quarta-feira, 30 de junho de 2010

ERNST CASSIRER NO REFLEXÕES

Ernst Cassirer
Linguagem e mito – trecho
http://jamesemanuel.blogspot.com/2007/08/cassirer.html

Ernst Cassirer (2)
Antropologia filosófica – trechos
http://jamesemanuel.blogspot.com/2009/02/ernst-cassirer-2.html

Ernst Cassirer (3)
Antropologia filosófica – trechos
http://jamesemanuel.blogspot.com/2009/07/cassirer.html

Ernst Cassirer (4)
A Filosofia das formas simbólicas: segunda parte – O pensamento mítico – trechos
http://jamesemanuel.blogspot.com/2009/08/cassirer-4.html

Ernst Cassirer (5)
Linguagem e mito – trechos
http://jamesemanuel.blogspot.com/2009/09/cassirer-5.html

Ernst Cassirer (6)
Ensaio sobre o homem – trecho
http://jamesemanuel.blogspot.com/2009/10/cassirer-6.html

Ernst Cassirer (7)
A Filosofia das formas simbólicas: segunda parte - trecho
http://jamesemanuel.blogspot.com/2010/03/cassirer-7.html


Divirtam-se.

PABLO NERUDA (10)



Em pleno mês de Junho
(Pablo Neruda)



Em pleno mês de Junho
me aconteceu uma mulher,
melhor uma laranja.
Está confuso o panorama.
Bateram à porta,
era uma lufada,
um látego de luz,
uma tartaruga ultravioleta,
a via com lentidão de telescópio,
como se longe fosse ou habitasse
esta vestidura de estrela,
e por erro do astrônomo
houvesse entrado em minha casa.








NERUDA, Pablo. Últimos Poemas (O Mar e os Sinos). Tradução de Luiz de Miranda. Porto Alegre: L&PM, 1997.

terça-feira, 29 de junho de 2010

CHESTERTON (3)



Gilbert Keith Chesterton
Em
Ortodoxia.





“A Igreja Católica acreditava que o homem e Deus tinham ambos uma espécie de liberdade espiritual.

O calvinismo tirou a liberdade do homem, mas preservou a de Deus.

O materialismo científico amarra o próprio Criador; acorrenta Deus como o Apocalipse acorrentou o Diabo.

Não deixa nada livre no universo.

E os que promovem esse processo são chamados de “teólogos liberais”.




“Os credos que existem para destruírem um ao outro têm escrituras, do mesmo modo que exércitos que existem para destruírem um ao outro têm canhões”.




“Quero amar o próximo não por ele ser eu, mas precisamente por ele não ser eu”.




“O amor falso termina em acomodamento e filosofia comum; mas o amor real sempre terminou em sangue derramado”.




“A vida (segundo a fé) se parece muito com a história de um seriado de revista; ela termina com a promessa (ou a ameaça) “de continuar no número seguinte”.







CHESTERTON, G. K. Ortodoxia. Traduzido por Almiro Pisetta. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2007. Disponível em:
http://temqueler.files.wordpress.com/2009/12/chesterton-ortodoxia.pdf

Sobre G. K. Chesterton clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/G._K._Chesterton

ANCA PEDVIS



SISTERS I
2007 – óleo sobre tela – 61 x 76 cm.
Autora: Anca Pedvis.

Sobre Anca Pedvis clique
http://apedvis.com/mbr_contact.php

segunda-feira, 28 de junho de 2010

THEODOR ADORNO (6)



Theodor Adorno
Em
Indústria Cultural e Sociedade.




“O crítico da cultura não está satisfeito com a cultura, mas deve unicamente a ela esse seu mal-estar.

Ele fala como se fosse o representante de uma natureza imaculada ou de um estágio histórico superior, mas é necessariamente da mesma essência daquilo que pensa ter a seus pés”.




“O crítico da cultura mal consegue evitar a insinuação de que possui a cultura que diz faltar.

Sua vaidade vem em socorro da vaidade da cultura: mesmo no gesto acusatório, o crítico mantém a idéia da cultura firmemente isolada, inquestionada e dogmática”.




“Em nome dos consumidores, os que dispõem sobre a cultura reprimem tudo o que poderia fazer com que ela escapasse à imanência total da sociedade vigente, permitindo apenas o que serve inequivocamente aos seus propósitos.

