sábado, 31 de janeiro de 2009

JEAN BAUDRILLARD (3)



Jean Baudrillard
Em
Partidos Comunistas: paraísos artificiais da política.






“Quanto mais a mulher é mulher”, dizia Nietzsche, “mais ela se defende contra toda a espécie de direito”.
Quanto mais a massa é massa, mas ela resiste a toda a espécie de representações.
E assim vão levando as maiorias silenciosas...”.




“Os comunistas acreditam no valor de uso do trabalho, do social, da matéria (seu materialismo), da história.
Acreditam na “realidade” do social, das lutas, das classes, que sei eu?
Acreditam em tudo, querem acreditar em tudo, essa é a profunda moralidade deles.
E é o que lhes retira toda a capacidade política”.





“Todas as revoluções que ocorreram a partir do século XIX na forma, no espaço e na cor continuaram sendo letra morta em política e, de modo singular, em política revolucionária, obstinadamente apegada, por vocação, ao princípio “histórico” de verdade, realidade e racionalidade”.






BAUDRILLARD, Jean. Partidos Comunistas: paraísos artificiais da política. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

THOMAS JEFFERSON



Thomas Jefferson
Em
Escritos Políticos.







“Jurei, perante o altar de Deus, eterna hostilidade a toda forma de tirania sobre o espírito do homem”.



“Não sei de nenhum depositário seguro do poder último da sociedade senão o próprio dono e, se não o julgamos suficientemente esclarecido para exercer controle com critério sadio, o remédio não está em tirá-lo dele, mas esclarecê-lo pela educação”.



“Se uma nação espera ser ignorante e livre num estado de civilização, espera o que jamais existiu e jamais existirá.
Os funcionários de todo governo têm propensão para dominar, à vontade, a liberdade e a propriedade de seus constituintes.
Para estas não há depósito seguro senão nas mãos do próprio povo, nem poderão estar seguras sem informações.
Onde a imprensa é livre e todo homem sabe ler, tudo estará em segurança”.



“Um sistema de instrução geral que atinja todas as classes de nossos cidadãos, desde os mais ricos até os mais pobres, da mesma maneira, foi a primeira e será a última de todas as preocupações públicas em que me permitirei interessar”.







JEFFERSON, Thomas. “Escritos Políticos”. Tradução de Leônidas Gontijo de Carvalho. In. CIVITA, V. (Editor). Federalistas. Textos selecionados por Francisco C. Weffort. 1ª. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os Pensadores)

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Jefferson

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

THOMAS MERTON (2)



Thomas Merton
Em
Homem Algum É Uma Ilha.






“Cada coisa que Deus quer em minha vida é orientada para esta dupla finalidade: a minha perfeição como parte de um todo universal, e a minha perfeição em mim mesmo, como pessoa individual, feita à imagem e semelhança de Deus.

A parte mais importante da educação de um homem é formar-lhe uma consciência capaz de ver corretamente, sob essa luz, a vontade de Deus, e de guiar-lhe a decisão da vontade, em respostas fortes, prudentes e amantes.

Viver assim é a verdadeira sabedoria”.






MERTON, Thomas. Homem Algum É Uma Ilha. Tradução de Timóteo Amoroso Anastácio O. S. B. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1958.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Merton

Ver também:
http://www.reflexoes-merton.blogspot.com/

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

MANUEL BANDEIRA (13)



Seio
(Manuel Bandeira)




O teu seio que em minha mão
Tive uma vez, que vez aquela!
Sinto-o ainda, e ele é dentro dela
O seio-idéia de Platão.




BANDEIRA, Manuel Estrela da Vida Inteira. 7ª. Ed. Introdução de Gilda e Antônio Cândido. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

KANT (2)



Immanuel Kant
Em
Fundamentação da Metafísica dos Costumes.







“Assegurar a própria felicidade é um dever (ao menos, indireto), porque o não estar satisfeito com o seu estado, o viver oprimido por inumeráveis preocupações e no meio de necessidades não preenchidas pode muito facilmente converter-se em grande tentação de infringir seus deveres.

