sábado, 30 de maio de 2009

JEAN PAUL SARTRE (2)



Jean Paul Sartre
Em
O Existencialismo é um humanismo.





“Posso, pois dizer: gosto o bastante de minha mãe para ficar junto dela – se eu tiver ficado junto dela.
Não posso determinar o valor desse afeto a não ser que, precisamente, eu pratique um ato que o confirme e o defina.
Ora como eu pretendo que esta afeição justifique o meu ato, encontro-me metido num círculo vicioso.

Além de que Gide disse e muito bem, que um sentimento que se finge ou um sentimento que se vive são duas coisas quase indiscerníveis: decidir que gosto da minha mãe ficando ao pé dela ou representar uma comédia que me leve a ficar por causa de minha mãe, é quase a mesma coisa.

Por outras palavras, o sentimento constitui-se pelos atos que se praticam, não posso, pois consulta-lo para me guiar por ele”.







SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um humanismo. Tradução e notas de Vergílio Ferreira. 2ª. Ed. Lisboa: Editorial Presença, s/data.

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sexta-feira, 29 de maio de 2009

ALBERTO DE OLIVEIRA



SONHO
(Alberto de Oliveira)




De onde a conheço? De um sonho
Misterioso e fugitivo.
Vi-a, e loucura suponho,
Mas rematada loucura,
Achar no mundo em que vivo
Tal criatura.

Era tão meiga e tão linda!

Amo-a. Amor assim profundo
Não houve nunca no mundo!
E uma esperança não ponho
Na esperança de vê-la ainda...
Nem mesmo em sonho.







BANDEIRA, Manuel. Antologia dos poetas brasileiros - Fase parnasiana. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_de_Oliveira

RABISCOS NO BLOCO


quinta-feira, 28 de maio de 2009

NORBERT ELIAS (2)



Norbert Elias
Em
Os Alemães.





“São inadequados os critérios de estratificação que mostram como as pessoas numa sociedade são agrupadas quando vistas unicamente desde a perspectiva de terceira pessoa do plural do investigador, como “eles”.

Tais critérios precisam ser usados em conjunto com outros derivados das perspectivas daqueles sob investigação.

Pois as pessoas que estão sendo estudadas também têm suas próprias perspectivas sobre como são agrupadas e estratificadas, vendo-se a si mesmas e, mutuamente, das perspectivas da primeira e da terceira pessoas do plural, como “nós” e “eles”.

A imagem que as pessoas que vivem juntas numa sociedade específica têm de sua própria posição e da de outras na pirâmide social deve conjugar-se com critérios de estratificação desde a perspectiva do pesquisador, a fim de formar um modelo abrangente que tenha a chance de ser fecundo em novos trabalhos; pois a experiência de estratificação pelos participantes é um dos elementos constitutivos da estrutura da estratificação”.







ELIAS, N. Os Alemães: a luta pelo poder e evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Editado por Michael Schroter. Tradução de Álvaro Cabral. Revisão técnica de Andréa Daher. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

MONTAIGNE (4)



Montaigne
Em
Ensaios: Livro segundo
.





“Há vários anos, somente a mim mesmo tenho como objetivo de meus pensamentos, somente a mim é que observo e estudo; se atento para outra coisa logo a aplico a mim ou a assimilo.

E não creio seguir caminho errado se, como fazem com as outras ciências incontestavelmente menos úteis, comunico a outrem minhas experiências, embora me considere pouco satisfeito com meus progressos.

Não há descrição mais difícil do que a de si próprio, nem mais aproveitável, mas é necessário enfeitar-se, arranjar-se para se apresentar em público.

Assim, enfeito-me sem descontinuar, por isso que me descrevo constantemente”.




“Preocupar-se consigo parece aos outros admirar-se.

Consideram que observar e sondar a alma é amá-la exageradamente.

Mas este excesso só se verifica naqueles que se analisam superficialmente, nos que se estudam após seus negócios, nos que denominam delírio e ociosidade a expressão das sensações próprias, nos que acham que trabalhar em prol do desenvolvimento cultural é construir castelos na Espanha, nos que são estrangeiros e indiferentes a si próprios”.






MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. Tradução de Sérgio Milliet. 1ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1972. (Os Pensadores)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Eyquem_de_Montaigne

terça-feira, 26 de maio de 2009

RAIMUNDO CORREIA



O Vinho de Hebe
(Raimundo Correia)





Quando do Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos.
E ela, passando, os copos lhes enchia...

