terça-feira, 31 de julho de 2007

RABISCOS NO BLOCO


EPICURO (2)


Epicuro

Em
Pensamentos



“A quem não basta pouco nada basta.”

“De todas as coisas que nos oferece a sabedoria para a felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade.”

“Não deve supor-se antinatural que a alma ressoe com os gritos da carne. A voz da carne diz: não se deve sofrer a fome, a sede e o frio. E é difícil para a alma opor-se; antes, é perigoso para ela não escutar a prescrição da natureza, em virtude da sua exigência inata de bastar-se a si própria.”

“O sábio que se pôs à prova nas necessidades da vida, melhor sabe dar generosamente que receber: tão grande é o tesouro de íntima segurança e independência dos desejos que em si possui.”




EPICURO Pensamentos. Tradução de Johannes Mewaldt e outros. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epicuro

segunda-feira, 30 de julho de 2007

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (2)

NO MEIO DO CAMINHO
(Carlos Drummond de Andrade)


No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.




ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Editora Record, 1993.

domingo, 29 de julho de 2007

sexta-feira, 27 de julho de 2007

LA BRUYÈRE (6)


La Bruyère – Máximas “Do Coração”


45 “É agradável encontrar os olhos daquele a quem acabamos de dar.”

49 “A experiência confirma que a brandura ou a indulgência para conosco e a severidade para com os outros, são um mesmo e único vício.”

54 “Quando fizemos por certas pessoas tudo para conquistá-las e nada conseguimos, ainda existe um recurso, que é o de não fazer mais nada.”

57 “É agradável ver amigos por prazer e por estima; é penoso cultivá-los por interesse; isto é suplicar.”

80 “Não há no mundo excesso mais belo que o do reconhecimento.”



Jean La Bruyère nasceu em 1645 em Paris e morreu em 1696. Faz parte, junto com La Rochefoucauld e outros, do grupo chamado de "moralistas”.

LA BRUYÈRE Os Caracteres. Trad. Alcântara Silveira. São Paulo: Ed. Cultrix, 1965.

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 26 de julho de 2007

BRONISLAW BACZKO

Bronislaw Baczko
Em Imaginação social



“A mitologia que nasce a partir de determinado acontecimento sobreleva em importância o próprio acontecimento.”

“Todas as épocas têm as suas modalidades específicas de imaginar, reproduzir e renovar o imaginário, assim como possuem modalidades específicas de acreditar, sentir e pensar.”

“Como já indicamos, os bens simbólicos que as sociedades produzem não são ilimitados.
Ora, a legitimidade do poder é um bem particularmente raro e asperamente disputado. Constitui, muito em especial, o objeto dos conflitos e lutas entre dominantes e dominados.”

“Os sonhos e as esperanças sociais freqüentemente vagos e contraditórios, procuram cristalizar-se e andam em busca de uma linguagem e de modos de expressão que os tornem comunicáveis.”

“Os imaginários sociais operam ainda mais vigorosamente na produção de visões futuras, designadamente na projeção de angustias, esperanças e sonhos coletivos sobre o futuro.”





BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. In: ROMANO, Ruggiero (org.). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1985. v. 5.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

HÉLIO OITICICA

PARANGOLÉ
(1971)

“photo A: for ad (2nd page) Omar dresses up CAPE 23 P30 (parangolé) rio-nyk 1965/71".

Autoria: HELIO OITICICA

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lio_Oiticica

http://www.portacurtas.com.br/buscaficha.asp?Elenc=13814#

CÍCERO (3)

Saber envelhecer
(Cícero)



”Em geral, parece-me, perdemos o apetite de viver quando nossas paixões são saciadas.
Devem os adolescentes lamentar a perda do que adoravam quando crianças?
E poderiam os homens maduros ter saudade do que amavam quando adolescentes?
Também eles têm seus gostos, que não são os dos velhos.
A velhice, enfim, tem suas inclinações próprias.
E estas por sua vez se desvanecem como desapareceram as das idades precedentes.
Quando esse momento chega, a saciedade que sentimos nos prepara naturalmente para a proximidade da morte.”