Mas, uma vez mais, independentemente do dever, todos os homens possuem dentro em si uma inclinação muito forte e muito profunda para a felicidade, pois que justamente nesta idéia de felicidade se unem todas as suas tendências.

Simplesmente o preceito, que nos manda buscar a felicidade, apresenta muitas vezes caráter tal que prejudica algumas de nossas inclinações de sorte que não é possível ao homem formar idéia nítida e bem definida do complexo de satisfação de seus desejos, a que dá o nome de felicidade.

Não há pois motivo para ficar surpreendido de que uma só inclinação, determinada quanto ao prazer que promete e quanto à época em que poderá ser satisfeita, seja capaz de sobrepujar uma idéia vaga”.






KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução, introdução e notas de Antônio Pinto de Carvalho. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant

WINSLOW HOMER


Butler Institute of American Art, Ohio

Snap the Whip
1872 – óleo sobre tela – 55,9 x 91,4 cm.
Autor: Winslow Homer

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Winslow_Homer

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

JEAN CRUET



Jean Cruet
Em
A Vida do Direito e A Inutilidade das Leis.




“Os textos legislativos fornecem ao espírito fórmulas geralmente claras e precisas, cuja rigidez, impondo-se ao respeito do jurista, deve necessariamente deformar para ele o aspecto verdadeiro das coisas: não ousando sair fora dos textos, para compreender o mundo social em toda a sua extensão, em toda a sua complexidade e em todo o seu movimento, acontece-lhe procurar a origem única do direito, não na sociedade organizando-se por si própria, mas na engrenagem do Estado, especialmente investida, com um monopólio teoricamente exclusivo, da alta missão de estabelecer regras oficiais do direito consagrado”.





“O juiz está em contato cotidiano com a vida jurídica nas suas manifestações mais especiais, mais excepcionais; a sua preocupação essencial, diretamente oposta à do legislador, é, por assim dizer, individualizar o direito procurando combinar as suas linhas gerais com os traços característicos de cada um dos casos particulares de que sucessivamente se ocupa.

Vê em suma a lei através da espécie e o seu espírito, por um movimento natural, vai da questão de fato à questão de direito, do complexo ao simples, do concreto ao abstrato”.






CRUET, Jean. A Vida do Direito e A Inutilidade das Leis. Sem indicação de tradutor. Lisboa: Antiga Casa Bertrand-José Bastos & Cia. – Livraria editora, 1908.
Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bd000061.pdf

Sobre o autor:
http://www.diariodeumjuiz.com/?p=968

sábado, 24 de janeiro de 2009

MAX NORDAU (3)



Max Nordau
Em
Mentira matrimonial.





“Goethe compreendeu e definiu maravilhosamente a essência do amor, de modo tal que nada mais podem acrescentar grossos volumes.

Afinidade eletiva.

Esta designação foi extraída da química; ela reúne profundamente grandes processos elementares da natureza ao fato que se passa no homem e que foi misticamente escurecido pela fantasia histérica de poetas sem idéias nem discernimento.

A química chama afinidade eletiva à tendência de dois corpos para se combinarem em novo produto, que em quase todas suas propriedades: cor, estado de agregação, densidade, ação sobre outras matérias, etc., é completamente diferente dos dois corpos primitivos.

Dois corpos que não estão um para o outro em relações de afinidade eletiva podem se conservar eternamente no mais intimo contato, – será uma justaposição sem vida, que não realizará nenhuma nova produção, nenhum efeito dinâmico, nenhum resultado vivo.

Quando dois corpos têm afinidade eletiva, basta aconchega-los um ao outro para provocar imediatamente belos e fecundos fenômenos de atividade”.








NORDAU, Max. As Mentiras Convencionais da Nossa Civilização. Tradução e revisão: Joaquim de Araújo. 3a.Ed. São Paulo: Edições e Publicações Brasil Editora, 1960.

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Max_Nordau

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

CONFÚCIO



CONFÚCIO
(trechos)







“Caracteres gravados na banheira do rei Tching-thang diziam:
Renova-te completamente todos os dias: faze-o de novo, ainda de novo, sempre de novo”.