A cultura dos consumidores pode por isso vangloriar-se de não ser um luxo, mas o simples prolongamento da produção”.











ADORNO, Theodor. Indústria Cultural e Sociedade. Traduzido por Augustin Wernet e Jorge Mattos Brito de Almeida. São Paulo: Paz e Terra, 2002. Disponível em:
http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/tecnicos-e-cientificos/comucacao-industria-cultural-e-sociedade-theodor-adorno/


Sobre ADORNO clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Adorno

sábado, 26 de junho de 2010

LUIZ AYRÃO



Nossa Canção
(Luiz Ayrão)




Olha aqui
Preste atenção
Essa é a nossa canção
Vou cantá-la seja aonde for
Para nunca esquecer do nosso amor
Nosso amor...

Veja bem, foi você
a razão e o porquê
De nascer essa canção assim
pois você é o amor que existe em mim.

Você partiu
E me deixou
Nunca mais você voltou
Pra me tirar da solidão
E até você voltar
Meu bem eu vou cantar
Essa nossa canção.








Sobre Luiz Ayrão clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Ayr%C3%A3o

sexta-feira, 25 de junho de 2010

JEAN BAUDRILLARD (6)



Jean Baudrillard
Em
À sombra das maiorias silenciosas.






“Na representação imaginária, as massas flutuam em algum ponto entre a passividade e a espontaneidade selvagem, mas sempre como uma energia potencial, como um estoque de social e de energia social, hoje referente mudo, amanhã protagonista da história, quando elas tomarão a palavra e deixarão de ser a “maioria silenciosa” – ora, justamente as massas não têm história a escrever, nem passado, nem futuro, elas não têm energias virtuais para liberar, nem desejo a realizar: sua força é atual, toda ela está aqui, e é a do seu silêncio”.




“O vácuo social é atravessado por objetos intersticiais e acumulações cristalinas que rodopiam e se cruzam num claro-escuro cerebral.

Tal é a massa, um conjunto no vácuo de partículas individuais, de resíduos do social e de impulsos indiretos, opaca nebulosa cuja densidade crescente absorve todas as energias e os feixes luminosos circundantes, para finalmente desabar sob seu próprio peso.

Buraco negro em que o social se precipita”.




“Quanto à impossibilidade de nela se fazer circular o sentido, o melhor exemplo é o de Deus.

As massas conservaram dele somente a imagem, nunca a idéia.

Elas jamais foram atingidas pela idéia de Deus, que permaneceu um assunto de padres, nem pelas angústias do pecado e da salvação pessoal.

O que elas conservaram foi o fascínio dos mártires e dos santos, do juízo final, da dança dos mortos, foi o sortilégio, foi o espetáculo e o cerimonial da Igreja, a imanência do ritual – contra a transcendência da idéia”.





BAUDRILLARD, Jean. À sombra das maiorias silenciosas. Tradução: Suely Bastos. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard

A GLÓRIA


Este humilde editor teve sua figura registrada pelo traço genial do artista plástico Eduardo Lunardelli, passando a figurar na galeria Vítima da Quinta.

Estou nas nuvens...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

GUSTAVE LE BON (2)



Gustave Le Bon
Em
As Opiniões e as Crenças.






“A necessidade de crer constitui um elemento psicológico tão irredutível quanto o prazer ou a dor.

A alma humana tem aversão à dúvida e à incerteza.

O homem atravessa, por vezes, fases de ceticismo, mas nelas não se detém longamente, sente a ânsia de ser guiado por um credo religioso, político ou moral que o domine e lhe evite o esforço de pensar.

Os dogmas, que se dissipam, são sempre substituídos.

A razão nada pode contra essas indestrutíveis necessidades”.




“A esperança é uma forma de prazer em expectativa que, na sua atual fase de espera, constitui uma satisfação frequentemente maior do que o contentamento produzido pela sua realização”.




“A história não é mais do que a narração dos esforços empregados pelo homem para edificar um ideal e destruí-lo em seguida, quando, tendo-o atingido, descobre a sua fragilidade”.




“O inconsciente é em grande parte um resíduo ancestral.

A sua força é devida à circunstância de ser o inconsciente a herança de uma longa série de gerações, a que cada uma juntou alguma coisa”.










