quinta-feira, 30 de abril de 2009

BERTRAND RUSSELL (2)



Bertrand Russell
Em
O Elogio ao Ócio.






“A vida universitária é tão diferente da vida no mundo exterior que, no meio acadêmico, as pessoas tendem a ficar alheias às preocupações e problemas dos homens e mulheres comuns.

Além disso, elas utilizam um jargão de tal forma especializado que em geral as opiniões que expressam deixam de exercer a influência que deveriam ter sobre o público em geral.

Outra desvantagem é que os estudos universitários são estruturados de tal forma que alguém que conceba uma linha original de pesquisa frequentemente se sente desencorajado.

As instituições acadêmicas, por mais úteis que sejam, não são os guardiões adequados dos interesses da civilização num mundo em que todos os que vivem fora de seus limites estão ocupados demais para dar atenção a atividades não-utilitárias.




Num mundo em que ninguém tenha de trabalhar mais do que quatro horas diárias, todas as pessoas poderão saciar a curiosidade científica que carregam dentro de si e todo pintor poderá pintar seus quadros, sem passar por privações, independente da qualidade de sua arte”.






RUSSELL, Bertrand. O Elogio ao Ócio. Tradução de Pedro Jorgensen Júnior. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 29 de abril de 2009

WALTER BENJAMIN (3)

Walter Benjamin
Em
A Modernidade e os Modernos.




“Quanto maior é a parte dos momentos de choque nas impressões isoladas; quanto mais a consciência deve estar continuamente alerta no interesse dos estímulos; quanto maior é o êxito com que ela opera; quanto menos os estímulos penetram na experiência, tanto mais correspondem ao conceito de experiência vivida.

A função peculiar da defesa em relação aos choques pode-se, certamente, definir como a tarefa de: marcar para o acontecimento, à custa da integridade de seu conteúdo, um lugar temporal exato, na consciência.

Este seria o resultado último e maior da reflexão.

Ela converteria o acontecimento em uma experiência vivida”.






BENJAMIN, Walter. A Modernidade e os Modernos. Tradução de Heidrun Krieger Mendes da Silva, Arlete de Brito e Tânia Jatobá. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin


terça-feira, 28 de abril de 2009

FERREIRA DE ARAUJO

Ferreira de Araújo
Em
O coração humano.




“É um teatro em que se representam todas as cenas, das mais trágicas às mais burlescas.
É um manequim a que se acomodam todas as máscaras, a do tirano e a do hipócrita.
É um instrumento em que todas as cordas vibram, e que nem sempre anda afinado.
Umas vezes, restrito e quieto como o altar em que só pode estar um santo, outras vezes amplo e barulhento como uma hospedaria em que entram caras novas todos os dias.

E nada lhe altera a natureza.
Puro e sereno como o céu sem nuvens, negro e sombrio como uma noite de tempestade, é sempre o mesmo coração humano.

Fala uma língua que em todas as nações se estende, mas de que ninguém pode fixar as regras.
Aninha todas as virtudes e todos os vícios, tendo uma moral sua, que o leva com igual impulso, pelo bem ou pelo mal, para o fim almejado: a satisfação do eu.

Aquilo mesmo que se combinou chamar abnegação, sacrifício, é o egoísmo depurado, a quinta essência do gozo, que consiste em sofrer, para ter o prazer de evitar o sofrimento àquele a quem o coração se dedica.

Eu creio que no coração humano há um germe de tudo o que há de bom e mau na natureza: o suco de todas as plantas, as que nutrem e as que matam; um pouco de todos os animais indistintamente, leões, e cordeiros, o pelicano e o abutre, os que voam e os que se arrastam; as mariposas, que morrem na luz e os micróbios, que nascem na podridão.

Como estranhar que ele seja sublime e covarde, adorável e repugnante, heroicamente grande ou microscopicamente mesquinho?”




Disponível em Antologia brasileira coletânea em prosa e verso de escritores nacionais ... Por Eugenio Werneck

segunda-feira, 27 de abril de 2009

LUÍS DE CAMÕES (7)



SONETO 159
(Luis de Camões)




NUNCA EM AMOR danou o atrevimento;
Favorece a Fortuna à ousadia;
Porque sempre a encolhida covardia
De pedra serve ao livre pensamento.

