terça-feira, 31 de março de 2009

MIKHAIL BAKUNIN (4)



Mikhail Bakunin
Em
Quem sou?






“Sou um amante fanático da liberdade, considerando-a como o único espaço onde podem crescer e desenvolver a inteligência, a dignidade e a felicidade dos homens; não esta liberdade formal, outorgada e regulamentada pelo Estado, mentira eterna que, em realidade, representa apenas o privilégio de alguns, apoiada na escravidão de todos; não esta liberdade individualista, egoísta, mesquinha e fictícia, enaltecida pela escola de J. J. Rousseau e por todas as outras escolas do liberalismo burguês, que considera o assim chamado direito de todo mundo, representado pelo Estado, como o limite do direito de cada um, o que conduz, sempre e necessariamente, o direito de cada um a zero.


Não, só aceito uma única liberdade que possa ser realmente digna deste nome, a liberdade que consiste no pleno desenvolvimento de todas as potencialidades materiais, intelectuais e morais que se encontrem em estado latente em cada um; a liberdade que não reconheça outras restrições que aquelas que nos são traçadas pelas leis de nossa própria natureza; de maneira que não há, propriamente, restrições, pois estas leis não nos são impostas por nenhum legislador de fora, situando-se ao lado ou acima de nós; elas nos são imanentes, inerentes e constituem a base de nosso ser, tanto material quanto intelectual e moral.
Ao invés de achar nelas um limite, devemos considerá-las como as condições reais e como a razão efetiva da nossa liberdade”.






GUÉRIN, Daniel. Bakunin – Textos escolhidos. Tradução de Zilá Bernd. Porto Alegre: L&PM, 1983.

Sobre BAKUNIN clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Aleksandrovitch_Bakunin

RABISCOS NO BLOCO


segunda-feira, 30 de março de 2009

HERBERT MARCUSE



Herbert Marcuse
Em
Estudo sobre a Autoridade e a Família.






“O reconhecimento da autoridade como uma força essencial da prática social remonta às raízes da liberdade humana: significa (em um sentido sempre diferente) a renúncia à autonomia (de pensamento, vontade, ação), significa subordinação da própria razão e da própria vontade a conteúdos predeterminados, e isso de tal modo que tais conteúdos não constituem apenas “material” para a vontade transformadora do indivíduo, e sim que constituem, tais como são, normas obrigatórias para sua razão e sua vontade”.



“Na teoria burguesa da autoridade se reflete uma boa parte da história desta sociedade.
Quando ela conquistou o domínio econômico e político na Europa Central e Ocidental, eram evidentes as contradições no seio da sociedade por ela organizada.
A burguesia como classe dominante não podia ter interesse algum pela teoria à qual se ligou como classe em ascensão e que se encontrava em contradição gritante com o presente.
É assim que a teoria verdadeiramente burguesa da sociedade só existe antes do domínio real da burguesia, e que a teoria burguesa, Comte, na França, e Hegel, na Alemanha, são os últimos a discutir o problema da organização social dentro de uma teoria global como tarefa da prática humana guiada pela razão.

Os problemas da organização do Estado e da sociedade retirados do contexto do fundamento que sustentava a teoria global passam a fazer parte da disciplina específica da Sociologia”.



“Depois da queda de qualquer conteúdo material e racional da autoridade, só restou sua mera forma: a autoridade como tal se torna característica essencial do Estado”.








MARCUSE, Herbert. Idéias sobre uma teoria crítica da sociedade. Tradução de Fausto Guimarães. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Marcuse

sábado, 28 de março de 2009

MACHADO DE ASSIS (2)



FLOR DA MOCIDADE
(Machado de Assis)





Eu conheço a mais bela flor;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida, aberta para o amor.
Eu conheço a mais bela flor.
Tem do céu a mesma cor,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bela flor,
És tu, rosa da mocidade.

Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive às vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.

Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flor morta já não val.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.








LISBOA, Henriqueta. Antologia Poética para a Infância e a Juventude. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1969.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis

sexta-feira, 27 de março de 2009

PIERRE CLASTRES (2)



Pierre Clastres
Em
A Sociedade Contra o Estado.






“Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem ou lêem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade.

Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo tempo falar de coisas graves e fazer rir aqueles que o escutam.

A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciarem-se verdadeiros momentos de distensão, e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores.