“Se há pessoas que não estudam, ou que, se estudam, nada aproveitam; se há pessoas que não perguntam, para se esclarecerem sobre as coisas que ignoram, aos homens instruídos, ou se, por ventura, interrogando-os não podem tornar-se instruídas; se há pessoas que não meditam, ou que, meditando, não chegam a adquirir um conhecimento lúcido e vivo do princípio do bem; se há pessoas que não distinguem o bem do mal, ou que, distinguindo, não têm disso uma percepção clara, perfeitamente nítida; se há pessoas que não praticam o bem, ou que, praticando, não podem nele empregar toda a sua força, não desanimem por isso; o que outros fariam de uma só vez, elas farão em dez; o que fariam em cem, elas farão em mil.

Aquele que seguir verdadeiramente esta regra de perseverança, por mais ignorante que seja, tornar-se-á necessariamente esclarecido; por mais fraco que seja, tornar-se-á forte”.





RAPOSO, Ignácio. Filosofia de Confúcio. Rio de Janeiro: Companhia Brasil Editora, 1939.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conf%C3%BAcio

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

FUSTEL DE COULANGES



Fustel de Coulanges
Em
A Cidade Antiga.






“Quanto de gregos e romanos conservamos e por estes nos foi legado, faz-nos ver quanto a estes povos nos assemelhamos; pesa-nos pois ter de considerá-los como povos estrangeiros; e assim, a estes, quase sempre, os interpretamos como a nós mesmos.

Enganamo-nos redondamente quando só apreciamos estes povos antigos através de opiniões e à luz do nosso tempo”.


“Por uma errada observação das instituições da cidade antiga, imagina-se poder fazê-las reviver entre nós nas leis da atualidade”.


“Para que haja verdadeiro conhecimento destes povos antigos, torna-se prudente estuda-los sem a preocupação de ver neles homens da nossa gente, e como se os antigos nos sejam completamente estranhos; devemos compreendê-los tão desapaixonadamente e com espírito tão livre como se estudássemos a Índia antiga, ou a Arábia”.


“Se as leis da associação humana já não são as mesmas das da antiguidade, o motivo está em que algo do próprio homem se transformou.
Temos, efetivamente, algo de nosso ser a modificar-se de século em século: a nossa inteligência.
A inteligência está sempre em evolução, quase sempre em progresso, e, por esta razão, as nossas instituições e leis estão sujeitas às flutuações da inteligência do homem.
O homem não pensa atualmente do mesmo modo como pensou vinte e cinco séculos atrás, e por isso se não governa hoje pelas mesmas leis que então o regentaram”.






COULANGES, Numa Denis Fustel de. A Cidade Antiga. Tradução e glossário de Fernando de Aguiar. 9ª. Ed. V.1. Lisboa: Livraria Clássica Editora1957.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fustel_de_Coulanges

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

HELVÉTIUS (2)



HELVÉTIUS
Em
Do Espírito







“Ora, se os homens superiores, inteiramente absorvidos em seu gênero de estudo, não podem possuir estima sentida por um gênero de espírito demasiado diferente do seu, todo autor, que fornece ao público idéias novas, só pode então, esperar estima de duas espécies de homens: ou de jovens, que, não tendo adotado opiniões, possuem ainda o desejo e o lazer de se instruir, ou daqueles cujo espírito, amigo da verdade e análogo ao do autor, suspeita já da existência de idéias que lhe são apresentadas.

Este número de homens é sempre menor, eis o que atrasa os progressos do espírito humano e a causa de cada verdade ser sempre tão lenta para se desvendar aos olhos de todos”.





“As paixões são na moral o que o movimento é na física: cria, destrói, conserva, anima tudo; sem ele só há morte. São elas também que vivificam o mundo moral.

É a avareza que guia os navios através dos desertos dos mares; o orgulho que preenche os vales, aplaina as montanhas, abre estradas através de rochedos, eleva as pirâmides de Mênfis, cava o lago de Moeris e funda o colosso de Rodes.

O amor apontou, diz-se, o lápis do primeiro desenhista.

Num país em que a revelação ainda não havia penetrado, foi ainda o amor que, para afogar a dor de uma viúva desolada pela morte de seu jovem esposo, mostrou-lhe o sistema da imortalidade da alma”.