Quem se eleva ao sublime Firmamento,
A Estrela nele encontra que lhe é guia;
Que o bem que encerra em si a fantasia
São umas ilusões que leva o vento.

Abrir-se devem passos à ventura;
Sem si próprio ninguém será ditoso;
Os princípios somente a Sorte os move.

Atrever-se é valor e não loucura;
Perderá por covarde o venturoso
Que vos vê, se os temores não remove.






CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Organização, introdução, comentários e anotações do Prof. Antônio Salgado Júnior. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora, 1963.

MARLENE DUMAS



The Museum of Modern Art, New York City.



The Painter
1994 – óleo sobre tela – 200,7 x 99,7 cm.
Autora: Marlene Dumas

Sobre Marlene Dumas clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Marlene_Dumas

sábado, 25 de abril de 2009

GEORGE STEINER



George Steiner
Em
Linguagem e Silêncio.







“Ler corretamente é correr grandes riscos.
É tornar vulnerável nossa identidade, nosso autodomínio.
Na primeira fase da epilepsia, ocorre um sonho característico (Dostoievski nos fala sobre isso).
De algum modo a pessoa se desprende de seu próprio corpo; ao olhar para trás, vê-se a si mesma e sente um súbito medo alucinante; uma outra presença está entrando em seu próprio ser, e não há caminho de volta.
Sentindo esse medo, a mente busca um abrupto despertar.
Assim deveria ser quando temos nas mãos uma importante obra literária ou filosófica, ficcional ou doutrinária.
Pode vir a nos possuir tão completamente que, por um momento, permanecemos com medo de nós mesmos e em estado de imperfeito reconhecimento.
Quem leu A Metamorfose de Kafka e consegue se olhar no espelho sem se abalar, talvez seja capaz, do ponto de vista técnico, de ler a palavra impressa, mas é analfabeto no único sentido que importa”.








STEINER, George. Linguagem e Silêncio. Tradução de Gilda Stuart e Felipe Rajabally. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.


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http://pt.wikipedia.org/wiki/George_Steiner

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ESPINOSA (4)



Espinosa
Em
Ética – Parte III





“Proposição XII


A alma esforça-se, tanto quanto pode, por imaginar as coisas que aumentam ou facilitam a potência de agir no corpo.


Demonstração


Por tanto tempo quanto o corpo é afetado por um modo que envolve a natureza de um corpo exterior, a alma humana considera esse corpo como presente e, consequentemente, por tanto tempo quanto a alma humana considera um corpo exterior como presente, isto é, o imagina, o corpo humano é afetado por um modo que envolve a natureza desse corpo exterior.

E, por conseqüência, por tanto tempo quanto a alma imagina o que aumenta ou facilita a potência de agir do nosso corpo, o corpo é afetado por modos de ser que aumentam ou facilitam a sua potência de agir e, consequentemente, durante esse tempo, também a potência de pensar da alma é aumentada ou facilitada.

E, por conseguinte, a alma esforça-se, tanto quanto pode, por imaginar essas coisas”.






ESPINOSA, Benedictus de. Ética – Parte III. Tradução de Joaquim Ferreira Gomes. In. ___________ Pensamentos metafísicos; Tratado da correção do intelecto; Ética; Tratado político; Correspondência. Seleção de textos de Marilena de Souza Chuaí. Traduções de Marilena da Souza Chuaí [et al.] 2ª. Edição. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_de_Espinosa

quinta-feira, 23 de abril de 2009

LA BRUYÈRE (11)



La Bruyère
Em
Alguns Costumes.




31
“Houve jovens que tinham virtude, saúde, fervor e uma bela vocação, mas que não eram bastante ricas para fazer, num rico convento, o voto de pobreza”.


33
“Chama-se loucura casar por amor com Melita que é jovem, bonita, ajuizada, econômica, que agrada, que ama, preferindo-a a Egina, que é proposta pela família e que, trazendo um belo dote, traz também magníficas disposições para consumi-lo e para consumir ainda toda a tua fortuna juntamente com seu dote”.


54
“Quantos homens que são fortes contra os fracos, inflexíveis diante das solicitações do povo simples, duros com os pequenos, rígidos e severos nas minúcias, que recusam pequenas dádivas e não ouvem nem amigos nem parentes e que somente as mulheres podem corromper!”