LE BON, Gustave. As Opiniões e as Crenças. Sem indicação de tradutor. Apresentação: Nélson Jahr Garcia. Disponível em:
http://www.4shared.com/account/file/95213145/6b54ca10/Gustave_Le_bon__As_Opines_e_as_Crenas.html

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RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Dezembro 2008

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ALBERTO PIMENTA



PORCO TRÁGICO I
(Alberto Pimenta)




conheço um poeta
que diz que não sabe se a fome dos outros
é fome de comer
ou se é só fome de sobremesa alheia.

a mim o que me espanta
não é a sua ignorância;
pois estou habituado a que os poetas saibam muito
de si
e pouco ou nada dos outros.

o que me espanta
é a distinção que ele faz
como se a fome da sobremesa alheia
não fosse
forma de comer
também.






Poesia Surrealista Portuguesa. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/14543657/Poesia-Surrealista-Portuguesa

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Pimenta

terça-feira, 22 de junho de 2010

CÍCERO (5)



Cícero
Em
Saber envelhecer.





“Para ser aplaudido o ator não tem necessidade de desempenhar a peça inteira.

Basta que seja bom nas cenas em que aparece.

Do mesmo modo, o sábio não é obrigado a ir até o aplauso final.

Uma existência, mesmo curta, é sempre suficientemente longa para que se possa viver na sabedoria e na honra”.




“A velhice só é honrada na medida em que resiste, afirma seu direito, não deixa ninguém roubar-lhe seu poder e conserva sua ascendência sobre seus familiares até o último suspiro.

Gosto de descobrir o verdor num velho e sinais de velhice num adolescente.

Aquele que compreender isso envelhecerá talvez em seu corpo, jamais em seu espírito”.




“Se o bom senso e a sabedoria não são suficientes para nos manter afastados da devassidão, cumpre agradecer também à velhice por nos livrar dessa deplorável paixão”.









Cícero, Marco Túlio. Saber envelhecer e A amizade. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2002

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http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADcero

segunda-feira, 21 de junho de 2010

EDGAR MORIN (2)

Edgar Morin
Em
Os sete saberes necessários à educação do futuro.





“A verdadeira racionalidade, aberta por natureza, dialoga com o real que lhe resiste.

Opera o ir e vir incessante entre a instância lógica e a instância empírica; é o fruto do debate argumentado das idéias, e não a propriedade de um sistema de idéias.

O racionalismo que ignora os seres, a subjetividade, a afetividade e a vida é irracional.

A racionalidade deve reconhecer a parte de afeto, de amor e de arrependimento.

A verdadeira racionalidade conhece os limites da lógica, do determinismo e do mecanicismo; sabe que a mente humana não poderia ser onisciente, que a realidade comporta mistério.

Negocia com a irracionalidade, o obscuro, o irracionalizável>

É não só crítica, mas autocrítica.

Reconhece-se a verdadeira racionalidade pela capacidade de identificar suas insuficiências”.




“As sociedades domesticam os indivíduos por meio de mitos e idéias, que, por sua vez, domesticam as sociedades e os indivíduos, mas os indivíduos poderiam, reciprocamente, domesticar as idéias, ao mesmo tempo em que poderiam controlar a sociedade”.




“As idéias existem pelo homem e para ele, mas o homem também pelas idéias e para elas”.








MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro.
Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. Revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. 2ª Ed. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000. Disponível em:
http://www.juliotorres.ws/textos/textosdiversos/SeteSaberes-EdgarMorin.pdf


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http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin

RICHARD DAVID JAMES





Aphex Twin – Come to Daddy.

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sábado, 19 de junho de 2010

PIERRE LÉVY (4)



Pierre Lévy
Em
Cibercultura.







“Por trás das técnicas agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder, toda a gama dos jogos dos homens em sociedade.

Portanto, qualquer atribuição de um sentido único à técnica só pode ser dúbia.

A ambivalência ou a multiplicidade das significações e dos projetos que envolvem as técnicas são particularmente evidentes no caso do digital.

O desenvolvimento das cibertecnologias é encorajado por Estados que perseguem a potência, em geral, e a supremacia militar em particular.