A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia...

E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa...
Passa, e não torna atrás o seu caminho.

Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho.







BANDEIRA, Manuel. Antologia dos poetas brasileiros - Fase parnasiana. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967.

Sobre Raimundo Correia clique no linque abaixo:
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segunda-feira, 25 de maio de 2009

GADAMER



Hans-Georg Gadamer
Em
O Problema da Consciência Histórica.






“Numa civilização em que a consciência coletiva é comandada pelo progresso da ciência, o aperfeiçoamento da tecnologia, a crença na riqueza e o ideal do lucro – e talvez também marcada pelos presságios de que esse sonho chega ao fim –, a novidade e a inovação encontram-se precisamente em uma situação crítica, pois o antigo já não oferece mais verdadeiras resistências nem encontra defensor.

Tal é provavelmente o aspecto mais importante da consciência histórica atualmente caracterizada como burguesa: não que o antigo deva ser relativizado, mas que o novo, por sua vez relativizado, torne possível uma justificação do antigo.



Não é verdade que a questão de saber o que é se resolva sempre necessariamente, seja a favor do novo, que não tarda a se tornar obsoleto, seja a favor do que foi.

Sem dúvida, o relativismo histórico tornou intelectualmente impossível o retorno efetivo de modos anteriores de pensamento e de toda sistematização ingênua.

Mas a questão filosófica não pode deixar de ser colocada.

Não se pode reduzi-la à sua função social nem contorna-la, rejeitando-a ou legitimando-a a partir da crítica da ideologia.

A consciência histórica transcendeu desde sempre tudo isso para retomar – embora tardiamente – a interrogação à qual damos o nome de filosofia”.









GADAMER, Hans-Georg. O Problema da Consciência Histórica. Organizador: Pierre Fruchon; Tradução de Paulo César Duque Estrada. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.

Sobre Gadamer clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans-Georg_Gadamer

VLADIMIR TATLIN



Coleção privada.

RELIEVE
1914 – metal e couro sobre madeira – 62,9 x 53 cm.
Autor: Vladimir Tatlin

Sobre Vladimir Tatlin clique no linque abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Tatlin

sábado, 23 de maio de 2009

SCHELLING



Schelling
Em
Exposição da idéia universal da filosofia em geral e da filosofia-da-natureza como parte integrante da primeira.






“O primeiro passo para a filosofia e a condição sem a qual nem sequer é possível entrar nela – é a compreensão de que o absolutamente ideal é também o absolutamente real, e de que, fora disso, só há, em geral, realidade sensível e condicionada, mas nenhuma realidade absoluta e incondicionada.

Aquele para o qual o absolutamente ideal ainda não se revelou como o absolutamente real pode ser levado de diversas maneiras até esse ponto da compreensão, mas ela mesma só pode ser provada indiretamente, não diretamente, pois é, pelo contrário, o fundamento e princípio de toda demonstração”.







SCHELLING, Friedrich Wilheim Joseph von. Obras escolhidas. Seleção, tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os pensadores)

Sobre Schelling clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Wilhelm_Joseph_von_Schelling

sexta-feira, 22 de maio de 2009

SILVIO LIMA



Esta Noite Eu Queria Que o Mundo Acabasse
(Silvio Lima)
(Bolero-1963)



Esta noite, eu queria que o mundo acabasse
E para o inferno o Senhor me mandasse
Para pagar todos pecados meus

Eu, fiz sofrer a quem tanto me quis
Fiz de ti, meu amor infeliz
Esta noite, eu queria morrer

Perdão, quantas vezes tu me perdoaste
Quanto pranto, por mim derramaste
Hoje o remorso me faz padecer

Esta, é a noite da minha agonia
É a noite, da minha tristeza
Por isso eu quero morrer






Sobre Silvio Lima clique no linque abaixo:
http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Silvinho

quinta-feira, 21 de maio de 2009

CLIFFORD GEERTZ



Clifford Geertz
Em
Negara – O Estado teatro no século XIX.





“Do ponto de vista pragmático, duas abordagens, dois tipos de compreensão, devem convergir se se quer interpretar uma cultura: uma descrição e formas simbólicas específicas (um gesto ritual, uma estátua hierática) enquanto expressões definidas; e uma contextualização de tais formas no seio da estrutura significante total de que fazem parte e em termos de qual obtêm a sua definição.