65
“Há muito tempo que falamos mal dos médicos e que deles nos servimos; o teatro e a sátira não os prejudicam com as suas zombarias; dão seus dotes às filhas, colocam seus filhos nos parlamentos e na prelatura e os próprios críticos é que fornecem o dinheiro.
Aqueles que têm saúde adoecem; precisam de alguém cuja profissão lhes garanta que não vão morrer.
Enquanto os homens forem mortais e gostarem de viver, o médico será criticado, mas bem pago!”






LA BRUYÈRE, Jean De. Caracteres. Tradução de Antonio Geraldo da Silva. São Paulo: Escala, s/data.

RABISCOS NO BLOCO


quarta-feira, 22 de abril de 2009

AGOSTINHO DE HIPONA



Agostinho de Hipona
Em
Confissões (Livro VII).






A trajetória dum erro.

Não há saúde naqueles a quem desagrada alguma parte da vossa criação, como em mim também não a havia, quando me não agradavam muitas coisas que criastes.
Porque a minha alma não ousava desgostar-se do meu Deus, recusava olhar como obra vossa tudo o que lhe não agradava.
Por isso, lançara-se na “teoria das duas substâncias”, mas não encontrava descanso, e apenas expressava opiniões alheias.

Desembaraçando-se destes erros, a minha alma tinha imaginado, para si, um Deus que se difundia por toda parte através do espaço infinito.
Julgando que éreis Vós, colocara esse Deus no seu coração, e de novo ela se transformou num templo abominável do seu ídolo.
Todavia, depois que afagaste, sem eu o saber, a minha cabeça e fechaste “meus olhos para que não vissem a vaidade”, desprendi-me um pouco de mim mesmo, e a minha loucura adormeceu profundamente...
Despertei em vossos braços, e vi que éreis infinito, mas não daquele modo.
Esta visão não provinha da carne”.







SANTO AGOSTINHO. Confissões e De Magistro (Do Mestre). Tradução de J. Oliveira Santos, S. J., e A. Ambrósio de Pina, S. J. (Confissões), e de Ângelo Ricci (Do Mestre). São Paulo: Editora Abril, 1973. (Os Pensadores).

Sobre Agostinho de Hipona clique no linque abaixo:
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terça-feira, 21 de abril de 2009

ALBERT SCHWEITZER (2)



Albert Schweitzer
Em
Cultura e Ética.






“Toda concepção do mundo e da vida que deseje satisfazer o pensamento, é misticismo.
Ela deve tratar de dar ao ser do homem um sentido tal, que não se contente em existir no ser infinito de um modo meramente natural, e, sim, em inspirar-lhe o desejo de pertencer a ele conscientemente de corpo e alma”.


“Para apreciarmos o valor ético do misticismo, somente devemos levar em conta o que ele contém de ética, não, porém, o que faz ou diz com referência a ela”.


“Toda filosofia profunda, toda religião fervorosa será em última análise, apenas a luta por um misticismo ético e por uma ética mística”.


“O misticismo, tal como se apresenta até aos nossos dias, era abstrato e por isso conduzia à esfera do supra-ético.
A abstração mata a ética, já que esta é a relação viva à vida viva.
Devemos, pois, abandonar o misticismo abstrato e dirigir-nos para um misticismo cheio de vida”.





SCHWEITZER, Albert. Cultura e Ética. Tradução de Herbert Caro. São Paulo: Melhoramentos, s/data.

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segunda-feira, 20 de abril de 2009

LAO TSE (8)



A VIDA NO CORAÇÃO DO MUNDO
(Lao-Tse)



O sábio não tem coração egoísta,
Inclui no seu coração os corações dos outros.
Ele é bom com os bons
E bom também com os não-bons.
Porque sua íntima atitude
Só lhe permite ser bondoso.
Ele é honesto com os honestos
E honesto também com os desonestos
Porque seu íntimo ser só lhe permite
Ser honesto com todos.
Ele vive retirado,
Mas a sua vida está aberta de par em par
A todos os homens.
Os olhos e os ouvidos dos homens
Se voltam para ele, estupefatos –
Mas ele vê seus filhos em todos.