É também uma das grandes questões da competição econômica mundial entre as firmas gigantes da eletrônica e do software, entre os grandes conjuntos geo-políticos.

Mas também responde aos propósitos de desenvolvedores e usuários que procuram aumentar a autonomia dos indivíduos e multiplicar suas faculdades cognitivas.

Encarna, por fim, o ideal de cientistas, de artistas, de gerentes ou de ativistas da rede que desejam melhorar a colaboração entre as pessoas, que exploram e dão vida a diferentes formas de inteligência coletiva e distribuída.

Esses projetos heterogêneos diversas vezes entram em conflito uns com os outros, mas com maior freqüência alimentam-se e reforçam-se mutuamente.



A dificuldade de analisar concretamente as implicações sociais e culturais da informática ou da multimídia é multiplicada pela ausência radical de estabilidade neste domínio”.







LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/11036046/Cibercultura-Pierre-Levy


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sexta-feira, 18 de junho de 2010

WALTER BENJAMIN (4)



Walter Benjamin
Em
Rua de mão única.







“O trabalho em uma boa prosa tem três graus: um musical, em que ela é composta, um arquitetônico, em que ela é construída, e, enfim, um têxtil, em que ela é tecida”.




“Ser feliz significa tomar consciência de si mesmo sem susto”.




“O olhar é o fundo do copo do ser humano”.




“Para quem ama, o ser amado aparece sempre como solitário”.




“Os presentes precisam corresponder tão profundamente ao presenteado que ele se assuste”.




“Livros e putas – cada um deles tem sua espécie de homens que vivem deles e os atormentam.
Os livros, os críticos”.








BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. Obras Escolhidas Volume 2. Tradução: Rubens Rodrigues Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. 5ª. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

VINICIUS DE MORAES (12)



Não Comerei da Alface a Verde Pétala...
(Vinícius de Moraes
)




Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.






MORAES, Vinicius de. Soneto de Fidelidade e outros poemas. 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.

MOKÉ



The Pigozzi Collection

Untitled
2001 – acrílica sobre tela – 149 x 195 cm.
Autor: Moké.

Sobre Moké clique

http://www.caacart.com/pigozzi-artist.php?i=Moke-&bio=en&m=39

quarta-feira, 16 de junho de 2010

WITTGENSTEIN (2)



Ludwig Wittgenstein
Em
Conferência sobre ética.






“Agora, vou descrever a experiência de assombro diante da existência do mundo dizendo: é a experiência de ver o mundo como um milagre.

Sinto-me inclinado a dizer que a expressão lingüística correta do milagre da existência do mundo – apesar de não ser uma proposição na linguagem – é a existência da própria linguagem.

Mas, então, o que significa ter consciência deste milagre em certos momentos e não em outros?

Tudo o que disse ao transladar a expressão do milagroso de uma expressão por meio da linguagem à expressão pela existência da linguagem é, mais uma vez, que não podemos expressar o que queremos expressar e que tudo o que dizemos sobre o absolutamente milagroso continua carecendo de sentido.

Para muitos de vocês a resposta parecerá clara: bom, se certas experiências nos levam constantemente a atribuir-lhes uma qualidade que chamamos valor absoluto ou ético e importante, isto somente mostra que ao que nos referimos com tais palavras não é um sem sentido, que depois de tudo, o que significamos o dizer que uma experiência tem valor absoluto é simplesmente um fato como qualquer outro e tudo se reduz a isto e que ainda não encontramos a análise lógica correta daquilo que queremos dizer com nossas expressões éticas e religiosas.

Sempre que me salta isto aos olhos, de repente vejo com clareza, como se se tratasse de um lampejo, não somente que nenhuma descrição que possa imaginar seria apta para descrever o que entendo por valor absoluto, mas que rechaçaria ab initio qualquer descrição significativa que alguém pudesse possivelmente sugerir em razão de sua significação.

Em outras palavras, vejo agora que estas expressões carentes de sentido não careciam de sentido por não ter ainda encontrado as expressões corretas, mas sua falta de sentido constituía sua própria essência.

Isto porque a única coisa que eu pretendia com elas era, precisamente, ir além do mundo, o que é o mesmo que ir além da linguagem significativa.

Toda minha tendência – e creio que a de todos aqueles que tentaram alguma vez escrever ou falar de Ética ou Religião – é correr contra os limites da linguagem.

