&q&f=false

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PANDIÁ CALÓGERAS



Pandiá Calógeras
Em
Problemas de governo.






“Os fundamentos da atividade política são por demais movediços; a representação das opiniões e a escolha dos expoentes por demais baseadas em ficções de duvidosa lógica; para que se possa realmente esperar em tal ambiente seleção elevada de valores.

Não é de hoje a nota de que as democracias são o triunfo das mediocridades, e quando muito permitem alcançar níveis de mediania.

Mais de dois mil anos de história registrada dão abundante manancial de provas”





“lntelectualidade, conhecimento dos homens e das coisas, espírito coordenador dos fenômenos; capacidade de realizar; coerência; sinceridade religiosa no sentir, pensar e agir; outros tantos predicados, indispensáveis e essenciais embora, que, em nosso firmamento governativo, possuem apenas o brilho das estrelas de grandeza inferior.
Os sóis de tal céu têm origens outras, e quase sempre irradiam luz de outra natureza”.





“É preciso que o Brasil se convença, e a isto estamos presenciando em escala ascendente, de que o governo é o pior, o mais caro e o mais incômodo dos protetores”.





CALÓGERAS, Pandiá. Problemas de governo. 2ª. Ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936. Disponível em: http://www.brasiliana.com.br/obras/problemas-de-governo/pagina/3/texto

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

LUIZ VIEIRA

Prelúdio para ninar gente grande
(Luiz Vieira)


Quando estou nos braços teus
Sinto o mundo bocejar.
Quando estás nos braços meus
Sinto a vida descansar.

No calor do teu carinho
Sou menino-passarinho
Com vontade de voar.
Sou menino-passarinho
Com vontade de voar.




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ALEMANHA - 1939

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PIERRE BOURDIEU (2)



Pierre Bourdieu
Em
O Poder Simbólico.




“... num estado de campo em que se vê o poder por toda a parte, como em outros tempos não se queria reconhecê-lo nas situações em que ele entrava pelos olhos dentro, não é inútil lembrar que – sem nunca fazer dele, numa outra maneira de o dissolver, uma espécie de “círculo cujo centro está em toda a parte e em parte alguma” – é necessário saber descobri-lo onde ele se deixa ver menos, onde ele é mais completamente ignorado, portanto, reconhecido; o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem”.




“As ideologias, por oposição ao mito, produto coletivo e coletivamente apropriado, servem interesses particulares que tendem a apresentar como interesses universais, comuns ao conjunto do grupo”.




“A classe dominante é o lugar de uma luta pela hierarquia dos princípios de hierarquização; as frações dominantes, cujo poder assenta no capital econômico, têm em vista impor a legitimidade da sua dominação quer por meio da própria produção simbólica, quer por intermédio dos ideólogos conservadores os quais só verdadeiramente servem os interesses dos dominantes por acréscimo, ameaçando sempre desviar em seu proveito o poder de definição do mundo social que detêm por delegação; a fração dominada (letrados ou “intelectuais” e “artistas”, segundo a época) tende sempre a colocar o capital específico a que ela deve a sua posição, no topo da hierarquia dos princípios de hierarquização”.




“As ideologias devem a sua estrutura e as funções mais específicas às condições sociais da sua produção e da sua circulação, quer dizer, às funções que elas cumprem, em primeiro lugar, para os especialistas em concorrência pelo monopólio da competência considerada (religiosa, artística e por acréscimo, para os não-especialistas.

Ter presente que as ideologias são sempre duplamente determinadas, - que elas devem as suas características mais específicas não só aos interesses das classes ou das frações de classe, que elas exprimem (função de sociodiceia), mas também aos interesses específicos daqueles que as produzem e à lógica específica do campo de produção (comumente transfigurado em ideologia da “criação” e do “criador”) – é possuir o meio de evitar a redução brutal dos produtos ideológicas aos interesses das classes que eles servem (efeito de “curto-circuito” freqüente crítica “marxista”) sem cair na ilusão idealista a qual consiste em tratar as produções ideológicas como totalidades auto-suficientes e auto-geradas, passíveis de uma análise pura e puramente interna (semiologia)”.




BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1998. Disponível em: http://www.4shared.com/document/DO7io40_/BOURDIEU_Pierre_O_poder_simbli.html

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sábado, 5 de fevereiro de 2011

VIOLANTE DO CÉU (2)



Soneto
(Violante do Céu)



Quien dice que la ausência es homicida
No sabe conocer rigor tan fuerte,
Que si la dura ausencia diera muerte,
No me matara a mi la propria vida.

Mas ay que de tu ojos dividida,
La vida me atormenta de tal suerte,
Que muriendo sentida de no verte,
Sin verte vivo, por morir sentida.

Pero si de la suerte la mudanza
Es fuerte, me assegure la evidencia,
Que tanto me dilata una tardanza:

No quede el sentimiento en contingencia
Que el milagro mayor de la esperanza
Es no rendir la vida a tal ausencia.







PÉCORA, Alcyr (Org.). Poesia seiscentista: Fênix renascida & Postilhão de Apolo. Introdução de João Adolfo Hansen. São Paulo: Hedra, 2002. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=jkP94AZMGKsC&printsec=frontcover&dq=Poesia&lr=&cd=27#v=onepage&q&f=false

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http://en.wikipedia.org/wiki/Violante_do_Ceo

Ver também:
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/violante.htm

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

ANDRÉ MALRAUX (2)



André Malraux
Em
A Condição Humana.