Ora, não raro essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa forma, sua existência”.







CLASTRES, Pierre. A Sociedade Contra o Estado. Tradução de Theo Santiago. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

Sobre Pierre Clastres clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Clastres

SANDRO BOTTICELLI

National Gallery of London.

Potrait of a young man
1493 – têmpera e óleo sobre madeira – 37,5 x 28,3 cm.
Autor: Sandro Botticelli

Sobre Botticelli clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Sandro_Botticelli

quinta-feira, 26 de março de 2009

PIERRE LÉVY (2)



Pierre Lévy
Em
As Tecnologias da Inteligência.






“Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.
As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos.
Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada.
Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria.
Emerge, neste final do século XX, um conhecimento por simulação que os epistemologistas ainda não inventariaram”.




“A serviço das estratégias variáveis que os opõem e os agrupam, os seres humanos utilizam de todas as formas possíveis entidades e forças não humanas, tais como animais, plantas, leveduras, pigmentos, montanhas, rios, correntes marinhas, vento, carvão, elétrons, máquinas, etc.
E tudo isto em circunstâncias infinitamente diversas.
Vamos repetir, a técnica é apenas a dimensão destas estratégias que passam por atores não-humanos”.




“A técnica em geral não é nem boa, nem má, nem neutra, nem necessária, nem invencível.
É uma dimensão, recortada pela mente, de um devir coletivo heterogêneo e complexo na cidade do mundo.
Quanto mais reconhecermos isto, mais nos aproximaremos do advento de uma tecnodemocracia”.






LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_L%C3%A9vy

quarta-feira, 25 de março de 2009

TODOS DE PARABÉNS

Estamos todos de parabéns!
Esta semana completamos dois anos de convivência.


“Sexta-feira, 23 de Março de 2007
REFLEXÕES
Pretendo dividir algumas reflexões e espero que os leitores mandem as suas preferidas.
Divirtam-se!”


Parece que foi ontem...

JOTINHA / GINO LEVER



ME USA
(Jotinha e Gino Liver)
(Interpretação: Banda Magníficos)




Momentos de amor quero com você
Momentos eternos pra nunca esquecer
Se você me ama, me leva pra cama
Acende essa chama de amor e querer

Só nós dois em nosso ninho
Testemunhas para quê?
Nossos corpos coladinhos, suadinhos de prazer

Amor, me leva, faz de mim o que quiser
Me usa, me abusa, pois o meu maior prazer
É ser tua mulher

Amor, me leva, faz de mim o que quiser
Me usa, me abusa, pois o meu maior prazer
É ser tua mulher







Sobre Jotinha e Banda Magníficos clique no linque abaixo:
http://newbrasilmidia.blogspot.com/2008/01/magnficos-discografia.html

Para escutar clique no linque abaixo:
http://www.goear.com/listen/2431882/Me-Usa-Banda-Magnificos

RABISCOS NO BLOCO


terça-feira, 24 de março de 2009

WILLIAM JAMES (2)



William James
Em
Pragmatimo.




“O método pragmático é, primariamente, um método de assentar disputas metafísicas que, de outro modo, se estenderiam interminavelmente.

É o mundo um ou muito? – predestinado ou livre? – material ou espiritual? – eis aqui noções, quaisquer das quais podem ou não valer verdadeiras para o mundo; e as disputas em relação a tais noções são intermináveis.

O método pragmático nesses casos é tentar interpretar cada noção traçando as suas conseqüências práticas respectivas.

Que diferença praticamente haveria para alguém se essa noção, de preferência àquela outra, fosse verdadeira?

Se não pode ser traçada nenhuma diferença prática qualquer, então as alternativas significam praticamente a mesma coisa, e toda disputa é vã.

Sempre que uma disputa é séria, devemos estar em condições de mostrar alguma diferença prática que decorra necessariamente de um lado, ou o outro está correto”.






JAMES, William. Pragmatismo. Tradução de Jorge Caetano da Silva. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005.

Sobre William James clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/William_James

segunda-feira, 23 de março de 2009

ALFRED DE MUSSET



Alfred de Musset
Em
A Confissão de Um Filho do Século.






