domingo, 28 de fevereiro de 2010

APOIO URGENTE

Quatro pesos-pesados da tradução literária no brasil - heloisa jahn, jorio dauster, ivone benedetti e ivo barroso - numa generosa iniciativa de solidariedade juntaram esforços e redigiram um manifesto sobre o processo da landmark contra Denise Bottmann e o blog “nãogostodeplágio”.

Encontra-se em http://apoiodenise.wordpress.com/, e os dispostos a subscrevê-lo encontram o link do abaixo-assinado no próprio apoiodenise ou diretamente em http://www.petitiononline.com/Bottmann/petition.html

sábado, 27 de fevereiro de 2010

KRISHNAMURTI (3)



Krishnamurti
Em
A Arte de Viver.





“A inteligência não é coisa pessoal, nem o produto da argumentação ou da crença, opinião, discussão.
A inteligência sucede quando o cérebro descobre a sua falibilidade e descobre aquilo de que é ou não capaz”.




“Ao transformar a si próprio transformará o outro, porque você é o outro.
Para se ir longe temos de começar perto; você é o mais perto”.




“A inteligência não consiste na busca de argumentação arguta, opor contradições e opiniões – como se através de opiniões fosse possível encontrar a verdade – o que não é o caso.
Consiste, isso sim, em perceber que a atividade do pensamento, com todas as suas capacidades e sutilezas, a sua extraordinária e incessante atividade não significa inteligência”.




“A nossa mente é o resultado de séculos e séculos de propaganda.
Temos sido moldados pelas circunstâncias e pelas nossas inclinações e tendências.
Somos um produto do tempo – foi no tempo que nossa mente amadureceu, se desenvolveu e evoluiu do animal para o seu estágio atual”.




“Existe um pensar resultante do completo esvaziamento da mente; por ser destituído de centro, este vazio representa a ação do infinito.
Daí surge a verdadeira criação, diferente de toda a criação humana”.










KRISHNAMURTI, Jiddu. Antologia: A Arte de Viver. Sem indicação de tradutor. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/17444954/Krishnamurti-A-Arte-de-Viver

Sobre Krishnamurti clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti

RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Março 2008

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ÁLVARES DE AZEVEDO (2)



Si eu morresse amanhã
(Álvares de Azevedo)



Si eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria,
Si eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas,
Si eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito,
Si eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora,
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos,
Si eu morresse amanhã!...







WERNECK, Eugênio. Antologia brasileira: coletânea em prosa e verso de escritores nacionais.
Disponível em:
http://books.google.com/books?id=z7lVAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=antologia+Eugenio+Werneck&hl=pt-BR&cd=1#v=onepage&q=&f=false


Sobre Álvares de Azevedo clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvares_de_Azevedo

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MARGARET MEAD



Margaret Mead
Em
O Padrão do Lazer na Cultura Americana Contemporânea.





“A experiência de muitos tipos diferentes tem mostrado que os pessimistas estão certos, que os afrouxamentos das relações entre o tempo gasto no trabalho e o tempo gasto no lazer frequentemente resultam em tédio, apatia, tentativas frenéticas de preencher o tempo, bebida demais, promiscuidade, jogo, dirigir sem cuidado, etc.

Os lucros merecidos não são lucros morais, e assim há uma tendência a gastá-los de formas que são rotuladas como imorais ou, ao menos, como futilidades”.




“O prazer recente dos jovens pais com seus bebês é outro padrão intrinsecamente recompensador que nenhuma grande civilização permitiu a seus jovens mais privilegiados.

A alegre companhia de uma família numerosa, vivendo numa casa pequena, com um carro e dois cachorros, tem muitas formas de repetir o tédio, a apatia e a necessidade de distrações”.




“É evidente que toda a questão de recreação, que dá apenas um valor instrumental para a alegria, precisa de uma espécie de revisão.

Precisa ser uma revisão que tornará os membros de uma sociedade – em que o prazer da eficiência em alto nível deveria agora substituir a obstinada boa vontade de trabalhar muitas horas em troca de recompensas bastante limitadas – capazes de integrar as horas mais curtas de trabalho e os novos e absorventes rituais domésticos de alguma forma global em que essas sequências antiquadas, herança de uma idade de escassez, possam ser superadas”.