No fundo, isto é, obviamente, o já conhecido círculo hermenêutico; a apreensão dialética das partes que estão incluídas no todo e do todo que motiva as partes, de modo a tornar visíveis simultaneamente as partes e o todo”.



“De modo a seguir um jogo de baseball tem que se compreender o que são um bat, um inning, um left fielder, um squeese play, uma hanging curve ou um tightened infield, e o que é, afinal de contas, esse jogo do qual estas “coisas” são elementos”.



“Os dois tipos de compreensão são inseparavelmente dependentes um do outro, e surgem simultaneamente”.







GEERTZ, C. Negara – O Estado teatro no século XIX. Tradução de Miguel Vale de Almeida. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.

Sobre Clifford Geertz clique no linque abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Clifford_Geertz

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 20 de maio de 2009

LUIS GUIMARÃES JÚNIOR



Visita à casa paterna
(Luis Guimarães Júnior)






Como a ave que volta ao ninho antigo,
depois de um longo e tenebroso inverno,
eu quis também rever o lar paterno,
o meu primeiro e original abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
e fantasma talvez do amor materno,
tomou-me as mãos, olhou-me grave e terno,
e passo a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala (oh, se me lembro, e quanto!)
em que a luz noturna à claridade,
minhas irmãs e minha mãe... O pranto

jorrou-me em ondas... Resistir quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
chorava em cada canto uma saudade!








FARACO, Sérgio, org. Livro dos Sonetos 1500 – 1900. Porto Alegre: L&PM, 1996.

Sobre Luis Guimarães Júnior clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Caetano_Pereira_Guimar%C3%A3es_J%C3%BAnior

terça-feira, 19 de maio de 2009

MAX HORKHEIMER



Max Horkheimer
Em
Teoria tradicional e teoria crítica
.





“A hostilidade que reina hoje em dia na opinião pública a qualquer teoria se orienta na verdade contra a atividade modificadora ligada ao pensamento crítico.

Se o pensamento não se limita a registrar e classificar as categorias da forma mais neutra possível, isto é, não se restringe às categorias indispensáveis à práxis da vida nas formas dadas, surge imediatamente uma resistência.

Para a grande maioria dos dominados prevalece o medo inconsciente de que o pensamento teórico faça aparecer como equivocada e supérflua a acomodação deles à realidade, o que foi conseguido com tanto esforça.

Da parte dos aproveitadores se levanta a suspeita geral contra qualquer tipo de autonomia intelectual”.









CIVITA, Victor (Editor). Walter Benjamin, Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Jürgen Habermas, Textos Escolhidos. Traduções de José Lino Grünnewald... [et al.]. 2ª. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores)

Sobre Horkheimer clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Horkheimer

segunda-feira, 18 de maio de 2009

FEDRO (2)



O Lobo e o cordeiro
(Fedro)






“Coagidos pela sede, vão ter ao mesmo riacho um lobo e um cordeiro.
Começa aquele a beber, quando avista, bem mais abaixo, o lindo e manso lanígeo.
E o animal feroz, instigado pela fome e por seus instintos sanguinários, inventou um pretexto de rixa, interrogando:

– Por que turvas a água que estou bebendo?

Responde o cordeiro, cheio de medo:

– Como é possível?! A água corre límpida, de ti para os meus goles!

E, posto que rechaçada pela evidência da verdade, acrescenta a fera:

– Há seis meses, falaste mal de mim.

– Como podia eu falar mal de ti, – retrucou o cordeiro –, se eu ainda não tinha nascido?

– Se não foste tu, foi teu pai, – concluiu o lobo.

E, nesse instante, arrebata o animalzinho, devorando-o com a mais injusta das mortes.

Esta fábula convém àqueles que, por falsas razões, oprimem os inocentes”.







GONÇALVES, Maximiano Augusto. Tradução das Fábulas de Fedro. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Livraria H. Antunes, 1957.

Sobre Fedro clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fedro

BALTHUS


The Museum of Modern Art, New York.


The Street
1933 – óleo sobre tela – 195 x 240 cm.
Autor: Balthus

Sobre Balthus clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Balthus

sábado, 16 de maio de 2009

ANTONIN ARTAUD (2)



Antonin Artaud
Em
O Teatro e seu duplo.