Esta corrida contra as paredes de nossa jaula é perfeita e absolutamente desesperançada.

A Ética, na medida em que brota do desejo de dizer algo sobre o sentido último da vida, sobre o absolutamente bom, o absolutamente valioso, não pode ser uma ciência.

O que ela diz nada acrescenta, em nenhum sentido, ao nosso conhecimento, mas é o testemunho de uma tendência do espírito humano que eu pessoalmente não posso senão respeitar profundamente e que por nada neste mundo ridicularizaria”.







WITTGENSTEIN, Ludwig. Conferência sobre ética. Tradução de Darlei Dall’Agnol. Disponível em: http://ateus.net/artigos/filosofia/conferencia-sobre-etica/

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terça-feira, 15 de junho de 2010

EDGAR ALLAN POE



Annabel Lee
(Edgar Allan Poe)
(Tradução de Fernando Pessoa)




Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor –
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nos invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
D linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me restam trazer sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim ‘stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.






PESSOA, Fernando. Poemas Traduzidos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16114

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

THOMAS HOBBES (2)



Thomas Hobbes
Em
Leviatã.





“O valor de um homem, tal como o de todas as outras coisas, é seu preço; isto é, tanto quanto seria dado pelo uso de seu poder.

Portanto não absoluto, mas algo que depende da necessidade e julgamento de outrem.

Um hábil condutor de soldados é de alto preço em tempo de guerra presente ou iminente, mas não o é em tempo de paz.

Um juiz douto e incorruptível é de grande valor em tempo de paz, mas não o é tanto em tempo de guerra.

E tal como nas outras coisas, também no homem não é o vendedor, mas o comprador quem determina o preço.

Porque mesmo que um homem (como muitos fazem) atribua a si mesmo o mais alto valor possível, apesar disso seu verdadeiro valor não será superior ao que lhe for atribuído pelos outros”.




“Os homens que desconfiam de sua própria sutileza se encontram, nos tumultos e sedições, mais predispostos para a vitória do que os que se consideram sábios ou sagazes, pois estes últimos gostam de se informar primeiro, e os outros (com medo de serem ultrapassados) gostam de atacar primeiro.

E nas sedições, como os homens estão sempre dispostos para a luta, defender-se uns aos outros e usar todas as vantagens da força é um estratagema superior a todos os que possam ser produzidos pela mais sutil inteligência”.




“Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção”.








HOBBES, Thomas. Leviatã. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf

Sobre Thomas Hobbes clique
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RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Novembro 2008

sábado, 12 de junho de 2010

DIA DOS NAMORADOS (4)



Alguém me disse
(Evaldo Gouveia e Jair Amorim)





Alguém me disse
Que tu andas novamente
De novo amor
Nova paixão toda contente
Conheço bem tuas promessas
Outras ouvi iguais a essas
Este seu jeito de enganar
Conheço bem

Pouco me importa
Que te vejam tantas vezes
E que tu mudes de paixão
Todos os meses;
Se vais beijar, como eu bem sei
Fazer sonhar, como eu sonhei
Mas sem ter nunca
Amor igual
Ao que eu te dei






Sobre Evaldo Gouveia clique
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Sobre Jair Amorim clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jair_Amorim

sexta-feira, 11 de junho de 2010

ÁLVARES DE AZEVEDO (3)



VAGABUNDO
(Álvares de Azevedo)




Eu durmo e vivo no sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza;
Canto à noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.

Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.

Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz... Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada...

Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora,
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!...

Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.

Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a cavalo adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.

Sinto-me um coração de Lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio;
Não creio no diabo nem nos santos...
Rezo à Nossa Senhora, e sou vadio!

Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir a minha
Há de achar-me na Sé, domingo, á missa.







AZEVEDO, Álvares de. Poemas Irônicos, Venenosos e Sarcásticos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000088.pdf


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http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvares_de_Azevedo

quinta-feira, 10 de junho de 2010

HEGEL (5)



Hegel
Em
A Razão na História.






“Embora se deva dizer que exemplos de bons feitos elevam a alma e deveriam ser usados na instrução moral das crianças de modo a nelas deixar impressa a virtude moral, o destino dos povos e nações – seus interesses, suas condições e seus complicados negócios – é uma questão diferente.