HELVÉTIUS, Claude-Adrien. Do Espírito. Tradução de Scarllet Z. Marton. In. CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores)

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Adrien_Helv%C3%A9tius

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

MARQUESA DE ALORNA



Dizendo-me uma pessoa que eu nunca havia de ser feliz.
(Marquesa de Alorna)







Esperanças de um vão contentamento,
Por meu mal tantos anos conservadas,
É tempo de perder-vos, já que ousadas
Abusaste de um longo sofrimento.

Fugi; cá ficará meu pensamento
Meditando nas horas malogradas,
E das tristes, presentes e passadas,
Farei para as futuras argumento.

Já não me iludirá um doce engano,
Que trocarei ligeiras fantasias
Em pesadas razões de desengano.

E tu, sacra Virtude, que anuncias,
A quem te logra, o gosto soberano,
Vem dominar o resto dos meus dias.







MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa – através dos textos. 5ª. Ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1972.

Sobre o autor:

http://www.arqnet.pt/dicionario/alorna4.html

WILLEM DE KOONING


Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington D.C



Woman
(1951-1952) – óleo e lápis sobre cartão – 65,4 x 50,2 cm.
Autor: Willem de Kooning

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Willem_de_Kooning

OSCAR WILDE (14)



OSCAR WILDE
Em
O RETRATO DE DORIAN GRAY.






“- Não estou rindo, Dorian; pelo menos, não estou rindo de você. Mas não deve dizer: “a aventura romântica mais extraordinária da minha vida”.
Deve dizer: “a primeira aventura romântica da minha vida”.

Será sempre amado, e estará sempre enamorado do amor.
Uma grande paixão é privilégio de quem não tem nada que fazer.
É a única ocupação das classes ociosas de um país.
Não tenha medo. Coisas deliciosas o aguardam.
Isso é somente o começo.

- Pensa então que sou superficial? – exclamou Dorian Gray irritado.
- Não; penso que é muito profundo.
- Que quer dizer com isso?
- Meu caro amigo, os que não amam senão uma vez na vida, são os verdadeiramente superficiais.
O que eles chamam lealdade e fidelidade, eu chamo a letargia do costume ou a falta de imaginação.

A fidelidade é, para a vida emocional, o que a estabilidade é para a vida intelectual, uma simples confissão de fracassos.

Fidelidade! Algum dia vou analisá-la. Acha-se nela a paixão da propriedade.
Há muitas coisas que abandonaríamos se não temêssemos que outros as apanhassem”.





WILDE, Oscar O Retrato de Dorian Gray. In.__________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

sábado, 17 de janeiro de 2009

CECÍLIA MEIRELES (7)



SUGESTÃO
(Cecília Meireles)





Sede assim – qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
sem pergunta.

Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.

Também com este ar da noite;
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.

Igual a pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.

A cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.







MEIRELES, Cecília. Mar Absoluto e outros poemas / Retrato Natural. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.



sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

OMAR KHÁYYÁM (4)

OMAR KHÁYYÁM
Em
Rubáyát.



66

Estou velho,
e a paixão que
me inspiraste arrastar-me-á
ao túmulo, pois não cesso
de encher de vinho
a grande taça.

Minha paixão por ti tem
razão contra mim mesmo...

E o tempo desfolha
a minha bela rosa...


117

O vinho
proporciona aos
sábios uma embriaguez
semelhante à dos Eleitos;
dá-nos a mocidade,
restitui-nos o que perdêramos,
põe ao nosso alcance tudo
quanto desejamos.

O vinho queima como uma
torrente de fogo, mas,
às vezes, tem sobre nossas
mágoas o efeito da água
pura e fresca.





KHÁYYÁM, Omar. Rubáiyát. Versão portuguesa de Otávio Tarquínio de Souza. 14a.ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969.

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Omar_Khayy%C3%A1m

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PAUL VALÉRY (4)



Dos Cadernos de Valéry:






"O proselitismo é o inimigo da
honestidade – Seus meios são todos
os meios (Seduzir, assombrar, confundir
as coisas.)

