segunda-feira, 18 de maio de 2009

FEDRO (2)



O Lobo e o cordeiro
(Fedro)






“Coagidos pela sede, vão ter ao mesmo riacho um lobo e um cordeiro.
Começa aquele a beber, quando avista, bem mais abaixo, o lindo e manso lanígeo.
E o animal feroz, instigado pela fome e por seus instintos sanguinários, inventou um pretexto de rixa, interrogando:

– Por que turvas a água que estou bebendo?

Responde o cordeiro, cheio de medo:

– Como é possível?! A água corre límpida, de ti para os meus goles!

E, posto que rechaçada pela evidência da verdade, acrescenta a fera:

– Há seis meses, falaste mal de mim.

– Como podia eu falar mal de ti, – retrucou o cordeiro –, se eu ainda não tinha nascido?

– Se não foste tu, foi teu pai, – concluiu o lobo.

E, nesse instante, arrebata o animalzinho, devorando-o com a mais injusta das mortes.

Esta fábula convém àqueles que, por falsas razões, oprimem os inocentes”.







GONÇALVES, Maximiano Augusto. Tradução das Fábulas de Fedro. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Livraria H. Antunes, 1957.

Sobre Fedro clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fedro

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