sexta-feira, 25 de junho de 2010

JEAN BAUDRILLARD (6)



Jean Baudrillard
Em
À sombra das maiorias silenciosas.






“Na representação imaginária, as massas flutuam em algum ponto entre a passividade e a espontaneidade selvagem, mas sempre como uma energia potencial, como um estoque de social e de energia social, hoje referente mudo, amanhã protagonista da história, quando elas tomarão a palavra e deixarão de ser a “maioria silenciosa” – ora, justamente as massas não têm história a escrever, nem passado, nem futuro, elas não têm energias virtuais para liberar, nem desejo a realizar: sua força é atual, toda ela está aqui, e é a do seu silêncio”.




“O vácuo social é atravessado por objetos intersticiais e acumulações cristalinas que rodopiam e se cruzam num claro-escuro cerebral.

Tal é a massa, um conjunto no vácuo de partículas individuais, de resíduos do social e de impulsos indiretos, opaca nebulosa cuja densidade crescente absorve todas as energias e os feixes luminosos circundantes, para finalmente desabar sob seu próprio peso.

Buraco negro em que o social se precipita”.




“Quanto à impossibilidade de nela se fazer circular o sentido, o melhor exemplo é o de Deus.

As massas conservaram dele somente a imagem, nunca a idéia.

Elas jamais foram atingidas pela idéia de Deus, que permaneceu um assunto de padres, nem pelas angústias do pecado e da salvação pessoal.

O que elas conservaram foi o fascínio dos mártires e dos santos, do juízo final, da dança dos mortos, foi o sortilégio, foi o espetáculo e o cerimonial da Igreja, a imanência do ritual – contra a transcendência da idéia”.





BAUDRILLARD, Jean. À sombra das maiorias silenciosas. Tradução: Suely Bastos. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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