Não temos vontade de conquistar
ninguém quando nos damos conta
de tudo o que é preciso
conquistar primeiro dentro de
nós mesmos.Tédio".




"O que eu sei fazer me entedia; o que eu não
sei fazer me entristece".






CAMPOS, Augusto de. Paul Valéry: A serpente e o pensar. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Val%C3%A9ry

TERTÚLIAS VIRTUAIS: FOGO


O fogo como arma dos obscurantistas.

BERLIM – 1933

Cronologia de eventos onde livros foram queimados:

Este post faz parte do "Tertúlias Virtuais" proposta do
Varal de Idéias e do Expresso da Linha, que ocorre todo dia 15 de cada mês.

Mais participantes do Tertúlia Virtual,
aqui

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

KIERKEGAARD (3)



Sören Kierkegaard
Em
O Banquete.






“Observai que a mulher se de alguma coisa se queixa, não é de ser adorada: - é, pelo contrário, de deixar de o ser.

Se eu fosse mulher, acima de tudo exigiria que ninguém me fizesse a corte, dispensaria muito bem os galanteios; contentar-me-ia com pertencer ao sexo fraco, aceitaria a verdade da minha situação, e teria o brio de repelir as mentiras dos homens.

A mulher não pensa assim, pouco se importa com a verdade”.






“Agradeço, pois, aos deuses o ter nascido homem, e não mulher.

Com isto, porém, não deixo de pensar nas vantagens que perdi.
Desde as canções do botequim até aos versos de tragédia, a poesia é uma apoteose da mulher, para maior infelicidade dela e do seu adorador, porque, se este não tiver cuidado, quando estiver no melhor do seu culto, sentirá que o rosto lhe emagrece.

O homem deve à mulher tudo quanto faz de belo, de insigne, de espantoso, porque da mulher recebeu o entusiasmo; ela é o ser que exalta.

Quantos moços imberbes, tocadores de flauta, não celebraram já o tema?
E quantas pastoras ingênuas não o ouviram também?

Confesso a verdade quando digo que a minha alma está isenta de inveja e cheia de gratidão para com Deus; antes quero ser homem pobre de qualidades, mas homem, do que mulher – grandeza imensurável, que encontra a sua felicidade na ilusão.

Vale mais ser uma realidade, que ao menos possui uma significação precisa, do que ser uma abstração precisa, do que ser uma abstração susceptível de todas as interpretações”.








KIERKEGAARD, Sören. O Banquete. Tradução de Álvaro Ribeiro. 3ª. Ed. Lisboa: Guimarães Editores, 1972.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B8ren_Kierkegaard

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

GEORGES DUBY



Georges Duby
Em
O Casamento na sociedade da alta idade média.






“Como todos os organismos vivos, as sociedades humanas são o lugar de uma pulsão fundamental que as incita a perpetuar sua existência, a se reproduzirem no quadro de estruturas estáveis.

A permanência dessas estruturas é, nas sociedades humanas, instituída conjuntamente pela natureza e pela cultura.

O que de fato importa é a reprodução não apenas dos indivíduos mas também do sistema cultural que os reúne e que ordena suas relações.

Aos preceitos do código genético individual acrescentam-se, portanto, os de um código de comportamento coletivo, de um conjunto de regras que aspiram a ser igualmente inquebráveis e que pretendem definir antes de tudo o estatuto respectivo do masculino e do feminino (...) regras cujo objetivo é claramente instituir um casal, oficializar a confluência de dois “sangues”, e também (mais necessariamente) organizar, para além da conjunção de duas pessoas, a de duas células sociais de duas “casas”, a fim de que seja engendrada uma célula de forma semelhante“.




“O sistema cultural a que me refiro é o sistema de parentesco, o código a que me refiro é o código matrimonial. No centro desses mecanismos de regulação, cuja função social é primordial, tem o seu lugar, com efeito, o casamento”.







DUBY, Georges. Idade Média, Idade dos Homens. Tradução: Jônatas Batista Neto. São Paulo: Cia. Das Letras, 1989.


Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Georges_Duby

JOAN MIRÓ


Guggenheim Museum, New York City.