“A crueldade não é algo que acrescentei a meu pensamento, ela sempre viveu ali; mas eu tinha de tomar consciência dela.

Uso a palavra crueldade no sentido de apetite de vida, rigor cósmico e necessidade implacável, no sentido gnóstico de turbilhão de vida que devora as trevas, no sentido dessa dor fora de cuja necessidade inelutável a vida não consegue se manter; o bem é desejado, é o resultado de um ato, o mal é permanente.

Quando cria, o deus oculto obedece à necessidade cruel da criação que lhe é imposta a ele mesmo, e não pode deixar de criar, portanto não pode deixar de admitir no centro do turbilhão voluntário do bem um núcleo de mal cada vez mais reduzido, cada vez mais corroído.

E o teatro, no sentido de criação contínua, de ação mágica inteira, obedece a essa necessidade.

Uma peça onde não existe essa vontade, este apetite de vida cego, capaz de passar por cima de tudo, visível em cada gesto e em cada ato, e do lado transcendente da ação, seria uma peça inútil e fracassada”.






ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu duplo. Tradução e Posfácio de Teixeira Coelho. São Paulo: Editora Max Limonad, 1987.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonin_Artaud

sexta-feira, 15 de maio de 2009

MAQUIAVEL (4)



Maquiavel
Em
A Arte da Guerra
.




1.
“Tudo que serve para o inimigo prejudica; tudo o que o prejudica, serve”.

2.
“Aquele que se empenhar mais em observar os planos do inimigo e em treinar frequentemente seu exército haverá de correr menos perigos e terá mais chances de esperar pela vitória”.

3.
“Nunca se deve levar os soldados ao combate, a não ser após tê-los deixado repletos de confiança, após tê-los treinado muito bem e estar seguro de que não têm mais medo.
Enfim, nunca entrar em combate, senão quando tiverem esperança de vencer”.

4.
“É melhor triunfar sobre o inimigo pela fome do que pela espada.
O êxito das armas depende muito mais da sorte do que da coragem”.

5.
“As melhores decisões são aquelas que se consegue esconder ao inimigo até o momento de pô-las em execução”.

6.
“Uma das maiores vantagens na guerra é conhecer a ocasião e saber aproveitá-la”.

7.
“A natureza faz poucos bravos; na maioria das vezes, são feitos pela educação e pelo exercício”.

8.
“Vale mais na guerra a disciplina do que a impetuosidade”.

9.
“Quando o inimigo perde alguns de seus soldados que passam para o outro lado, é grande conquista se permanecerem fiéis ao novo exército.
Um desertor enfraquece muito mais um exército do que um soldado morto, embora o apelativo de trânsfuga o torne tão suspeito a seus novos amigos quanto àqueles que ele deixou”.

10.
“Quando se dispões um exército em ordem de batalha, é melhor reservar reforços atrás da primeira linha do que espalhar seus soldados para ampliar o próprio front”.







MAQUIAVEL, N. A Arte da Guerra. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala, s/data.

Sobre Maquiavel clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel

quinta-feira, 14 de maio de 2009

MARTINS FONTES



Beijos Mortos
(Martins Fontes)




Amemos a mulher que não ilude,
e que, ao saber que a temos enganado,
perdoa por amor e por virtude,
pelo respeito ao menos do passado.

Muitas vezes, na minha juventude,
evocando o romance de um noivado,
sinto que amei outrora quanto pude,
porém mais deveria ter amado.

Choro. O remorso os nervos me sacode.
E, ao relembrar o mal que então fazia,
meu desespero inconsolado explode.

E a causa desta horrível agonia,
é ter amado, quanto amor se pode,
sem ter amado quanto amor devia.







FARACO, Sérgio, org. Livro dos Sonetos 1500 – 1900. Porto Alegre: L&PM, 1996.

Sobre Martins Fontes clique no linque abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Martins_Fontes

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 13 de maio de 2009

JÜRGEN HABERMAS



Jürgen Habermas
Em
Conhecimento e interesse.








“O conceito do interesse como guia do conhecimento implica os dois momentos formativos: conhecimento e interesse.

Trata-se agora de esclarecer suas conexões mútuas.

Conforme nossa experiência cotidiana o demonstra, as idéias servem muitas vezes como esquemas justificativos de ações, sem ter em conta os dados de realidade, seus móveis reais.