Cícero, Marco Túlio Saber envelhecer e A amizade. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2002

Sobre Cícero (106-43 aC) procurar:
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADcero

segunda-feira, 23 de julho de 2007

RABISCOS NO BLOCO


FLORBELA ESPANCA (3)

Os versos que te fiz
(Florbela Espanca)


Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!




ESPANCA, Florbela Sonetos. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005.

Sobre a autora:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

domingo, 22 de julho de 2007

LAO TSE (4)

QUEM É CORRETO NO POUCO É CORRETO NO MUITO
(Lao-Tse)



O que é bem arraigado não será desarraigado.
O que é bem conduzido não será seduzido.
O que vive na mente de filhos e netos,
Não perecerá.
Quem vive fiel ao Eu interno,
Vive corretamente.
Quem lhe é fiel na família,
Terá vida em abundância.
Quem lhe é fiel na comunidade,
Vive permanentemente.
Quem lhe é fiel no povo,
Sabe que vive pela potência interior.
Quem lhe é fiel na humanidade,
Sabe que seu Eu abrange tudo.
Pelo que:
Segundo a tua maturidade individual,
Conhecerás os outros.
Segundo a maturidade de tua família
Avaliarás as outras famílias.
Tua comunidade é a medida
Para as outras comunidades.
Por teu povo medirás os outros povos.
Por tua humanidade medirás a Humanidade.
Por onde conheço eu esta lei da ordem?
Por si mesma.


Lao-Tse viveu na China no século VI a.C. e a ele se atribui a autoria dos 81 “capítulos breves” que compõem o Tao Te King, uma espécie de síntese da sabedoria milenar chinesa.

LAO-TSE. Tao Te King. Tradução de Humberto Rohde. São Paulo: Fundação Alvorada, s/data. 2a ed.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

RABISCOS NO BLOCO


MANUEL BANDEIRA (5)


POEMA DO BECO
(Manuel Bandeira)

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.



CONTO CRUEL
(Manuel Bandeira)

A uremia não o deixava dormir. A filha deu uma injeção de sedol.
- Papai verá que vai dormir.
O pai aquietou-se e esperou. Dez minutos... Quinze minutos...
Vinte minutos... Quem disse que o sono chegava?
Então ele implorou chorando:
- Meu Jesus Cristinho!
Mas Jesus Cristinho nem se incomodou.



BANDEIRA, Manuel Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

RAUL SEIXAS

"OURO DE TOLO"

Raul Seixas


Eu devia estar contente
Por que eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao senhor por ter tido
sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz por que eu consegui
Comprar um corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em
Ipanema depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na cidade maravilhosa

Ah ! Eu devia estar sozinho e orgulhoso por ter
Finalmente vencido na vida mas eu acho isto uma
Grande piada e um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente por ter conseguido tudo
O que eu quis mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado
Por que foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto, e dai?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar,e eu não
Posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo senhor ter me concedido o domingo
Pra ir com a família no Jardim zoológico dar pipoca aos macacos
Ah ! Mas que sujeito chato sou eu que nao acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco

É voce olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado que só usa
Dez por cento de sua cabeca animal
E você ainda acredita que é um doutor padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte para nosso belo quadro social

Eu é que não me sento no trono de um apartamento com a boca
Escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

quarta-feira, 18 de julho de 2007

terça-feira, 17 de julho de 2007

LUÍS DE CAMÕES

ESPARSA AO DESCONCERTO DO MUNDO
(Luís de Camões)


Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.


CAMÕES, Luís de. Versos e Alguma Prosa de Luís de Camões. Prefácio e seleção de textos por Eugênio de Andrade. Lisboa: Moraes Editores, 1977.