“Anjo eterno das noites felizes, quem cantará teu silêncio?
Oh beijo!
Bebida misteriosa que os lábios absorvem como taças excitantes!
Embriaguez dos sentidos, oh volúpia!
Sim, como Deus, tu és imortal!
Impulso sublime da criatura, comunhão universal dos seres, volúpia três vezes santa, que dizem de ti os que te celebram?
Chamaram-te passageira, oh criadora!
E disseram que tua curta aparição iluminava sua vida fugitiva.
Palavra mais curta ainda que a respiração dum moribundo!
Verdadeira palavra de bruto sensual, que se admira de viver uma hora, e que confunde a claridade da lâmpada eterna com a fagulha que sai dum seixo!
Amor, oh princípio do mundo!
Flama preciosa que a natureza inteira, como uma vestal inquieta, vigia incessantemente no templo de Deus!
Centro de tudo, por quem tudo existe!
Os espíritos da destruição morreriam soprando sobre ti!
Não me admira que blasfemem contra teu nome, porque não sabem quem és, aqueles que crêem ter te visto em face porque abriram os olhos, e, por que quando encontras teus verdadeiros apóstolos unidos na terra num beijo, ordenas que suas pálpebras se fechem como véus, para que não vejam a felicidade”.








MUSSET, Alfred de. A Confissão de Um Filho do Século. Tradução de Paulo M. de Oliveira e Adelaide Pinheiro Guimarães. Prefácio de Adonias Filho. São Paulo: Editora Escala, s/data.

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sábado, 21 de março de 2009

HEIDEGGER (3)



HEIDEGGER
Em
O fim da filosofia.






“Não é necessário ser profeta para reconhecer que as modernas ciências que estão se instalando serão, em breve, determinadas e dirigidas pela nova ciência básica que se chama cibernética.

Esta ciência corresponde à determinação do homem como ser ligado à praxis da sociedade.
Pois ela é a teoria que permite o controle de todo planejamento possível e de toda organização do trabalho humano.
A cibernética transforma a linguagem num meio de troca de mensagens.
As artes tornam-se instrumentos controlados e controladores da informação”.



“Talvez exista um pensamento mais sóbrio do que a corrida desenfreada da racionalização e o prestígio da cibernética que tudo arrasta consigo.
Justamente esta doida disparada é extremamente irracional.

Talvez exista um pensamento fora da distinção entre racional e irracional, mais sóbrio ainda do que a técnica apoiada na ciência, mais sóbrio e por isso à parte, sem a eficácia e, contudo, constituindo uma urgente necessidade provinda dele mesmo”.




“A tarefa do pensamento seria então a entrega do pensamento, como foi até agora, à determinação da questão do pensamento”.








HEIDEGGER, Martin. O Fim da Filosofia ou A Questão do Pensamento. Tradução, introdução e notas de Ernildo Stein. Revisão de José Geraldo Nogueira Moutinho. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1972.

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EXPOSIÇÃO DA FIGURA


Búzios - Março de 2009
Perdão leitores.

sexta-feira, 20 de março de 2009

BAUDELAIRE (6)



O VAMPIRO
(Charles Baudelaire)





Tu que, como uma punhalada,
Entraste em meu coração triste;
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado
Encontrar o leito e o ascendente;
– Infame a que eu estou atado
Tal como o forçado à corrente,

Como ao baralho o jogador,
Como à bebida o barracão,
Como aos vermes a podridão,
– Maldita sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz
Que me concedesse a alforria,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia,

Ah! Pobre! O veneno e o punhal
Disseram-me de ar zombeteiro:
Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro,

Ah! Imbecil – de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!









BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. Tradução, prefácio e notas de Jamil Almansur Haddad. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1958.

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quinta-feira, 19 de março de 2009

MIRCEA ELIADE



Mircea Eliade
Em
Mito e realidade.






“Heródoto nos confessa por que se deu ao trabalho de escrever suas Histórias: a fim de que as façanhas dos homens não se perdessem no curso dos tempos.
Ele queria conservar a memória dos atos dos gregos e dos bárbaros.

Outros historiadores da antiguidade escreveram suas obras por razões diferentes: Tucídides, por exemplo, para ilustrar a luta pelo poder, traço característico, segundo ele, da natureza humana; Políbio, para mostrar que toda a história do mundo converge para o Império romano, e também porque a experiência adquirida mediante o estudo da História constitui a melhor introdução à vida; Tito Lívio, para descobrir na História “modelos para nós e para o nosso país” – e assim por diante.