Lao-Tse viveu na China no século VI a.C. e a ele se atribui a autoria dos 81 “capítulos breves” que compõem o Tao Te King, uma espécie de síntese da sabedoria milenar chinesa.

LAO-TSE. Tao Te King. Tradução de Humberto Rohde. São Paulo: Fundação Alvorada, s/data. 2a ed.

EDGAR DEGAS


Musée d'Orsay, Paris.


Lição de Dança
1872 – óleo sobre tela – 32 x 46 cm.
Autor: Edgar Degas


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http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Degas

sábado, 18 de abril de 2009

SÊNECA (4)



Sêneca
Em
Sobre a brevidade da vida.






“Todos os espíritos que alguma vez brilharam consentirão neste único ponto: jamais se cansarão de se espantar com a cegueira das mentes humanas.

Não se suporta que as propriedades sejam invadidas por ninguém, e, se houver uma pequena discórdia quanto à medida de seus limites, os homens recorrem a pedras e armas; no entanto, permitem que outros se intrometam em suas vidas, a ponto de eles próprios induzirem seus futuros possessores; não se encontra ninguém que queira dividir seu dinheiro, mas a vida, entre quantos cada um a distribui!

São avaros em preservar seu patrimônio, enquanto, quando se trata de desperdiçar o tempo, são muito pródigos com relação à única coisa em que a avareza é justificada”.








SÊNECA. Sobre a brevidade da vida. Tradução, introdução e notas de William Li. São Paulo: Nova Alexandria, 1993.

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

ARY BARROSO



RISQUE
(Composição de Ary Barroso)




Risque
Meu nome do seu caderno
Pois não suporto o inferno
Do nosso amor fracassado

Deixe
Que eu siga novos caminhos
Em busca de outros carinhos
Matemos nosso passado

Mas se algum dia talvez
A saudade apertar
Não se perturbe
Afogue a saudade nos copos de um bar

Creia
Toda a quimera se esfuma
Como a brancura da espuma
Que se desmancha na areia

Mas se algum dia talvez
A saudade apertar
Não se perturbe
Afogue a saudade nos copos de um bar

Creia
Toda a quimera se esfuma
Como a brancura da espuma
Que se desmancha na areia





Sobre Ary Barroso clique no linque abaixo:
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quinta-feira, 16 de abril de 2009

THEODOR ADORNO (3)



Theodor Adorno
Em
O Fetichismo na música e a regressão da audição.






“O conceito de fetichismo musical não se pode deduzir por meios puramente psicológicos.
O fato de que “valores” sejam consumidos e atraiam os afetos sobre si, sem que suas qualidades específicas sejam sequer compreendidas ou apreendidas pelo consumidor, constitui uma evidência da sua característica de mercadoria.
Com efeito, a música atual, na sua totalidade, é dominada pela característica de mercadoria: os últimos resíduos pré-capitalistas foram eliminados.
A música, com todos os atributos do etéreo e do sublime que lhes são outorgados com liberalidade, é utilizada sobretudo nos Estados Unidos, como instrumento para a propaganda comercial de mercadorias que é preciso comprar para poder ouvir música”.




“A modificação da função da música atinge os próprios fundamentos da relação entre arte e sociedade.
Quanto mais inexoravelmente o princípio do valor de troca subtrai aos homens os valores de uso, tanto mais impenetravelmente se mascara o próprio valor de troca como objeto de prazer”.



“A mulher que possui dinheiro para as compras, delicia-se no ato mesmo de fazer compras”.



“A renúncia à individualidade que se amolda à regularidade rotineira daquilo que tem sucesso, bem como o fazer o que todos fazem, seguem-se do fato básico de que a produção padronizada dos bens de consumo oferece praticamente os mesmos produtos a todo cidadão”.




ADORNO, Theodor W. O Fetichismo na Música e a Regressão da Audição. Tradução de Luiz João Baraúna, revista por João Marcos Coelho. In. _____ Textos Escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 2005.

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quarta-feira, 15 de abril de 2009

TERTÚLIAS VIRTUAIS: PRAZER


Este gráfico mostra a atividade no centro de prazer do cérebro; existe mais atividade quando provava a amostra com preço de 90 dólares a garrafa (linha superior) do que quando o preço atribuído, para o mesmo vinho, era 10 dólares. A seta mostra o momento em que se inicia a degustação.