The Tilled Field
1923-1924 – óleo sobre tela – 63,5 x 92,7 cm.
Autor: Joan Miró

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joan_Mir%C3%B3

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

OSWALD SPENGLER (2)



Oswald Spengler
Em
A Decadência do Ocidente.







“Esse sistema, comumente adotado pelos habitantes da Europa ocidental dos nossos dias, e que faz as grandes culturas girarem em torno de nós, como se fossemos o centro de todas as ocorrências universais – costumo denomina-lo de sistema ptolomaico da História”.



“Quando Platão fala da “Humanidade”, refere-se aos gregos, em oposição aos bárbaros.
Isso corresponde perfeitamente ao estilo não-histórico da vida e da filosofia “antigas”, e dentro desses limites conduz a resultados que, para os helenos, são exatos e significativos.

Mas quando Kant filosofa, por exemplo, sobre ideais éticos, afirma a validez dos seus axiomas para os homens de todas as categorias e épocas.
Apenas não professa tal opinião, porque tanto ele mesmo como os seus leitores a julgam evidente”.



“Eis o que falta ao pensador ocidental e o que não deveria faltar justamente a ele: a compreensão da natureza histórico-relativa das suas conclusões, que não passam da expressão de um modo singular de ser, e somente dele.

O pensamento ocidental carece do conhecimento dos inevitáveis limites que restringem a validez de suas afirmações.
Ignora que suas “verdades inabaláveis” e suas “percepções eternas” são verdadeiras só para ele e eternas unicamente do ponto de vista da sua visão do mundo”.








SPENGLER, Oswald. A Decadência do Ocidente. Edição condensada por Helmut Webner. Tradução de Herbert Caro. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oswald_Spengler

sábado, 10 de janeiro de 2009

MATIAS AIRES (4)



Matias Aires
Em
Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens.




102.

“Não somos firmes no amor, porque em nada podemos ser constantes: continuamente nos vai mudando o tempo; uma hora demais é mais em nós uma mudança.

A cada passo que damos no discurso da vida, imos nascendo de novo, porque a cada passo imos deixando o que fomos, e começamos a ser outros; cada dia nascemos, porque em cada dia mudamos, e quanto mais nascemos desta sorte, tanto mais nos fica perto o fim, que nos espera.

A inconstância que é um ato da alma, ou da vontade, não se faz sem movimento; a natureza não se conserva, e dura, senão porque se muda, e move.

O mundo teve o seu princípio no primeiro impulso, que lhe deu o supremo Artífice; a mesma luz, que é uma bela imagem da Onipotência, toda se compõe de uma matéria trêmula, inconstante e vária.

Tudo vive enfim do movimento; a falta de mudança é o mesmo que falta de vida, e de existência, assim a firmeza é como um atributo essencial da morte”.







AIRES, Matias. Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens. Introdução de Alceu Amoroso Lima. Ilustrações de Santa Rosa. São Paulo: Livraria Martins Editora S. A., 1955.


Texto Disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002989.pdf

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Matias_Aires

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

JOHN DEWEY



John Dewey
Em
Reconstrução Em Filosofia.






“Todos sabem que os homens, que iniciaram a revolução no domínio das ciências naturais, julgavam o espaço e o tempo não só independentes um do outro, como também das coisas que existiam e dos acontecimentos que decorriam em seu meio.

Uma vez que a aceitação de entidades fixas fundamentais – das quais são exemplos o espaço, o tempo e os átomos imutáveis – dominava a ciência “natural", não admira que tal pressuposto constituísse, em forma mais generalizada, os alicerces sobre os quais a filosofia viria erguer sua estrutura.

As doutrinas filosóficas, que discordavam virtualmente acerca de tudo, eram no entanto concordes nesse ponto, a saber, em admitir que à filosofia, enquanto tal, competia à busca do que é imutável e último – daquilo que é – sem se preocupar com o temporal ou com o espacial.