Nenhum desses autores – nem mesmo Heródoto, apaixonado pelos deuses e as teologias exóticas – escreveu sua História do modo como o fizeram os autores das mais antigas narrativas históricas de Israel: com o fim de provar a existência de um plano divino e a intervenção do Deus Supremo na vida de um povo.

Isso não quer dizer que os historiadores gregos e latinos tenham sido necessariamente desprovidos de sentimentos religiosos.
Mas em sua concepção religiosa não havia lugar para a intervenção de um Deus único e pessoal na História; eles não atribuíam a esses acontecimentos históricos a significação religiosa que tinham para os israelitas.

Para os gregos, por outro lado, a História não passava de um aspecto do processo cósmico, condicionado pela lei do vir-a-ser.
Como todos os fenômenos cósmicos, a História mostrava que as sociedades humanas nascem, se desenvolvem, degeneram e perecem.
A História, por essa razão, não podia ser um objeto de conhecimento.
A historiografia, entretanto, era útil, pois ilustrava o processo do eterno vir-a-ser na vida das nações, sobretudo para conservar a memória das façanhas de diversos povos e os nomes e as aventuras dos personagens excepcionais”.








ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. Tradução de Paola Civelli. Revisão de Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1989.

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quarta-feira, 18 de março de 2009

JOSÉ RÉGIO



O Poeta Morto
(José Régio)





Barbearam-no e vestiram-no de preto,
Calçaram-lhe sapatos de verniz.
Moscas varejas chupam-lhe o nariz,
E ele mantém-se pálido e correto.

Cheira a cera no quarto, já refleto
Do que há de mais distante no país.
...Um general, dois lentes, um juiz...
Com ar triste, imbecil, grave e discreto.

Logo, os críticos sérios e carecas
Folheando no pó das bibliotecas
Um livro caluniado enquanto vivo

Esse a quem chamam hoje ilustre e augusto
Porque... porque ele, agora, é inofensivo
Como qualquer estampa ou qualquer busto!








NEVES, João Alves das. Poetas Portugueses Modernos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

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sexta-feira, 6 de março de 2009

FUI À PRAIA, VOLTO JÁ


Búzios

Pausa para reflexão, fiquem em paz...

DION FORTUNE



Dion Fortune
Em
Filosofia oculta do amor e do casamento.






“Fato muito conhecido de todos os estudiosos da natureza humana, é que algumas pessoas parecem ter o poder de trazer à luz o melhor que tem uma outra, e que, quando se unem, parece que a natureza de cada uma delas floresce e se capacita para elevar-se a grandes alturas de desenvolvimento, que jamais poderiam escalar isoladamente, e simultaneamente parecem tomadas de uma felicidade e uma irradiação indescritíveis”.



“São capazes até de se imaginarem que não são duas entidades separadas, mas simples metades de um todo único.
A completa simpatia e o vínculo perfeito que existem entre essas duas mentes, fazem que cada estado de ânimo de uma delas se reflita no outro; a tristeza de uma submerge instantaneamente a outra em tristeza, ao passo que a alegria de uma enche de felicidade a outra”.



“As crenças populares neste aspecto são muito definidas, e todos sentem a secreta esperança de que lhes seja possível realizar esse anseio de seu coração, por mais que a experiência nos tenha ensinado abrumadora improbabilidade de seu atingimento.

Seja como for, e apesar de tudo, sempre surge a esperança, pois tão arraigado está nosso instinto com ela”.






DION FORTUNE. Filosofia oculta do amor e do casamento. Tradução de J. Gervásio de Figueiredo. São Paulo: CIA.ED. O Pensamento, 1953.


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CHRISTIAN SCHAD


Tate Gallery, London, UK



Self-Potrait
1927 – óleo sobre madeira – 103,8 x 90,9 cm.
Autor: Christian Schad

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quinta-feira, 5 de março de 2009

RONALD DE CARVALHO



LÂMPADA NOTURNA
(Ronald de Carvalho)






Tonta de sono e de doçura
no alto das garras de marfim
perdida em sombra a luz procura.
Alguém morreu dentro de mim...

Pela janela triste e escura
que abre os balcões para o jardim
sobe um perfume de amargura.
Alguém morreu dentro de mim...