No nível individual, este processo chama-se racionalização; no nível da ação coletiva, denomina-se ideologia.

Nos dois casos, o conteúdo manifesto das proposições é falsificado por outro conteúdo latente refletindo os interesses de uma consciência aparentemente autônoma”.




“A espécie humana assegura sua própria existência num sistema de trabalho social e de auto-afirmação violenta; a espécie humana herda por mediação da tradição formas de vida, comunica-se por intermédio da linguagem coloquial; assegura a identificação do indivíduo em relação às normas grupais, mediante a identidade do Ego.

Desta maneira, o interesse, guia do conhecimento, determina a função do Ego no seu processo adaptativo às condições externas de existência que permeia sua formação no contexto comunicativo da vida social, construindo uma identidade oriunda do conflito entre as pretensões impulsivas e a coerção do social.

Tais pretensões são sublimadas na força produtiva acumulada de uma sociedade, na tradição cultural com que uma sociedade se autodefine e nas formas de legitimidade aceitas ou rejeitadas pela própria sociedade.

Minha terceira tese reza assim: Os interesses orientadores do conhecimento formam-se por mediação do trabalho, da linguagem e do domínio”.












CIVITA, Victor (Editor). Walter Benjamin, Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Jürgen Habermas, Textos Escolhidos. Traduções de José Lino Grünnewald... [et al.]. 2ª. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores)

Sobre Habermas clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BCrgen_Habermas

terça-feira, 12 de maio de 2009

MARIANO JOSÉ PEREIRA DA FONSECA (3)



Mariano José Pereira da Fonseca
(Marquês de Maricá)
Em
MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES.







“A companhia dos livros dispensa com grande vantagem a dos homens”.

“Vivemos simultaneamente em dois mundos, um real, outro fantástico ou ideal: este nos ocupa mais do que o primeiro, e ocasiona como por encanto muitos dos mais notáveis acontecimentos que observamos”.

“Os moços gostam dos velhos que se parecem com eles em leviandade, imprudência e estouvamento: com tal autoridade e exemplos se julgam justificados”.

“As disputas científicas servem ordinariamente mais para demonstrar a nossa ignorância do que para comprovar o nosso saber”.

“A loucura nos homens é tão versátil e variada que os prudentes em seus cálculos não podem compreender todas as suas espécies e variedades”.









FONSECA, Mariano José Pereira da . MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES
Disponível em:
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/marica.pdf


Sobre o Marques de Marica clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mariano_Jos%C3%A9_Pereira_da_Fonseca

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MERLEAU-PONTY



Maurice Merleau-Ponty
Em
O Homem e a Comunicação.






“A idéia de uma linguagem se forma e apóia sobre a linguagem atual que falamos, que somos, e a linguística não passa de uma maneira metódica e mediata de esclarecer por todos os outros fatos de linguagem esta palavra que se pronuncia em nós e à qual, mesmo em meio ao nosso trabalho científico, continuamos ligados como que por um cordão umbilical”.



“A filosofia não é a passagem de um mundo confuso a um universo de significação fechada.
Ela começa ao contrário com a consciência do que rói e faz explodir, mas também renova e sublima nossas significações adquiridas”.



“Falar e ouvir, ação e percepção só são para mim operações diferentes quando reflito, e decomponho as palavras pronunciadas em influxos motores ou em momentos de articulação – as palavras ouvidas em sensações e percepções auditivas.
Quando falo, não me represento os movimentos a fazer: todo o meu aparelho corporal se reúne para alcançar e dizer a palavra como minha mão se mobiliza por si mesma para pegar o que me estendem.
Bem mais: não é a palavra a dizer que viso, e nem mesmo a frase, é a pessoa, falo com ela segundo o que ela é com uma segurança às vezes prodigiosa, uso palavras, com efeitos que ela pode compreender, ou aos quais ela possa ser sensível e, se pelo menos tenho tato, minha palavra é a um só tempo órgão de ação e de sensibilidade, essa mão leva olhos à sua extremidade”.







MERLEAU-PONTY, Maurice. O Homem e a Comunicação. Tradução de Celina Luz. Rio de Janeiro: Bloch, 1974.