Em geral se aconselha a governadores, estadistas e povos a aprenderem a partir das experiências da história.

Mas o que a experiência e a história ensinam é que os povos e governos até agora jamais aprenderam a partir da história, muito menos agiram segundo as suas lições.

Cada época tem suas próprias condições e está em uma sitruação individual; as decisões devem e podem ser tomadas apenas na própria época, de acordo com ela.

No torvelinho das questões mundiais nenhum princípio universal e nenhuma memória de condições semelhantes poderá ajudar-nos – uma reminiscência imprecisa não tem força contra a vitalidade e a liberdade do presente”.







HEGEL, G. W. F. A Razão na História. Introdução de Robert S. Hartman. Tradução de Beatriz Sidon. São Paulo: Centauro, 2001. Disponível em: http://www.4shared.com/document/A6IkFrpw/HEGEL_A_razo_na_histria_uma_in.html

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

THEODOR ADORNO / MAX HORKHEIMER (2)

Theodor Adorno e Max Horkheimer
Em
O Iluminismo como mistificação das massas.





“A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação, é o caráter repressivo da sociedade que se auto-aliena.

Automóveis, bombas e filmes mantêm o todo até que seu elemento nivelador repercuta sobre a própria injustiça a que servia”.




“Distinções enfáticas, como entre filmes de classe A e B, ou entre histórias em revistas de diferentes preços, não são tão fundadas na realidade, antes, servem para classificar e organizar os consumidores a fim de padronizá-los.

Para todos alguma coisa é prevista, a fim de que nenhum possa escapar; as diferenças vêm cunhadas e difundidas artificialmente.

O fato de oferecer ao público uma hierarquia de qualidades em série serve somente a quantificação mais completa, cada um deve se comportar, por assim dizer, espontaneamente, segundo o seu nível, determinado a priori por índices estatísticos, e dirigir-se à categoria de produtos de massa que foi preparada para o seu tipo”.




“A idéia de “exaurir” as possibilidades técnicas dadas, de utilizar plenamente as capacidades existentes para o consumo estético da massa, faz parte do sistema econômico que se recusa a utilizar suas capacidades quando se trata de eliminar a fome”.




“A estupidez progressiva deve manter o passo com o progresso da inteligência.
Na época da estatística as massas são tão ingênuas que chegam a se identificar com o milionário no filme, e tão obtusas que não se permitem o mínimo desvio da lei dos grandes números.
A ideologia se esconde atrás do cálculo das probabilidades”.






ADORNO, T., HORKHEIMER, M. “O Iluminismo como mistificação das massas”. Tradução de Juba Elisabeth Levy. In. ADORNO, T. Indústria Cultural e Sociedade. Traduzido por Augustin Wernet e Jorge Mattos Brito de Almeida. São Paulo: Paz e Terra, 2002. Disponível em:
http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/tecnicos-e-cientificos/comucacao-industria-cultural-e-sociedade-theodor-adorno/


Sobre os autores clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Adorno

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THE CARTER FAMILY




The Carter Family no Grand Ole Opry cantando Wildwood Flower.


Sobre The Carter Family clique
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Sobre o Grand Ole Opry clique
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terça-feira, 8 de junho de 2010

CHICO XAVIER



Chico Xavier
Em
Nosso Lar.





“As religiões, no planeta, convocam as criaturas ao banquete celestial.

Em sã consciência, ninguém que se tenha aproximado, um dia, da noção de Deus, pode alegar ignorância nesse particular.
Incontável é o número dos chamados, meu amigo; mas, onde os que atendem ao chamado?

Com raras exceções, a massa humana prefere aceder a outro gênero de convites.

Gasta-se a possibilidade nos desvios do bem, agrava-se o capricho de cada um, elimina-se o corpo físico a golpes de irreflexão.

Resultado: milhares de criaturas retiram-se diariamente da esfera da carne em doloroso estado de incompreensão.

Multidões sem conto erram em todas as direções nos círculos imediatos à crosta planetária, constituídas de loucos, doentes e ignorantes”.




“Toda medicina honesta é serviço de amor, atividade de socorro justo; mas o trabalho de cura é peculiar a cada espírito”.




“Quando as lágrimas não se originam da revolta, sempre constituem remédio depurador”.