MEAD, Margaret. “O Padrão do Lazer na Cultura Americana Contemporânea”. In. RUITENBEEK, H. (org.) O Dilema da Sociedade Tecnológica. Tradução de Wamberto Hudson Ferreira. Petrópolis: Vozes, 1971.

Sobre Margaret Mead clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_Mead

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

JAMES HARVEY ROBINSON (3)

James Harvey Robinson
Em
A Formação da Mentalidade.





“Temos de cuidar duma profunda reconstrução do nosso espírito, com a mira posta na compreensão da verdadeira natureza humana, sua conduta e organização.

Temos de examinar de novo os fatos, com a maior penetração crítica, sem paixão, e deixar que desse exame surja a nossa filosofia.

O que fazemos hoje é, primeiro, adotar uma filosofia e depois, torcer os fatos para ajustá-los a essa filosofia.

Experimentemos o processo contrário, como fizeram os grandes obreiros da ciência experimental; primeiro, encarar os fatos como os temos; depois, deixar que deles surjam uma nova filosofia”.




“A inteligência, numa criatura de rotina como o homem, e num universo tão mal compreendido como o nosso, tem, para dar passo à frente, de romper corajosamente com o passado”.







ROBINSON, James Harvey. A Formação da Mentalidade. Tradução de Monteiro Lobato. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.

Sobre James Harvey Robinson clique no linque abaixo:
http://en.wikipedia.org/wiki/James_Harvey_Robinson

MAMÃE EU QUERO (2)




Carmem Miranda no filme Serenata Tropical (1940)

MAMÃE EU QUERO (1936).

Composição: Jararaca (José Luis Rodrigues Calazans) e Vicente Paiva

Sobre Mamãe eu Quero:
http://jamesemanuel.blogspot.com/2008/02/mame-eu-quero.html

Sobre Serenata Tropical:
http://carmen.miranda.nom.br/cm_filmamer.htm

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

MÁRIO CESARINY



Todos por um
(Mário Cesariny de Vasconcelos)



A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza.

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a ponto de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum.






Poesia Surrealista Portuguesa. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/14543657/Poesia-Surrealista-Portuguesa

Sobre Mário Cesariny de Vasconcelos clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Cesariny

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

GILLES DELEUZE



Gilles Deleuze
Em
Lógica do Sentido.




“São os acontecimentos que tornam a linguagem possível.

Mas tornar possível não significa fazer começar.

Começamos sempre na ordem da palavra, mas não na da linguagem, em que tudo deve ser dado simultaneamente, em um golpe único.

Há sempre alguém que começa a falar; aquele que fala é o manifestante; aquilo de que se fala é o designado; o que se diz são as significações.

O acontecimento não é nada disto: ele não fala mais do que dele se fala ou do que se o diz.

E, no entanto, ele pertence de tal forma à linguagem, habita-a tanto que não existe fora das proposições que o exprimem.

Mas ele não se confunde com elas, o expresso não se confunde com a expressão.

Não lhe preexiste, mas lhe pré-insiste, assim, lhe dá o fundamento e condição.

Tornar a linguagem possível significa isto; fazer com que os sons não se confundam com as qualidades sonoras das coisas, com o burburinho dos corpos, com suas ações e paixões.

O que torna a linguagem possível é o que separa os sons dos corpos e os organiza em proposições, torna-os livres para a função expressiva.

É sempre uma boca que fala; mas o som cessou de ser o ruído de um corpo que come, pura oralidade, para tornar-se a manifestação de um sujeito que se exprime”.






DELEUZE, Gilles. Lógica do Sentido. Tradução de Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo: Perspectiva, 1974.

Sobre Gilles Deleuze clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilles_Deleuze

sábado, 20 de fevereiro de 2010

OLAVO BILAC (3)



LÍNGUA PORTUGUESA
(Olavo Bilac)



Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o tom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!