Foi neste estado de coisas, vigente na esfera da ciência natural, bem como nos padrões e princípios éticos, que se introduziu recentemente a descoberta de que a ciência natural, mercê de seu próprio desenvolvimento, é forçada a abandonar a hipótese da fixidez e a admitir que o que para ela é realmente “universal” é o processo; contudo, quer na filosofia, quer na opinião popular, até nossos dias, não se atribuiu a este fato da ciência moderna senão um caráter técnico, em vez de, nele, se ver aquilo que realmente é: a descoberta mais revolucionária até agora”.






DEWEY, John. Reconstrução Em Filosofia. Tradução de Antônio Pinto de Carvalho, revista por Anísio Teixeira. 2ª. Ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

EPICTETO (9)



Epicteto
Em
Máximas.





1.

“A escravidão do corpo é obra da sorte.
A da alma é obra do vício.
Quem desfruta da liberdade do corpo é escravo, se tem agrilhoada a alma; quem tem a alma livre desfruta de inteira liberdade, embora carregado de pesados grilhões.
A natureza, com a morte, põe cobro à escravidão do corpo, mas a da alma só cessa com a virtude”.



3.

“Envergonhar-te-ia, sem dúvida, a vil entrega do teu corpo ao primeiro transeunte e, no entanto, sem corar, abandonas a alma ao primeiro que se te depara”.



12.

“Quando pretendemos embarcar, desejamos um bom vento para seguirmos o nosso caminho; esperando o dia da partida, vamos com freqüência verificar que vento sopra, e, se nos é contrário, exclamamos: sempre vento norte! Quando soprará o vento do poente?
Meu amigo, soprará quando lhe aprouver, ou melhor, quando aprouver a Quem manda em todas as coisas.
Serás, por acaso, dispensador dos ventos, como Éolo?
Façamos sempre o que de nós depende, e valhamo-nos do resto, tal qual se nos apresenta e sucede”.





Epicteto: filósofo da escola dos estóicos, vivendo entre a Grécia e Roma nos meados do primeiro século da era cristã. Foi escravo, em Roma, na época de Nero.

EPICTETO. Máximas. Tradução de Alberto Denis. São Paulo: Ed. E Pub. Brasil Editora, 1960.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

DESCARTES



René Descartes
Em
Dos princípios do conhecimento humano.





Artigo 7

O RESULTADO POSITIVO DA DÚVIDA: O LÓGICO, A MINHA EXISTÊNCIA.


7 – Que não poderemos duvidar sem existir, e que isso constitui o primeiro conhecimento exato que é possível adquirir.

Enquanto assim rejeitamos tudo o de que possamos duvidar, e que fingimos até ser falso, imaginamos, com facilidade, que não existe Deus, nem céu, nem terra, e que não possuímos corpo.
Não poderíamos, contudo, supor do mesmo modo que não existimos, ao tempo em que duvidamos da verdade de todas estas coisas: pois, efetivamente, temos tanta repugnância em imaginar que o que pensa não existe realmente ao mesmo tempo que pensa que, não obstante as mais estapafúrdias suposições, não poderíamos obstar-nos de crer que esta inferência EU PENSO, LOGO EXISTO, não seja exata e, conseqüentemente, a primeira e a mais verdadeira que se apresenta àquele que encaminha os seus pensamentos por ordem”.






DESCARTES, René. Princípios da Filosofia. Tradução de Torriere Guimarães. São Paulo: Hemus – Livraria Editora Ltda., 1968.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

ANTERO DE QUENTAL (3)



À VIRGEM SANTÍSSIMA
(Cheia de graça, Mãe de Misericórdia)
(Antero de Quental)






N’UM sonho todo feito de incerteza,
De noturna e indizível ansiedade,
É que vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...

Não eras o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade,
Era outra luz, era outra suavidade
Que até nem sei se as há na natureza...

Um místico sofrer... uma ventura
Feita só do perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira...

Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!






QUENTAL, Antero de. Antologia. Organização de José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000027.pdf


Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antero_de_Quental

HENRI ROUSSEAU


Musee de l'Orangerie, Paris.


La Noce
1905 – óleo sobre tela – 163 x 114 cm.
Autor: Henri-Julien-Félix Rousseau

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Rousseau

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

BAUDELAIRE (5)



A Sopa e as Nuvens
(Charles Baudelaire)






A LOUCA da minha bem-amada me dava de jantar, e pela janela aberta da sala de refeições eu contemplava as movediças arquiteturas que Deus faz com as nuvens, as maravilhosas construções do impalpável.

