segunda-feira, 27 de abril de 2009

LUÍS DE CAMÕES (7)



SONETO 159
(Luis de Camões)




NUNCA EM AMOR danou o atrevimento;
Favorece a Fortuna à ousadia;
Porque sempre a encolhida covardia
De pedra serve ao livre pensamento.

Quem se eleva ao sublime Firmamento,
A Estrela nele encontra que lhe é guia;
Que o bem que encerra em si a fantasia
São umas ilusões que leva o vento.

Abrir-se devem passos à ventura;
Sem si próprio ninguém será ditoso;
Os princípios somente a Sorte os move.

Atrever-se é valor e não loucura;
Perderá por covarde o venturoso
Que vos vê, se os temores não remove.






CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Organização, introdução, comentários e anotações do Prof. Antônio Salgado Júnior. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora, 1963.

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