BANDEIRA, Manuel. Antologia dos Poetas Brasileiros. Poesia da Fase Parnasiana. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s/data.

Sobre Olavo Bilac clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

PETER BLAKE


Victoria and Albert Museum Catalogue, London, UK.



Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
1967 – litografia offset colorida sobre papel e cartão – 31,4 x 31,4 cm.
Autor: Peter Blake


Sobre Peter Blake clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Blake

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

NOVALIS (2)



Novalis
Em
Observações Entremescladas.





2

“A designação através de sons e traços é uma abstração admirável.
Quatro letras me designam Deus – Alguns traços um milhão de coisas.
Quão fácil se torna aqui o manejo do universo! quão visível a concentricidade do mundo dos espíritos! a gramática é a dinâmica do reino dos espíritos!
Uma palavra de comando move exércitos – a palavra liberdade – nações”.



6

“A compreender-nos totalmente, nós não chegaremos nunca, mas podemos, e iremos, muito mais que compreender”.



16

“Estamos próximos do despertar, quando sonhamos que sonhamos”.



20

“A sede da alma é ali onde o mundo interior e o mundo exterior se tocam.
Onde eles se interpenetram – está ela em cada ponto da interpenetração”.



25

“Vergonha é bem um sentimento de profanação.
Amizade, amor e piedade deveriam ser tratados misteriosamente.
Somente em raros, íntimos momentos se deveria falar deles, entender-se tacitamente sobre eles – Muitas coisas são delicadas demais para ser pensadas, várias, ainda, para ser pronunciadas”.









NOVALIS. Pólen. Tradução, apresentação e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho. 2ª. Ed. São Paulo: Iluminuras, 2001.

Sobre Novalis clique no linque abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Novalis

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

EUGÊNIO DE ANDRADE



Urgentemente
(Eugênio de Andrade)




É urgente o amor
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.






Poesia de Eugênio de Andrade. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/22545490/Poesia-de-Eugenio-de-Andrade

Sobre Eugênio de Andrade clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A9nio_de_Andrade

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS (2)



José de Almada Negreiros
Em
Ultimatum Futurista.



Às gerações portuguesas do Sec. XXI




“Acabemos com este maelstrom de chá morno!

Mandem descascar batatas simbólicas a quem disser que não há tempo para a criação!

Transformem em bonecos de palha todos os pessimistas e desiludidos!

Despejem caixotes de lixo à porta dos que sofrem da impotência de criar!

Rejeitem o sentimento de insuficiência da nossa época!

Cultivem o amor do perigo, o hábito da energia e da ousadia!

Virem contra a parede todos os alcoviteiros e invejosos do dinamismo!

Declarem guerra aos rotineiros e aos cultores do hipnotismo!

Livrem-se da choldra provinciana e da safardanagem intelectual!

Defendam a fé da profissão contra atmosferas de tédio ou qualquer resignação!

Façam com que educar não signifique burocratizar!

Sujeitem a operação cirúrgica todos os reumatismos espirituais!

Mandem para a sucata todas as idéias e opiniões fixas!

Mostrem que a geração portuguesa do século XXI dispõe de toda a força criadora e construtiva!

Atirem-se independentes prá sublime brutalidade da vida!

Dispensem todas as teorias passadistas!

Criem o espírito de aventura e matem todos os sentimentos passivos!

Desencadeiem uma guerra sem tréguas contra todos os “botas de elástico”!

Coloquem as vossas vidas sob a influência de astros divertidos!

Desafiem e desrespeitem todos os astros sérios deste mundo!

Incendeiem os vossos cérebros com um projeto futurista!

Criem a vossa experiência e sereis os maiores!

Morram todos os derrotistas! Morram! FIM!


José de Almada Negreiros
Poeta

FUTURISTA
E
TUDO

Nota: Este ultimatum deve ser lido pelo menos duas vezes prós muito inteligentes e d’aqui pra baixo é sempre a dobrar.

Lisboa, 17 de dezembro de 1917.