Pesquisadores do Califórnia Institute of Technology constataram que a sensação de prazer que as pessoas experimentam ao provarem um vinho está ligada diretamente ao preço atribuído ao mesmo.

Vale uma reflexão...


Fonte: http://news.cnet.com/8301-13580_3-9849949-39.html

Este post faz parte do "Tertúlias Virtuais" proposta do Varal de Idéias e do Expresso da Linha, que ocorre todo dia 15 de cada mês.

Mais participantes do Tertúlia Virtual, aqui

AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT (6)



Felizes os que partiram...
(Augusto Frederico Schmidt)


Felizes os que partiram antes dos tempos chegarem.
Felizes as raparigas mortas,
As tranças floridas e as mãos rezando.
Felizes as mães mortas e mártires.
Felizes os que se foram antes de chegar.
Felizes todos os que estão, todos os que não estão,
Porque os tempos vão chegar
E os astros vão descer sobre o incêndio do mundo!





Soneto
(Augusto Frederico Schmidt)



O desespero de perder-te um dia
Ou de vir a deixar-te neste mundo,
Habita o coração inquieto e triste
Enquanto a noite rola e o sono tarda.

Olho-te, e o teu mistério me penetra;
Sinto que estás vivendo o breve engano
Deste mundo, e que irás também, um dia,
Para onde foram essas de que vieste.

– Essas morenas e secretas musas,
Tuas avós, ciganas de olhos negros
Que te legaram tua graça triste.

Lembro que esfolharás na eterna noite
A rosa do teu corpo delicado,
E ouço a noite chorar como uma fonte.








SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia Poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Val. Introdução de Bernardo Gersen. Rio de Janeiro: Leitura, 1962.

Sobre Augusto Frederico Schmidt clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

RABISCOS NO BLOCO


terça-feira, 14 de abril de 2009

RAOUL GIRARDET



Raoul Girardet
Em
Mitos e Mitologias Políticas
.





“A realidade mítica é tal que escapará sempre, por alguns de seus aspectos, a mais sutil como a mais rigorosa das análises.

É uma esperança sem dúvida bem ilusória pretender definitivamente transcender a oposição do racional e do imaginário.

Encontramo-nos em um domínio onde o único verdadeiro conhecimento seria de ordem existencial: apenas aqueles que vivem o mito na adesão de sua fé, no impulso de seu coração e no empenho de sua sensibilidade se encontrariam em condições de exprimir sua realidade profunda.

Visto do exterior, examinado com o exclusivo olhar da observação objetiva, o mito corre o risco de não mais oferecer senão uma imagem fossilizada, seca, prancha de anatomia despojada de todos os mistérios da vida, cinzas esfriadas de uma fogueira incandescente.

Entre os dados da experiência interiormente vivida e os do distanciamento crítico, o hiato subsiste; talvez seja possível reduzi-lo, mas é vão sonhar em aboli-lo totalmente.

O mito só pode ser compreendido se é intimamente vivido, mas vivê-lo impede dar-se conta dele objetivamente.

Objeto de estudo, ele tende, inversamente, a imobilizar-se em uma sucessão de dados estáticos, tende igualmente a se esvaziar de seu conteúdo emocional, ou seja, do essencial de si mesmo”.






GIRARDET, Raoul. Mitos e Mitologias Políticas. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

Sobre Raoul Girardet clique no linque abaixo:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Raoul_Girardet

segunda-feira, 13 de abril de 2009

ALBINO FORJAZ DE SAMPAIO (3)



Albino Forjaz de Sampaio
Em
Mais além da Morte e do Amor.







“A mulher não é mais do que o instrumento de Deus para semear a discórdia”.


“Se a Morte se não desse, muita gente haveria que a quisesse comprar”.


“O pensamento é o microscópio da Vida, a Razão o reagente da Fé.
Coisas dispensáveis, porque desde os Faraós há gente que vive feliz sem precisar para nada de reagentes, nem de microscópios”.



“Em mim não há senão Desejos.
O meu cio, vida minha, é um animal selvagem que nada quer saber da comédia elegante em que te aturdes.
Eu sou apenas o seu manager, e a jaula que o passeia por esses mundos de Cristo”.



