sábado, 16 de maio de 2009

ANTONIN ARTAUD (2)



Antonin Artaud
Em
O Teatro e seu duplo.






“A crueldade não é algo que acrescentei a meu pensamento, ela sempre viveu ali; mas eu tinha de tomar consciência dela.

Uso a palavra crueldade no sentido de apetite de vida, rigor cósmico e necessidade implacável, no sentido gnóstico de turbilhão de vida que devora as trevas, no sentido dessa dor fora de cuja necessidade inelutável a vida não consegue se manter; o bem é desejado, é o resultado de um ato, o mal é permanente.

Quando cria, o deus oculto obedece à necessidade cruel da criação que lhe é imposta a ele mesmo, e não pode deixar de criar, portanto não pode deixar de admitir no centro do turbilhão voluntário do bem um núcleo de mal cada vez mais reduzido, cada vez mais corroído.

E o teatro, no sentido de criação contínua, de ação mágica inteira, obedece a essa necessidade.

Uma peça onde não existe essa vontade, este apetite de vida cego, capaz de passar por cima de tudo, visível em cada gesto e em cada ato, e do lado transcendente da ação, seria uma peça inútil e fracassada”.






ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu duplo. Tradução e Posfácio de Teixeira Coelho. São Paulo: Editora Max Limonad, 1987.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonin_Artaud

Um comentário:

denise disse...

campanha Todos Frescos e a vontade. Torcida reunida, mais apetite para nossas vidas. Beijos! Denise velasco