ALMADA NEGREIROS, José de. Ultimatum Futurista. Disponível em:
http://www.esnips.com/doc/05310e59-3ca7-439c-950e-e7c63c295242/Almada-Negreiros---Ultimatum-Futurista-(rev)/nsprev

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CARNAVAL 2010


Vou pro bloco...

Na quarta eu volto.

JOSÉ DE ALENCAR



José de Alencar
Em
Como e porque sou romancista.






“Hoje em dia quando surge algum novel escritor, o aparecimento de seu primeiro trabalho é uma festa, que celebra-se na imprensa com luminárias e fogos de vista.
Rufam todos os tambores do jornalismo, e a literatura forma parada e apresenta armas ao gênio triunfante que sobe ao Panteão.

Compare-se essa estrada, tapeçada de flores, com a rota aspérrima que eu tive de abrir, através da indiferença e do desdém, desbravando as urzes da intriga e da maledicência”.



“Há de ter ouvido augures, que eu sou um mimoso do público, cortejado pela imprensa, cercado de uma voga de favor, vivendo da falsa e ridícula idolatria a um romance oficial.
Aí tem as provas cabais: e por elas avalie dessa nova conspiração do despeito que veio substituir a antiga conspiração do silêncio e da indiferença”.



“Todavia ainda para o que teve a fortuna de obter um editor, o bom livro é no Brasil e por muito tempo será para seu autor, um desastre financeiro.
O cabedal de inteligência e trabalho que nele se emprega, daria em qualquer outra aplicação, lucro cêntuplo.

Mas muita gente acredita que eu estou cevando em ouro, produto de minhas obras.
E, ninguém ousaria acreditá-lo, imputaram-me isso a crime, alguma coisa como sórdida cobiça.

Que país é este onde forja-se uma falsidade, e para que?
Para tornar odiosa e desprezível a riqueza honestamente ganha pelo mais nobre trabalho, o da inteligência”!





ALENCAR, José de. Como e porque sou romancista. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000311.pdf


Sobre José de Alencar clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Alencar

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

JOHN RUSKIN



John Ruskin
Em
Tesourarias Reais.




“Na soma geral da sua vida, o autor considera aquilo que escreve como a coisa ou série de coisas que lhe são manifestas; o que escreve é, para ele, o trecho da verdadeira sabedoria ou a sua perspectiva dos horizontes que o quinhão que lhe coube em sorte sobre a terra lhe permitiu apreender.

O seu anelo seria que os pontos de vista que expressa ficassem assentes para sempre; gravados na rocha se possível; com estas palavras:
“O que aqui vos dou é o que há de melhor em mim.
Pelo que concerne o resto da minha vida, comi, bebi, dormi, amei e odiei como qualquer outro; a minha vida era como um vapor e não existe mais; mas o que aqui fixei, eu vi e conheci; se alguma coisa de mim há digna de perdurar na vossa memória, é o que aí fica”.

“O que aí fica”, é o trabalho escrito do autor; isto é, nos limites do estreito caminho de sua vida, e seja qual for o grau de verdadeira inspiração que o anima, a sua inscrição, ou a sua escrita.
Isto é um “Livro”.






RUSKIN, John. “Tesourarias Reais”. In. Ensaístas Ingleses. Prefácio de Lúcia Miguel-Pereira. Tradução de J. Sarmento de Beires e Jorge Costa Neves. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: W. M. Jackson Inc., 1950.

Sobre John Ruskin clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Ruskin

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

JOAQUIM NABUCO (6)



Joaquim Nabuco
Em
O Abolicionismo.






“Quando mesmo a emancipação total fosse decretada amanhã, a liquidação desse regime só daria lugar a uma série infinita de questões, que só poderiam ser resolvidas de acordo com os interesses vitais do país pelo mesmo espírito de justiça e humanidade que dá vida ao abolicionismo.

Depois que os últimos escravos houverem sido arrancados ao poder sinistro que representa para a raça negra a maldição da cor, será ainda preciso desbastar, por meio de uma educação viril e séria, a lenta estratificação de trezentos anos de cativeiro, isto é, de despotismo, superstição e ignorância.