RON MUECK


MÁSCARA II (2001)
Escultura de Ron Mueck

Para conhecer mais de sua obra, procurar:
http://www.artesdoispontos.com/artistas.php?tb=artistas&id=15

BRINCANDO É QUE SE BRINCA

O Blog Sei que existes me mandou um desafio:
"Cada pessoa escreve sete fatos casuais sobre a sua vida.- Depois passa o desafio a outras sete"

Assim cá vou eu escrever sete fatos casuais:

- Nasci no Rio de Janeiro
- Sou torcedor do Botafogo
- Gosto de Astrologia
- Sol em Gêmeos, ascendente em Peixes
- Não gosto de Química
- Gosto de quase todos os gêneros musicais
- Adoro estudar

Transfiro o desafio para: un dress; eu...; Solitária; Goddess Night; Carol Rocha e redonda.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

MÁRIO QUINTANA (3)

O MORTO
(Mario Quintana)


Eu estava dormindo e me acordaram
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco,
Já eram horas de dormir de novo!


QUINTANA, Mario Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.

domingo, 15 de julho de 2007

SAUL STEINBERG

Untitled, 1948.
Ink on paper, 14 1/4 x 11 1/4".Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University.


Sobre Steinberg procurar:
http://en.wikipedia.org/wiki/Saul_Steinberg

sexta-feira, 13 de julho de 2007

NIETZSCHE (6)

Nietzsche
Em Além do Bem e do Mal



63
“Aquele que é fundamentalmente mestre só leva a sério as coisas por causa de seus alunos – inclusive ele próprio.”

69
“Observou-se mal a vida, se ainda não se descobriu a mão que delicadamente mata.”

94
“A maturidade do homem consiste em ter reencontrado a seriedade que tinha nos brinquedos quando era criança.”

104
“Não é seu amor pela humanidade, mas a impotência de seu amor pela humanidade que impede os cristãos de hoje – de nos jogar na fogueira.”



NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. Tradução de Antonio Carlos Braga. São Paulo:Editora Escala, s/data.

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 12 de julho de 2007

OSCAR WILDE (5)

OSCAR WILDE
Em O RETRATO DE DORIAN GRAY


“Não fale de coisas horríveis.
Se ninguém fala de uma coisa, é como se ela não tivesse acontecido nunca.”


“ – E não pertence ao passado o que acontece neste mesmo instante?
As pessoas superficiais são as únicas que têm necessidade de anos para desembaraçar-se de uma emoção.
Um homem dono de si mesmo pode dar fim a um desgosto com a mesma facilidade com que inventa um prazer.
Não quero sentir-me à mercê das minhas emoções.
Quero experimentá-las, gozá-las e dominá-las.”


“... não posso deixar de compreender o erro que há em pensar que a paixão experimentada na criação possa realmente exprimir-se na obra criada.
A arte é sempre mais abstrata do que imaginamos.
A forma e a cor nos falam da forma e da cor, e nada mais.
Parece-me muitas vezes que a arte costuma ocultar o artista mais totalmente do que o revela.”

(Trechos do Capítulo IX)

WILDE, Oscar O Retrato de Dorian Gray. In.__________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

PASCAL (4)


Pensamentos
(Blaise Pascal)



124 – Não somente olhamos as coisas por outros lados mas ainda com outros olhos; não temos maneira de achá-las iguais.

129 – Nossa natureza está no movimento; o inteiro repouso é a morte.

147 – Não nos contentamos com a vida que temos em nós e no nosso próprio ser; queremos viver na idéia dos outros uma vida imaginária, e, para isso, esforçamo-nos por fingir.

152 – Orgulho – Curiosidade nada mais é senão vaidade.
O mais das vezes, não se quer aprender senão para falar do que se sabe.
Não viajaríamos só pelo prazer de ver, se não quizéssemos dizer algo a respeito e não esperássemos comunicar nossas impressões.