“Acautela-te com os conhecidos.
E não queiras conhecer os outros, para não teres de te acautelar”.






SAMPAIO, Albino Forjaz de. Mais além da Morte e do Amor. 2ª edição augmentada. Lisboa: Guimarães & Cia. Editores, 1923.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Albino_Forjaz_de_Sampaio

sábado, 11 de abril de 2009

MICHAEL POLANYI



Michael Polanyi
Em
A Lógica da Liberdade.






“Um agregado de iniciativas individuais só pode conduzir ao estabelecimento de ordem espontânea se cada um levar em conta em sua ação o que os outros fizeram antes no mesmo contexto.

Quando grandes quantidades estão envolvidas, esse ajustamento mútuo pode ser indireto; cada indivíduo se adapta a um estado de coisas resultante de ações precedentes do restante.

Isso requer que a informação sobre o estado de coisas em questão esteja disponível para cada integrante do agregado, como acontece nos vários mercados, nas conquistas correntes do progresso científico ou na posição atualizada da lei.

Pode-se acrescentar que por “indivíduos” entenda-se “corporações agindo como indivíduos”.







POLANYI, Michael. A Lógica da Liberdade. Reflexões e Réplicas. Tradução de Joubert de Oliveira Brizida. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003.

Sobre Polanyi clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Polanyi

Ainda sobre Polanyi clique:
http://www.acton.org/publications/randl/rl_liberal_por_465.php

TARSILA DO AMARAL


MALBA – Coleção Constantini, Buenos Aires

ABAPORU
1928 – óleo sobre tela – 85 x 73 cm.
Autora: Tarsila do Amaral


Sobre Tarsila do Amaral clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tarsila_do_Amaral

sexta-feira, 10 de abril de 2009

JEAN BAUDRILLARD (4)



Jean Baudrillard
Em
Cool Memories II.






“A ficção?
Já estou nela.
Meus personagens são algumas hipóteses loucas que submetem a realidade a determinadas sevícias e que no final termino por assassinar quando elas já executaram sua obra.
Única forma de tratar as idéias: o assassinato (liquidamos bem os conceitos) – mas o crime deve ser perfeito.
Evidentemente, tudo isso é imaginário, qualquer semelhança com seres reais seria puramente fortuita”.



“Descartes, segundo ele mesmo confessaria, pensava de dois a três minutos por dia.
O resto do tempo, montava a cavalo, vivia.
O que são esses pensadores modernos que pensam quatorze horas por dia?
Como dizia Barthes da sexualidade, que no Japão ela estava no sexo e em nenhuma outra parte, enquanto nos Estados Unidos estava em toda parte, menos no sexo, podemos dizer também das idéias; em Descartes elas estão no pensamento e em nenhuma outra parte, e no mundo moderno elas estão em toda parte exceto no pensamento”.






BAUDRILLARD, Jean. Cool Memorie II. Crônicas 1987 – 1990. Tradução de Angel Bojadsen. São Paulo: Estação Liberdade, 1996.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baudrillard

quinta-feira, 9 de abril de 2009

ELISA LUCINDA (2)



AVISO DA LUA QUE MENSTRUA
(Elisa Lucinda)






Moça, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com essa gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Ta acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado, moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!


Porque eu sou muito sua amiga
é que eu to te falando “na vera”
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a “cidade secreta”
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela
Cuidado moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na contradição de ser displicente
diante da própria serpente.
Ela é uma cobra de avental.
Não despreze a meditação doméstica.
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia
cozinhando costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?

Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de saber morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que é que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é a sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que está falando palavrão imundo.
Ta não, homem.
Ta citando o princípio do mundo!






LUCINDA, Elisa. O Semelhante. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Sobre Elisa Lucinda clique no linque abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Elisa_Lucinda

quarta-feira, 8 de abril de 2009

JAMES HARVEY ROBINSON



James Harvey Robinson
Em
A Formação da Mentalidade.