E vais rompendo silenciosa
com o fino teu punhal de luxo
no último vaso a última rosa...

E o caule nu reflete agora
no teu olhar como um repuxo
que implora o azul e não demora...







In. Revista Orpheu, Número 1 (1915).
Disponível em:
http://www.gutenberg.org/files/23620/23620-8.txt


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quarta-feira, 4 de março de 2009

WALTER BENJAMIN (2)



Walter Benjamin
Em
Dadaísmo.






“Uma das tarefas mais importantes da arte foi sempre a de gerar uma demanda cujo atendimento integral só poderia produzir-se mais tarde.
A história de toda forma de arte conhece épocas críticas em que essa forma aspira a efeitos que só podem concretizar-se sem esforço num novo estágio técnico, isto é, numa nova forma de arte.
As extravagâncias e grosserias artísticas daí resultantes e que se manifestam sobretudo nas chamadas “épocas de decadência” derivam, na verdade, do seu campo de forças historicamente mais rico.
Ultimamente, foi o dadaísmo que se alegrou com tais barbarismos.
Sua impulsão profunda só agora pode ser identificada: o dadaísmo tentou produzir através da pintura (ou da literatura) os efeitos que o público procura hoje no cinema”.



“Toda tentativa de gerar uma demanda fundamentalmente nova, visando à abertura de novos caminhos, acaba ultrapassando seus próprios objetivos”.


“O dadaísmo colocou de novo em circulação a fórmula básica da percepção onírica, que descreve ao mesmo tempo o lado tátil da percepção artística: tudo o que é percebido e tem caráter sensível é algo que nos atinge.
Com isso, favorece a demanda pelo cinema, cujo valor de distração é fundamentalmente de ordem tátil, isto é, baseia-se na mudança de lugares e ângulos, que golpeiam intermitentemente o espectador”.








BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas Volume 1. Tradução: Sergio Paulo Rouanet. Prefácio: Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin

terça-feira, 3 de março de 2009

WALT WHITMAN (2)



Walt Whitman
Em
Folhas de Relva.







ÀS VEZES COM QUEM AMO

Às vezes com quem amo fico cheio de raiva,
por medo de estar dando amor não retribuído;
agora penso porém que não há amor sem retribuição,
a paga é certa de uma forma ou outra.
(Amei certa pessoa ardentemente e meu amor não foi retribuído,
mas desse alguém eu tirei com que escrever estes cantos.)



JUVENTUDE NÃO É O QUE ME PERTENCE

Juventude não é o que me pertence,
delicadeza tampouco, não tenho tempo a gastar em conversa,
sem jeito no salão, nem elegante nem dançarino,
na roda dos eruditos sento-me constrangido e silencioso, porque
sapiência e formosura não se dão bem comigo
– embora existam, duas ou três coisas com as quais me dou bem:
Tenho dado de comer aos feridos e apaziguado muito soldado morrendo,
E à espera nos intervalos ou em plena campanha
Tenho composto estes cantos.






WHITMAN, Walt. Folhas de Relva. Seleção e tradução de Geir Campos. Ilustrações de Darcy Penteado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Walt_Whitman

RABISCOS NO BLOCO


segunda-feira, 2 de março de 2009

JACQUES LE GOFF



Jacques Le Goff
Em
História e memória.






“A contradição mais flagrante da história é sem dúvida o fato do seu objeto ser singular, um acontecimento, uma serie de acontecimentos, de personagens que só existem uma vez, enquanto que o seu objetivo, como o de todas as ciências, é atingir o universal, o geral, o regular”.



“A objetividade histórica – objetivo ambicioso – constrói-se pouco a pouco através de revisões incessantes do trabalho histórico, laboriosas verificações sucessivas e acumulação de verdades parciais”.



“Face aos defensores da história positivista que julgam poder banir toda a imaginação e, até, toda a “idéia” do trabalho histórico, muitos historiadores e teóricos da história reivindicam e continuam a reivindicar o direito à imaginação”.



“A história da história não se deve preocupar apenas com a produção histórica profissional mas com todo um conjunto de fenômenos que constituem a cultura histórica ou, melhor, a mentalidade histórica de uma época”.






LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Bernardo Leitão [et al]. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.
Disponível em:
http://www.esnips.com/web/ViciadosHistoria/


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http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Le_Goff