Sobre Merleau-Ponty clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_Merleau-Ponty

LEONORA CARRINGTON


Fundación Proa, Buenos Aires


Auto-portrait à l'Auberge du Cheval d'Aube (Autorretrato en el Albergue del Caballo de Alba)
1936-1937 – óleo sobre tela – 63 x 80 cm.Autora: Leonora Carrington

Sobre a autora clique no link abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Leonora_Carrington

sábado, 9 de maio de 2009

GREGÓRIO DE MATOS (4)



CONTEMPLANDO NAS COUSAS DO MUNDO DESDE O SEU RETIRO, LHE ATIRA COM O SEU APAGE, COMO QUEM A NADO ESCAPOU DA TORMENTA.
(Gregório de Matos)





Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa;
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa;
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.







MATOS, Gregório de. Poemas Escolhidos. Organização, seleção e notas: José Miguel Wisnik. São Paulo: Cultrix, 1976.

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sexta-feira, 8 de maio de 2009

CHUANG TZU (12)



Chuang Tzu
Em
Discussão Sobre Como Tornar Iguais Todas As Coisas.






“Palavras nada mais são que vento.
As palavras têm algo a dizer.
Mas, se o que têm a dizer não for fixado, dirão elas, então, alguma coisa?
Ou nada dizem?
A gente supõe que as palavras são diferentes do pipilar dos passarinhos, mas há ou não há alguma diferença?”




CHUANG TZU, considerado o maior escritor taoista de cuja existência se tem notícia, escreveu sua obra no final do período clássico da filosofia chinesa, de 550 a 250 aC..



TZU, Chuang. Escritos Básicos. Segundo a versão inglesa de Burton Watson. Tradução de Yolanda Steidel de Toledo. São Paulo: Editora Cultrix, s/data.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

MICHEL FOUCAULT (3)



Michel Foucault
Em
Isto não é um cachimbo.





“Sobre a página de um livro ilustrado, não se tem o hábito de prestar atenção a esse pequeno espaço em branco que corre por cima das palavras e por cima dos desenhos, que lhes serve de fronteira comum para incessantes passagens: pois é ali, sobre esses poucos milímetros de alvura, sobre a calma areia da página, que se atam, entre as palavras e as formas, todas as relações de designação, de denominação, de descrição, de classificação”.




“Separação entre signos lingüísticos e elementos plásticos; equivalência da semelhança e da afirmação.
Estes dois princípios constituíam a tensão da pintura clássica: pois o segundo reintroduzia o discurso (só há afirmação ali onde se fala) numa pintura onde o elemento liguístico era cuidadosamente excluído.
Daí o fato de que a pintura clássica falava – e falava muito – embora fosse se constituindo fora da linguagem; daí o fato de que ela repousava silenciosamente num espaço discursivo; daí o fato de que ela instaurava, acima de si própria, uma espécie de lugar-comum onde podia restaurar as relações da imagem e dos signos”.






FOUCAULT, Michel. Isto não é um cachimbo. Tradução de Jorge Coli. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

Sobre Foucault clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 6 de maio de 2009

MICHAEL POLANYI (2)



Michael Polanyi
Em
A Lógica da Liberdade.





“A liberdade acadêmica consiste no direito de escolher o problema a investigar, em conduzir a pesquisa sem qualquer controle externo e em ensinar o assunto em pauta à luz de opiniões próprias”.



“É evidente que a liberdade acadêmica não é jamais um fenômeno isolado.
Ela só pode existir numa sociedade livre, porque os princípios em que se baseia são as mesmas fundações sobre as quais repousam as liberdades essenciais da sociedade”.



“A pesquisa científica não se torna menos criativa ou menos independente pelo fato de que, em qualquer momento particular, somente umas poucas descobertas são possíveis.
Não desfazemos do gênio de Colombo porque havia apenas um Novo Mundo neste planeta para que ele descobrisse”.



“Seja o que for que as várias filosofias do método científico venham ainda a revelar, a ciência moderna deve continuar a ser definida como a busca da verdade segundo as linhas traçadas pelos exemplos de Galileu e seus contemporâneos”.









POLANYI, Michael. A Lógica da Liberdade. Reflexões e Réplicas. Tradução de Joubert de Oliveira Brizida. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003.

Sobre Polanyi clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Polanyi

Ainda sobre Polanyi clique:
http://www.acton.org/publications/randl/rl_liberal_por_465.php

terça-feira, 5 de maio de 2009

LA ROCHEFOUCAULD (10)



LA ROCHEFOUCAULD




Máxima 86
“Nossa desconfiança justifica o embuste alheio”.