“Abandono e silêncio.

Carregadas de todos os barulhos da maior cidade da China, ondas de surdo ruído se perdiam ali como, no fundo de um poço, os sons vindos das profundezas da terra; todos os da guerra, e os últimos sacões nervosos de uma multidão que não quer dormir.

Mas era lá longe que viviam os homens; aqui nada restava do mundo, senão uma noite à qual Tchen instintivamente se apegava como a uma amizade súbita; este mundo noturno, inquieto, não se opunha ao crime.

Mundo de onde os homens tinham desaparecido, mundo eterno; não voltaria jamais o dia por sobre aquelas telhas partidas, aquelas ruelas ao fundo das quais um lampião iluminava uma parede sem janelas, um poste de fios telegráficos?

Havia um mundo do assassino, em que ele permanecia como no calor.

Nenhuma vida, nenhuma presença, nenhum ruído próximo, nem sequer um pregão de vendedor, nem sequer cães abandonados”.










MALRAUX, André. A Condição Humana. Tradução de Jorge de Sena. Disponível em:
http://temqueler.files.wordpress.com/2009/12/andre-malraux-a-condicao-humana.doc


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http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Malraux

PABLO PICASSO



Coleção particular

Menino com cachimbo
1905 – óleo sobre tela – 100 x 81,3 cm.
Autor: Pablo Picasso


Sobre Pablo Picasso clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

JAMES JOYCE



James Joyce
Em
Retrato do artista quando jovem.






“Voltou-se para Mercedes e, como se pusesse a examiná-la, uma estranha intranquilidade fluía em seu sangue.

Às vezes acometia-o uma febre que o levava a errar sozinho, à noite, ao longo da avenida silenciosa.

A paz dos jardins e as benevolentes luzes nas janelas derramavam terna influência dentro do seu coração sem sossego.

A algazarra das crianças nos folguedos irritavam-no e suas vozes bobas faziam-no sentir ainda mais agudamente do que sentira em Clongowes quando era diferente dos outros.

Não queria brincar.

O que queria era encontrar no mundo real a imagem sem substância que a sua alma tão constantemente baralhava.

Não sabia onde a descobriria, nem como; mas um pressentimento o advertia sempre que essa imagem, sem nenhum ato aparente seu, lhe viria ao encontro.

Haviam de se encontrar sem alvoroço, como se já se conhecessem um ao outro e tivessem marcado uma entrevista talvez num daqueles portões ou noutro lugar mais secreto.

Estariam sós, cercados pela treva e pelo silêncio; e nesse momento de suprema ternura ele seria transfigurado.

Dissolver-se-ia dentro de qualquer coisa impalpável, sob os olhos dela.

E depois então, num momento, se transfiguraria.

Prostração, timidez e inexperiência abandoná-lo-iam nesse mágico momento”.






JOYCE, James. Retrato do artista quando jovem. Tradução de José Geraldo Vieira. Rio de Janeiro: Ediouro, s/data. Disponível em http://temqueler.files.wordpress.com/2009/12/james-joyce-retrato-do-artista-quando-jovem-pdfrev.pdf

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CÂNDIDO DAS NEVES



Noite cheia de estrelas
(Cândido das Neves)



Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor

Só tu dormes não escutas
O teu cantor
Revelando à lua airosa
A história dolorosa desse amor

Lua...
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar os meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos

Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu

Lá no alto a lua esquiva
Está no céu tão pensativa
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar
Todo o astral ficou silente
Para escutar
O teu nome entre as endechas
E as dolorosas queixas
Ao luar

Lua...
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar os meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos

Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu








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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

ERICH FROMM (3)



Erich Fromm
Em
A Arte de Amar.





“É o amor uma arte?
Se o é exige conhecimento e esforço.
Ou será o amor uma sensação agradável, que se experimenta por acaso, algo em que se “cai” quando se tem sorte?”




“Não é que se pense que o amor não é importante.

Todos sentem fome dele; assistem a infindável número de filmes sobre histórias de amor, felizes e infelizes, ouvem centenas de sovadas canções que falam de amor e, contudo, quase ninguém pensa haver alguma coisa a respeito do amor que necessite ser aprendida”.




“O que a maioria dos de nossa cultura considera ser amável é, essencialmente, uma mistura de ser popular e possuir atração sexual”.




“Dificilmente haverá qualquer atividade, qualquer empreendimento que comece com tão tremendas esperanças e expectativas e que, contudo, fracasse com tanta regularidade, quanto o amor”.




“O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem, consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro.

Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio e curto período de vida, do faro de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua impotência ante as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável.

Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior”.




“A mais profunda necessidade do homem é a necessidade de superar a separação, de deixar a prisão em que está só.

A falência absoluta em alcançar esse alvo significa loucura, porque o pânico do isolamento completo só pode ser ultrapassado por um afastamento do mundo exterior de tal modo radical que o sentimento de separação desapareça – porque o mundo exterior, de que se está separada, também desapareceu”.









FROMM, Erich. A Arte de Amar. Tradução de Milton Amado. São Paulo: Martins Fontes, s/data. Disponível em: http://api.ning.com/files/DQdwpc6qS4*5U-t2OVGmp4P9O4fydtzb37hu8Cgzzp1zEft8lFwN3J8US*Jy5h5y6pLGSw2hukwOtEtupivtcb4Yoy9CnSqC/AArtedeAmarErichFromm.pdf

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