E dizia comigo, através da minha contemplação:

– “Todas estas fantasmagorias são quase tão belas quanto os olhos de minha amada, a pequena louca monstruosa de olhos verdes”.

De súbito senti um violento murro nas costas e ouvi uma voz rouca e encantadora, uma voz histérica, e como enrouquecida pela aguardente, a voz da minha querida bem-amada, que me dizia:

– Trate de tomar a sua sopa, seu maluco, mercador de nuvens!







BAUDELAIRE, Charles. Pequenos poemas em prosa. 4ª. Ed. Tradução de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1980.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire

sábado, 3 de janeiro de 2009

WALTER BENJAMIN



Walter Benjamin
Em
O Narrador.







“Nada facilita mais a memorização das narrativas que aquela sóbria concisão que as salva da análise psicológica.

Quanto maior a naturalidade com que o narrador renuncia às sutilezas psicológicas, mais facilmente a história se gravará na memória do ouvinte, mais completamente ela se assimilará à sua própria experiência e mais irresistivelmente ele cederá à inclinação de recontá-la um dia.

Esse processo de assimilação se dá em camadas muito profundas e exige um estado de distensão que se torna cada vez mais raro.

Se o sono é o ponto mais alto da distensão física, o tédio é o ponto mais alto da distensão psíquica.

O tédio é o pássaro de sonho que choca os ovos da experiência”.



“Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas.
Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece enquanto ouve a história”.



“Quanto mais o ouvinte se esquece de si mesmo, mais profundamente se grava nele o que é ouvido”.



“Assim se teceu a rede em que está guardado o dom narrativo”.







BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas Volume 1. Tradução: Sergio Paulo Rouanet. Prefácio: Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ALBERT CAMUS



Albert Camus
Em
O Estrangeiro.







“Pensei que bastava dar meia-volta e tudo estaria acabado.
Mas, atrás de mim, comprimia-se toda uma praia vibrante de sol.
Dei alguns passos em direção à nascente.
O árabe não se mexeu.
Apesar disso, estava ainda muito longe.
Parecia sorrir, talvez por causa das sombras sobre o seu rosto.
Esperei.
A ardência do sol ganhava-me as faces e senti gotas de suor se acumularem nas minhas sobrancelhas.
Era o mesmo sol do dia em que enterrara mamãe, e, como então, doía-me sobretudo a testa, e todas as suas veias batiam juntas debaixo da pele.
Por causa desta queimadura, que já não conseguia suportar, fiz um movimento para frente.
Sabia que era estupidez, que não me livraria do sol se desse um passo.
Mas dei um passo, um só passo à frente.
E, desta vez, sem se levantar, o árabe tirou a faca, que ele me exibiu ao sol.
A luz brilhou no aço e era como se uma longa lâmina fulgurante me atingisse na testa.
No mesmo momento, o suor acumulado nas sobrancelhas correu de repente pelas pálpebras, recobrindo-as com um véu morno e espesso.
Meus olhos ficaram cegos, por trás desta cortina de lágrimas e de sal.
Sentia apenas os címbalos do sol na testa e, de modo difuso, a lâmina brilhante da faca sempre diante de mim.
Esta espada incandescente corroia as pestanas e penetrava meus olhos doloridos.
Foi, então, que tudo vacilou.
O mar trouxe um sopro espesso e ardente.
Pareceu-me que o céu se abria em toda a sua extensão, deixando chover fogo.
Todo o meu ser se retesou e crispei a mão sobre o revólver.
O gatilho cedeu, toquei o ventre polido da coronha e foi aí, no barulho, ao mesmo tempo seco e ensurdecedor, que tudo começou.
Sacudi o suor e o sol.
Compreendi que destruira o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz.
Então, atirei quatro vezes ainda num corpo inerte, em que as balas se enterravam sem que se desse por isso.
E era como se desse quatro batidas secas na porta da desgraça”.





CAMUS, Albert. O Estrangeiro. Tradução: Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Record, 1995.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Camus