“Há quatro camadas históricas subjacentes na mentalidade do homem civilizado – a mentalidade animal, a infantil, a selvagem e a tradicional, criada pela civilização.
Fomos todos animais e nunca escaparemos aos efeitos desse fato; nossos ancestrais viveram em estado de selvageria durante, praticamente, toda a existência da raça, aí uns 500 mil ou um milhão de anos, e a mentalidade selvagem subsiste dentro de nós; e, finalmente, somos filhos duma civilização da qual não podemos fugir dos efeitos”.



“Em todos os nossos devaneios e especulações, ainda os mais exigentes, sofisticados e desiludidos, temos três companheiros hostis, a nos vigiarem com ciosa impaciência – o nosso progenitor símio, uma criança frenética e um selvagem.
A cada passo pilhamo-nos em camaradagem franca com um desses antigos companheiros, com os quais sentimos infinita satisfação em brincar, como no passado.
E nalguns de nós aparece, a mais, um filósofo grego, ou um homem de letras, ou um místico neo-platônico, ou um monge medieval.
Todos eles bem acompanhados com os três companheiros mais antigos”.








ROBINSON, James Harvey. A Formação da Mentalidade. Tradução de Monteiro Lobato. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.

Sobre James Harvey Robinson clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/James_Harvey_Robinson

RABISCOS NO BLOCO


terça-feira, 7 de abril de 2009

VINICIUS DE MORAES (9)



Vinicius de Moraes
Em
A Mulher e o Signo.



TOURO




O que é que brilha sem
Ser ouro? – A mulher de Touro!
É a companheira perfeita
Quando levanta ou quando deita.
Mas é mulher exclusivista
Se não for tudo, faz a pista.
Depois, que dona-de-casa...
E à noite ainda manda brasa.
Sua virtude: a paciência
Seu dia bom: a sexta-feira
Sua cor propícia: o verde
As flores dos seus pendore:
Rosa, flor de macieira.






MORAES, Vinicius de. A Mulher e o Signo. Desenhos de Otávio F. de Araújo. Rio de Janeiro: Rocco, 1980.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

ALEXIS CARREL



Alexis Carrel
Em
O Homem perante a Vida.







“A civilização no Ocidente distingue-se pela sua predileção a favor da inteligência.

Não há razão nenhuma para dar primado à inteligência sobre o sentimento.
É erro evidente o de classificar a juventude segundo os exames, nos quais o valor moral e orgânico não tem lugar.
Dar como finalidade o próprio pensamento é uma espécie de perversão mental.
Com efeito, a atividade intelectual do mesmo modo que a atividade sexual deve ser exercida de modo natural.
Destina-se não a satisfazer-se a ela própria, mas a contribuir, em união com as outras atividades orgânicas e mentais, para a satisfação de todas as necessidades do indivíduo”.




“O amor maternal é de curta duração na cadela; muito mais persistente na macaca.
Na espécie humana, persiste por toda a vida, porque o filho do homem precisa de amor, e a mãe precisa de amar.
Quaisquer que sejam a duração da sua vida e a humildade da sua posição, os pais que conseguiram criar filhos de boa qualidade, experimentam, ao terminar sua existência, o sentido de terem cumprido inteiramente o seu destino.
São recompensados, na doença ou nas enfermidades da velhice, pela serenidade e pela alegria, cuja natureza gratifica aqueles que lhe obedeceram completamente”.






CARREL, Alexis. O Homem perante a vida. Tradução de Cruz Malpique. Porto: Editora Educação Nacional. s/data.

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sábado, 4 de abril de 2009

JACQUES DERRIDA



Jacques Derrida
Em
A Escritura e a Diferença.







“Se denominarmos bricolagem a necessidade de ir buscar os seus conceitos ao texto de uma herança mais ou menos coerente ou arruinada, deve dizer-se que todo o discurso é bricoleur”.




“Há duas interpretações da interpretação, da estrutura, do signo e do jogo.
Uma procura decifrar, sonha decifrar uma verdade ou uma origem que escapam ao jogo e à ordem do signo, e sente como um exílio a necessidade da interpretação.
A outra, que já não está voltada para a origem, afirma o jogo e procura superar o homem e o humanismo, sendo o nome do homem o nome desse ser que, através da história da Metafísica ou da onto-teologia, isto é, da totalidade da sua história, sonhou a presença plena, o fundamento tranqüilizador, a origem e o fim do jogo”.