“O homem encarnado saberá, mais tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, o interesse fraternal – patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo – constituem sólidos alimentos para a vida em si”.




“Por enquanto, raros conhecem que o lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e com toda a alma”.






XAVIER, Chico. Nosso Lar. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, s/data. Disponível em: http://www.sej.org.br/livros/lar_br.pdf

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

JOHAN HUIZINGA (2)



Johan Huizinga
Em
Homo Ludens.





“Já há muitos anos que vem crescendo em mim a convicção de que no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve”.




“O jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica.

É-nos possível afirmar com segurança que a civilização humana não acrescentou característica essencial alguma à idéia geral de jogo.

Os animais brincam tal como os homens”.




“Encontramos o jogo na cultura, como um elemento dado existente antes da própria cultura, acompanhando-a e marcando-a desde as mais distantes origens até a fase de civilização em que agora nos encontramos”.




“Na criação da fala e da linguagem, brincando com essa maravilhosa faculdade de designar, é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas pensadas.

Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora é jogo de palavras.

Assim, ao dar expressão à vida, o homem cria um outro mundo, um mundo poético, ao lado da natureza”.




“Considerado em si mesmo, o jogo não é cômico nem para os jogadores nem para o público.

Os animais muito jovens, ou as crianças, podem por vezes ser extremamente cômicos em suas brincadeiras, mas observar cães adultos perseguindo-se mutuamente dificilmente suscita em nós o riso”.







HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. Tradução de João Paulo Monteiro. 4ª. Ed. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2000. Disponível em:
http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/tecnicos-e-cientificos/filosofia-homo-ludens-johan-huizinga/


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sábado, 5 de junho de 2010

CASIMIRO DE ABREU



MEUS OITO ANOS
(Casimiro de Abreu)



Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor!
O mar é – lago sereno,
O céu – manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aroma cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta ao peito.
- Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!






ABREU, Casimiro. Obras Completas – Volume 1. Disponível em:
http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/port/download/Obras_de_Casimiro_de_Abreu_vol.01.pdf


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BRUCE GRAY


http://www.brucegray.com/



Raindrops #4
Acrílica sobre tela – 180 x 242 cm.
Autor: Bruce Gray

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http://en.wikipedia.org/wiki/Bruce_Gray_(sculptor)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

MAX WEBER (3)



Max Weber
Em
A Ciência como Vocação.




“Uma obra de arte, que seja realmente “acabada”, nunca será ultrapassada, nunca envelhecerá; o indivíduo pode apreciar de modo distinto a importância que para ele, pessoalmente, tem essa obra, mas jamais alguém poderá dizer de uma obra, realmente “conseguida” em sentido artístico, que foi “ultrapassada” por outra, que também seja uma “realização” plena.

Na ciência, pelo contrário, cada qual sabe que aquilo que produziu ficará antiquado dentro de dez, vinte ou cinqüenta anos.

Tal é o destino, o sentido do trabalho científico e ao qual este, diferentemente de todos os outros elementos da cultura, também eles sujeitos à mesma lei, está submetido e votado; toda a “realização” científica significa novas “questões” e quer ser ultrapassada, envelhecer.

Quem pretende dedicar-se à ciência tem de contar com isto”.




“O destino da nossa época, com a sua racionalização, intelectualização e, sobretudo, desencantamento do mundo, consiste justamente em que os valores últimos e mais sublimes desapareceram da vida pública e imergiram ou no reino transmundano da vida mística, ou na fraternidade das relações imediatas dos indivíduos entre si”.






WEBER, Max. A Ciência como Vocação. Tradução de Artur Morão. Disponível em:
http://www.lusosofia.net/textos/weber_a_ciencia_como_vocacao.pdf


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quinta-feira, 3 de junho de 2010

LEV VYGOTSKY



Lev Vygotsky
Em
Pensamento e Linguagem.





“A formação dos conceitos é resultado de uma complexa atividade em que todas as funções intelectuais fundamentais participam.

No entanto, este processo não pode ser reduzido à associação, à tendência, à imagética, à inferência ou às tendências determinantes.

Todas estas funções são indispensáveis, mas não são suficientes se não se empregar o signo ou a palavra, como meios pelos quais dirigimos as nossas operações mentais, controlamos o seu curso e o canalizamos para a solução do problema com que nos defrontamos.