PASCAL, Blaise Pensamentos. Tradução de Sérgio Milliet. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Blaise_Pascal

terça-feira, 10 de julho de 2007

RABISCOS NO BLOCO


ATRIBUIDAS A UM MARGINAL CARIOCA

“Cachorro não pode ser parceiro de onça, se a onça acorda com fome ela come o cachorro.”

“Vagabundo é mau..., como é mau.”

“Eu faço os furos, quem mata é Deus.”

“Quem tem medo de morrer que se enterre vivo.”

“Quem não morre não vê Deus.”

domingo, 8 de julho de 2007

LA BRUYÈRE (5)

La Bruyère – Máximas “Do Coração”


1 “Há na amizade pura um prazer a que não conseguem atingir os que nasceram medíocres.”

9 “O amor começa pelo amor; e somente passaríamos da mais forte amizade para um fraco amor.”

12 “O amor que nasce inesperadamente é o mais difícil de curar.”

19 “É uma doce vingança a quem muito ama, transformar, pelo seu proceder, um ingrato num ingratíssimo.”

39 “Queremos dar toda a felicidade ou, se não for possível, toda a infelicidade a quem amamos.”


Jean La Bruyère nasceu em 1645 em Paris e morreu em 1696. Faz parte, junto com La Rochefoucauld e outros, do grupo chamado de "moralistas”.

LA BRUYÈRE Os Caracteres. Trad. Alcântara Silveira. São Paulo: Ed. Cultrix, 1965.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

ALAN WATTS (3)

ALAN WATTS
Em Psicoterapia Oriental & Ocidental


“O estado de consciência que vem depois da libertação da ficção do ego é facilmente inteligível em termos de psiquiatria.
Um dos importantes fatos físicos que a socialização reprime é que todas as nossas experiências sensoriais são estados do sistema nervoso.
O campo de visão, que tomamos como estando fora do organismo, em realidade está dentro porque é uma tradução do mundo exterior na forma do olho e dos nervos óticos.
O que vemos é portanto um estado do organismo, um estado de nós mesmos”

“Da mesma forma não se ouve um som.
O som é o ouvir; fora disso, fica sendo simplesmente uma vibração no ar.
Os estados do sistema nervoso não precisam, como supomos, ser vigiados por alguma coisa mais, por um homenzinho situado dentro da cabeça e que os registra.
Não precisaria esse homenzinho de ter outro sistema nervoso, e outro homenzinho na cabeça...”

“Se tudo isso é verdade, fica evidente que o sentimento do ego é pura hipnose.
A sociedade está convencendo o indivíduo a fazer o que ela quer mediante o recurso de fazê-lo crer que as ordens Dela são ordens do ser interior do indivíduo.”



Alan Watts foi um dos grandes divulgadores do pensamento zen-budista nos Estados Unidos e na Inglaterra. Recebeu o grau de mestre do Seabury-Western Theological Seminary, em Illinois, e um doutorado honorário em divindade da University of Vermont. Nasceu na Inglaterra, em 1915 e morreu em 1973 nos Estados Unidos.

WATTS, Alan W. Psicoterapia Oriental & Ocidental. Tradução de José Veiga. Rio de Janeiro: Editora Record, s/data (original 1961).

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alan_Watts

quinta-feira, 5 de julho de 2007

OSCAR WILDE (4)

OSCAR WILDE
Em O RETRATO DE DORIAN GRAY


“Os que encontram significações feias em coisas belas, são corruptos sem ser encantadores. Isto é um defeito. Os que encontram belas significações em coisas belas são cultos. Para estes há esperança”

“Um livro não é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo.”

“Na realidade, a arte reflete o espectador e não a vida.”

“Podemos perdoar a um homem por haver feito uma coisa útil, contanto que não a admire. A única desculpa de haver feito uma coisa inútil é admirá-la intensamente. Toda arte é completamente inútil.”