“Poderíamos hoje entrever por mais de um sinal que estas duas interpretações da interpretação – que são absolutamente inconciliáveis mesmo se as vivêssemos simultaneamente e as conciliamos numa obscura economia – partilham entre si o campo daquilo que se denomina, de maneira tão problemática, as ciências humanas”.









DERRIDA, Jacques. A Escritura e a Diferença. Tradução de Maria Beatriz Marques Nizza da Silva.São Paulo: Perspectiva, 1971.

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ADOLF ZIEGLER


Coleção Particular.

Weiblicher Akt (Fêmea Nua)
1942 – óleo sobre tela – 105 x 80 cm.
Autor: Adolf Ziegler

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sexta-feira, 3 de abril de 2009

OSCAR WILDE (15)



Oscar Wilde
Em
Aforismos.






“As mulheres foram feitas para serem amadas, e não para serem compreendidas”.


“A única coisa de que podemos ter certeza acerca da natureza humana é que ela muda”.


“A verdadeira arte de brincar com o fogo consiste em evitar qualquer queimadura; as pessoas que se queimam são aquelas que não sabem brincar com o fogo”.


“Cada efeito bonito que produzimos nos cria um inimigo; para ser popular, a pessoa precisa ser uma mediocridade”.


“A obra de arte deve dominar o público. Não cabe ao público dominar a obra de arte”.


“Podem rir à vontade, mas encontrar uma mulher que nos compreenda profundamente é uma coisa da maior importância”.







WILDE, Oscar. Aforismos. Introdução de Ricardo Reim. Tradução de Mario Fondelli. Rio de Janeiro: Newton Compton Brasil, 1995.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

ALFREDO PEDRO GUISADO



PRINCESA LOUCA
(Alfredo Pedro Guisado)






Vejo passar na curva da alameda
Uma princesa há muitos anos louca,
Princesa cujo corpo é uma roca
Em principados de faisões de seda.

A sua sombra, uma lagoa azul.
As suas mãos tecendo pinheirais,
Lembram-me naus sempre chegando ao cais,
Águias sem asas num palácio, em Tule.

Seus dedos, pregos que pregaram Cristo.
Olha-me longe. Em seu olhar existo...
Passo nas rezas duma antiga boca...

Arqueio-me a sonhar sobre marfim.
Sou arco com que brinca no jardim
Essa princesa há tantos anos louca.






In. Revista Orpheu, Número 1 (1915).
Disponível em:
http://www.gutenberg.org/files/23620/23620-8.txt



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quarta-feira, 1 de abril de 2009

EDMUND HUSSERL



Edmund Husserl
Em
Investigações Filosóficas Sexta Investigação.







“Todo pensar, e sobretudo todo pensar e conhecer teóricos, perfaz-se em certos “atos” que surgem em conexão com a fala em que se exprimem.
Nesses atos está a fonte das unidades de validade, que estão perante aquele que pensa, como objetos do pensamento e do conhecimento, como suas leis e princípios explicativos, ou como teorias e ciências que lhes dizem respeito.
Portanto, é também nesses atos que está a fonte das respectivas idéias gerais e puras, cujas conexões regidas por leis ideais a lógica pura quer explicitar, e cuja elucidação a crítica do conhecimento pretende levar a cabo”.





“Tenho aqui em mente certos casos muito comuns de nomearmos os atos que então vivemos e, por esse meio, enunciamos que os vivemos.
Nesse sentido, exprimo um desejo pela forma desejo que..., uma pergunta pela forma pergunto se..., um juízo pela forma julgo que..., etc.
É óbvio que, assim como podemos fazer juízos a respeito das coisas exteriores, podemos fazê-lo também a respeito das nossas próprias vivências interiores e, nesse momento, as significações das respectivas proposições residem nos juízos sobre essas vivências, e não nas próprias vivências, desejos, perguntas, etc.
Da mesma maneira, as significações dos enunciados sobre as coisas exteriores também não residem nessas últimas (casas, cavalos, etc.), mas nos juízos que fazemos interiormente sobre eles ou nas representações que ajudam a construir esses juízos”.







HUSSERL, Edmund. Investigações Filosóficas Sexta Investigação. Seleção e tradução de Zeliko Loparié e Andréa Maria Altino de Campos Loparié. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (os Pensadores).

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