A presença de um problema que exige a formação de conceitos não pode por si só ser considerada como causa do processo, embora as tarefas que a sociedade coloca aos jovens quando estes entram no mundo cultural, profissional e cívico dos adultos sejam um importante fator para a emergência do pensamento conceitual.

Se o meio ambiente não coloca os adolescentes perante tais tarefas, se não lhes fizer novas exigências e não estimular o seu intelecto, obrigando-os a defrontarem-se com uma sequência de novos objetivos, o seu pensamento não conseguirá atingir os estágios de desenvolvimento mais elevados, ou atingi-lo-á apenas com grande atraso”.




“Mesmo nos bebês muito pequenos, os objetos ou as figuras que apresentam certos traços comuns evocam respostas semelhantes.

No mais precoce estágio pré-verbal as crianças esperam nitidamente que situações semelhantes conduzam a desfechos semelhantes.

A partir do momento em que uma criança associou uma palavra com um objeto, facilmente se aplica a um novo objeto que a impressiona por, em certos aspectos, ser semelhante ao primeiro”.




“As nossas investigações mostraram que um conceito se forma não através do jogo mútuo das associações, mas através de uma operação intelectual em que todas as funções mentais elementares participam numa combinação específica.

Esta operação é orientada pela utilização das palavras como meios para centrar ativamente a atenção, para abstrair certos traços, sintetizá-los e representá-los por meio de símbolos”.









VYGOTSKY, L. Pensamento e Linguagem. Sem indicação do tradutor. Disponível em:
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/vigo.pdf

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

ZÉ MULATO / CASSIANO

.

NAVEGANTE DAS GERAIS
(Zé Mulato / Cassiano)




Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.

Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.

Eu sou lobo solitário
sou ave de arribação
fui forjado nas campinas
nos confins do meu sertão
navegante das gerais
no lombo de algum pagão
eu só canto natureza
coisas da minha nação
minha honra ninguém tira
quando me chamam caipira
agradeço a distinção,
veja bem cidadão, pois é...

Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.

Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.

Defendo nossas raízes
por isso tenho brigado
não escondo a minha origem
sou caipira liberado
minha modinha é singela
igual a flor do cerrado
mas é sertão brasileiro
tudo o que eu tenho cantado
infelizmente o que vejo
é um bando de sertanejo
com mania de importado,
eu falei ta falado, pois é...

Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.

Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.

Cacique falou e disse
dei um dez e botei fé
que nós semo caipira
isso não é prá quem quer
acredito no que vejo
sou igual a São Tomé
enquanto nós for caipira
a cultura está de pé
negar isso é vaidade
brasileiro de verdade
se orgulha do que é
toma aí seu Mané, pois é...

Se me chamam de caipira
fico até agradecido
pois falando sertanejo
eu posso ser confundido.






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E também
http://www.violacaipira.com.br/musicabrasileira/?go=artistaDetalhe&id=15

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RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Outubro 2008

terça-feira, 1 de junho de 2010

ERIC VOEGELIN



Eric Voegelin
Em
A Consciência do Fundamento.






“A origem da história é a consciência humana, a qual empurra um período da sua demanda pela verdade do fundamento para a distância do passado.

A demanda, contudo, acontece numa sociedade, e o ponto de partida só pode ser sempre um conhecimento tradicional que é experimentado como insatisfatório.

Assim, o campo pessoal da história gera um campo social”.




“Acima de tudo, a história não é um campo de materiais indiferentemente objetivos a partir dos quais podemos selecionar alguns de acordo com critérios arbitrários, em ordem a “construir” um quadro da história.

Ao invés, a história é constituída pela consciência, e assim o logos da consciência decide o que é e o que não é historicamente relevante.

Atente-se especialmente que o tempo no qual a história se constitui a si própria não é o tempo do mundo externo, no qual a vida do homem, somaticamente fundada, deixa as suas marcas, mas antes a dimensão interior, íntima, da consciência do desejo e consequentemente busca do fundamento".








VOEGELIN, Eric. A Consciência do Fundamento. Tradução de José Rosa. Disponível em:
http://www.lusosofia.net/textos/voegelin_eric_consciencia_do_fundamento.pdf


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