O processo natural pelo qual a escravidão fossilizou nos seus moldes a exuberante vitalidade do nosso povo durante todo o período de crescimento, e enquanto a nação não tiver consciência de que lhe é indispensável adaptar à liberdade cada um dos aparelhos do seu organismo de que a escravidão se apropriou, a obra desta irá por diante, mesmo quando não haja mais escravos”.





NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Disponível em:
http://www.culturabrasil.pro.br/zip/oabolicionismo.pdf

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Nabuco

RABISCOS NO BLOCO


Postado originalmente no REFLEXÕES: Fevereiro 2008

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

LUDWIG FEUERBACH



Ludwig Feuerbach
Em
Princípios da Filosofia do Futuro.



1.

“A tarefa dos tempos modernos foi a realização e a humanização de Deus – a transformação e a resolução da teologia na antropologia”.



34.

A nova filosofia funda-se na verdade do amor, na verdade do sentimento.
É no amor, no sentimento em geral, que cada homem reconhece a verdade da nova filosofia.
A nova filosofia, relativamente à sua base, nada mais é do que a essência do sentimento elevada à consciência – afirma apenas e na e com a razão o que cada homem – o homem real – reconhece no coração.
Ela é o coração elevado ao entendimento.
O coração não quer objetos e seres abstratos, metafísicos ou teológicos – quer objetos e seres reais e sensíveis”.



54.

“A nova filosofia faz do homem, com a inclusão da natureza, enquanto base do homem, o objeto único, universal e supremo da filosofia – faz, pois, da antropologia, com inclusão da fisiologia, a ciência universal”.






FEUERBACH, Ludwig. Princípios da Filosofia do Futuro. Tradutor: Artur Morão. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2008. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/feuerbach_ludwig_principios_filosofia_futuro.pdf


Sobre Ludwig Feuerbach clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Feuerbach

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

GADAMER (3)



Hans-Georg Gadamer
Em
Verdade e Método.





“Entender e interpretar os textos não é somente um empenho da ciência, já que pertence claramente ao todo da experiência do homem no mundo”.



“A hermenêutica jurídica recorda em si mesma o autêntico procedimento das ciências do espírito.
Nela temos o modelo de relação entre passado e presente que estávamos procurando.
Quando o juiz adéqua a lei transmitida às necessidades do presente, quer certamente resolver uma tarefa prática.
O que de modo algum quer dizer que sua interpretação da lei seja uma tradução arbitrária.
Também em seu caso, compreender e interpretar significam conhecer reconhecer um sentido vigente.
O juiz procura corresponder a “idéia jurídica” da lei, interpretando-a com o presente.
É evidente, ali, uma mediação jurídica.
O que tenta reconhecer é o significado jurídico da lei, não o significado histórico de sua promulgação ou certos casos quaisquer de sua aplicação.
Assim, não se comporta como historiador, mas se ocupa de sua própria história, que é seu próprio presente.
Por conseqüência, pode a cada momento assumir a posição do historiador, face às questões que implicitamente já o ocupam como juiz”.



“Aquele que compreende já está sempre incluído num acontecimento, em virtude do qual se faz valer o que tem sentido”.



“Na medida em que compreendemos, estamos incluídos num acontecer da verdade e quando queremos saber o que temos que crer, parece-nos que chegamos demasiado tarde”.





GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método – Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Tradução de Flávio Paulo Meurer. Revisão da tradução de Ênio Paulo Giachini. 3ª. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

Sobre Gadamer clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans-Georg_Gadamer

sábado, 6 de fevereiro de 2010

FERNANDO PESSOA (13)

As lentas nuvens fazem sono
(Fernando Pessoa)



As lentas nuvens fazem sono,
O céu azul faz bom dormir.
Bóio, num íntimo abandono,
À tona de me não sentir.

E é suave, como um correr de água,
O sentir que não sou alguém,
Não sou capaz de peso ou mágoa.
Minha alma é aquilo que não tem.

Que bom, à margem do ribeiro
Saber que é ele que vai indo...
E só em sono eu vou primeiro,
E só em sonho eu vou seguindo.