(Trechos do Prefácio)

WILDE, Oscar O Retrato de Dorian Gray. In.__________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

SONETOS

IX

Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: – “Ai! nada somos,
Pois ela se morreu, silente e fria... ”
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: – “Por que não vieram juntos?”


Mais poemas do dito, procurem: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000013.pdf

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alphonsus_de_Guimaraens

ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO

MANTO DA APRESENTAÇÃO
Tecido e linha. 118,5 x 141 x 20 cm
Autoria: Arthur Bispo do Rosário

Para conhecer mais de sua obra, procurem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bispo_do_Ros%C3%A1rio

terça-feira, 3 de julho de 2007

CHUANG TZU (5)

A ALEGRIA DOS PEIXES
(Chuang Tzu)


Chuang Tzu e Hui Tzu
Atravessavam o rio Hao
Pelo açude.

Disse Chuang:
“Veja como os peixes
Pulam e correm tão livremente:
Isto é a sua felicidade”.

Respondeu Hui:
“Desde que você não é um peixe
Como sabe
O que torna os peixes felizes?”

Chuang respondeu:
“Desde que você não é eu,
Como é possível que saiba
Que eu não sei
O que torna os peixes felizes?”

Hui argumentou:
“Se eu, não sendo você,
Não posso saber o que você sabe
Daí se conclui que você,
Não sendo peixe,
Não pode saber o que eles sabem”.

Disse Chuang:
“Um momento:
Vamos retornar
À pergunta primitiva.
O que você perguntou foi
“Como você sabe
O que torna os peixes felizes?”
Dos termos da pergunta
Você sabe evidentemente que eu sei
O que torna os peixes felizes.

“Conheço as alegrias dos peixes
No rio
Através de minha própria alegria, à medida
Que vou caminhando à beira do mesmo rio”.


CHUANG TZU, considerado o maior escritor taoista de cuja existência se tem notícia, escreveu sua obra no final do período clássico da filosofia chinesa, de 550 a 250 aC.

MERTON, Thomas. A Via de Chuang Tzu. Petrópolis: Editora Vozes, 1974.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

RABISCOS NO BLOCO


OVÍDIO (2)

A Arte de Amar
(Ovídio)
Livro I


“Compete ao varão começar o assédio, compete-lhe fazer as súplicas.”

“... ela anseia por tal pedido. Conta-lhe a causa e o princípio de teu desejo.”

“Se perceberes, porém que um orgulho desdenhoso repele tuas súplicas, desiste do projeto e volta atrás. Muitas desejam o que lhes foge e odeiam o que se lhes oferece. Se menos insinuante e não serás repelido.”


“Quem colhe um beijo e não colhe o resto merece perder até os favores concedidos..”

“Ainda que consideres violência, essa violência é grata às mulheres: muitas vezes elas concedem forçadas o que querem na realidade conceder.”

“A que é, inopinadamente, atacada pelo amoroso se regozija e essa desfaçatez lhe é comparável a um presente. Por outro lado, aquela que se poderia colher e que se retira intacta, fica triste, embora aparente alegria.”


“Não é do inimigo que os amantes devem ter medo. Foge daqueles que acreditas serem leais, estarás e ficarás em segurança. Cuidado com um parente, um irmão, um amigo dileto: dar-te-ão motivos de temores bem fundados.”


OVÍDIO A Arte de Amar. Tradução de David Jardim Júnior. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s/data.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ovidio

domingo, 1 de julho de 2007

MARIO QUINTANA (2)

DA CONDIÇÃO HUMANA
(Mario Quintana)

Se variam na casca, idêntico é o miolo,
Julguem-se embora de diversa trama;
Ninguém mais se parece a um verdadeiro tolo
Que o mais sutil dos sábios quando ama.


DA ETERNA PROCURA
(Mario Quintana)

Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.


QUINTANA, Mario Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.