Máxima 87
“Os homens não viveriam muito tempo em sociedade se não se lograssem mutuamente”.

Máxima 90
“Agradamos muito mais nas relações sociais por causa de nossos defeitos que pelas nossas boas qualidades”.

Máxima 95
“A prova de um valor extraordinário é ver que os que mais o invejam são obrigados a louvá-lo”.

Máxima 106
“Para bem conhecer as coisas, é preciso conhecer-lhes as minúcias e como estas são quase infinitas, nossos conhecimentos são sempre superficiais e imperfeitos”.






François de La Rochefoucauld foi um nobre que escreveu apenas dois livros. Um de memórias e outro de máximas. Filho do duque de Poitou, suas máximas foram publicadas pela primeira vez em 1664, anônimas. Retrabalhadas, reapareceriam em 1678. La Rochefoucauld faleceu em 1688.


LA ROCHEFOUCAULD, François VI de. Reflexões e Máximas Morais. Tradução de Alcântara Silveira. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

GOETHE (2)



Johann Wolfgang von Goethe
Em
Máximas e Reflexões.



5.

“Não importa para que lado se olhe, da natureza sempre emerge algo infinito”.


47.

“Todo vivente forma uma atmosfera em torno de si”.


95.

“Os homens têm de ser considerados como órgãos de seu século; órgãos que se movimentam na maioria das vezes inconscientemente”.


117.

“No momento em que a tirania é suprimida, principia o conflito entre aristocracia e democracia”.


136.

“Nada é mais repugnante do que a maioria; pois ela consiste em uns poucos antecessores vitoriosos, em marotos que se acomodaram, em fracos que se assimilaram e na massa que vaga pela noite sem ter a mínima noção do que quer”.


193.

“Escrever história é um modo de desembaraçar-se do passado”.








GOETHE, J. W. Máximas e Reflexões. Tradução: Marco Antônio Casanova. Apresentação: Márcia Cristina Gonçalves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Wolfgang_von_Goethe

ALEXANDER LUFER



Coleção particular.


PICNIC
2007 – óleo sobre tela – 110 x 100 cm.
Autor: Alexander Lufer

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sábado, 2 de maio de 2009

CARLOS DRMMOND DE ANDRADE (7)



O ANO PASSADO
(Carlos Drummond de Andrade)





O ano passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.


As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.


Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.


E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.





ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. 10º. ed. Rio de Janeiro: Record, 1987.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

G. E. MOORE



George Edward Moore
Em
Estudos Filosóficos.






“... a linguagem não nos oferece quaisquer meios de referência a objetos tais como “azul”, “verde” e “doce” senão o de lhes chamarmos sensações; e é uma evidente violação de linguagem chamar-lhes “coisas”, “objetos” ou “termos”.

De igual modo não temos meio de nos referirmos a objetos tais como “causalidade”, “igualdade”, “identidade” senão chamando-lhes “idéias”, “noções” ou “conceitos”.

Mas não é nada provável que, se outrora os filósofos tivessem estabelecido a distinção entre uma sensação ou idéia e aquilo a que chamei o objeto delas, não tivesse havido um nome distinto para este último.

Usaram sempre o mesmo nome para designar estas duas “coisas” (se assim lhes posso chamar) tão diferentes, e daí o haver certa probabilidade de que eles supuseram não serem tais “coisas” duas e diferentes, mas sim uma e a mesma.

Em segundo lugar, compreende-se bem que assim tenham pensado pelo fato de, quando nos reportamos à introspecção e tentamos descobrir o que seja a sensação de azul, ser muito fácil supor que estamos em presença dum termo simples.

O termo azul distingui-se facilmente, mas o outro elemento a que chamamos – “consciência” – aquilo que é comum à sensação de azul e à de verde, é extremamente difícil de fixar.

O fato de haver materialistas prova à evidência que muitos não conseguem distingui-lo.

Em geral, aquilo que faz com que a sensação de azul seja um fato mental, parece escapar-nos; se me é permitido usar uma metáfora, parece ser transparente – olhamos através dele e não vemos senão o azul; pode ficar-se convencido de que há alguma coisa mais, mas o que isso seja nenhum filósofo ainda descobriu com clareza”.







MOORE, G. E. Estudos Filosóficos. Tradução de Maria Angelina Rodo. Coimbra: Atlântida, 1967.

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