PESSOA, Fernando. Poesias Inéditas. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jp000002.pdf

ELVIS PRESLEY





Jailhouse Rock (1957)

Cena onde ele mostra um número de dança na prisão apresentando a canção título do filme, foi coreografada pelo próprio Elvis, muitos a consideram um dos primeiros vídeo-clipes da história do rock.


Sobre o filme clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jailhouse_Rock_(filme)

Sobre Elvis Presley clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Elvis_Presley

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ROLAND BARTHES (2)



Roland Barthes
Em
O Prazer do Texto.




“A tagarelice do texto é apenas essa espuma de linguagem que se forma sob o efeito de uma simples necessidade de escritura”.



“O texto que o senhor escreve tem de me dar prova de que ele me deseja.
Essa prova existe: é a escritura.
A escritura é isto: a ciência das fruições da linguagem, seu kama-sutra (desta ciência, só há um tratado: a própria escritura)”.




“Nem a cultura nem a sua destruição são eróticas; é a fenda entre uma e outra que se torna erótica”.




“O lugar mais erótico de um corpo não é lá onde o vestuário se entreabre?

Na perversão (que é o regime do prazer textual) não há “zonas erógenas” (expressão aliás bastante importuna); é a intermitência, como o disse muito bem a psicanálise, que é erótica: a da pele que cintila entre duas peças (as calças e a malha), entre duas bordas (a camisa entreaberta, a luva e a manga); é essa cintilação mesma que seduz, ou ainda: a encenação de um aparecimento-desaparecimento”.






BARTHES, Roland. O Prazer do Texto. Tradução: J. Guinsburg. Revisão: Alice Kyoko Miyashiro. São Paulo: Perspectiva, 1987.

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

TOMMASO CAMPANELLA (2)



Tommaso Campanella
Em
A Cidade do Sol.




“Nápoles tem uma população de setenta mil pessoas, mas só quinze mil trabalham e são logo aniquiladas pelo excesso de fadiga.

As restantes são aniquiladas pelo ócio, pela preguiça, pela avareza, pela enfermidade, pela lascívia, pela usura, etc., e, para maior desventura, contaminam e corrompem um infinito número de homens, sujeitando-os, a adular, a participar dos próprios vícios, com grande dano para as funções públicas.

Os campos, a milícia, as artes, ou são desprezadas ou, com ingentes sacrifícios, pessimamente cultivadas por alguns.

Na Cidade do Sol, ao contrário, havendo igual distribuição dos misteres, das artes, dos empregos, das fadigas, cada indivíduo não trabalha mais de quatro horas por dia, consagrando o restante ao estudo, à leitura, às discussões científicas, ao escrever, à conversação, aos passeios, em suma, a toda sorte de exercícios agradáveis e úteis ao corpo e à mente.

Não se permitem jogos que obriguem a ficar sentado, como dados, xadrez e outros, divertindo-se todos com a pela, o balão, o pião, a corrida, a luta, o arco, o arcabuz, etc.

Afirmam, além disso, que a pobreza é a razão principal de se tornarem homens vis, velhacos, fraudulentos, ladrões, intrigantes, vagabundos, mentirosos, falsos testemunhos, etc., produzindo a riqueza os insolentes, os soberbos, os ignorantes, os traidores, os presunçosos, os falsários, os vaidosos, os egoístas, etc.

A comunidade, ao contrário, coloca os homens numa condição ao mesmo tempo rica e pobre: são ricos porque gozam de todo o necessário, e são pobres porque não possuem nada”.











CAMPANELLA, Tommaso. A Cidade do Sol. Sem indicação do tradutor. Disponível em: http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/colecaoridendo/A_Cidade_do_Sol.htm

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

RAUL TORRES



Do Lado Que o Vento Vai
(Raul Torres)




Adeus, morena! Eu vou
Do lado que o vento vai
Amanhã, muito cedinho,
Peço a bênção dos meus pais.

Me fizeram judiação,
É coisa que não se faz!
Adeus, morena! Eu vou,
Adeus, eu vou pro sertão de Goiás!

Na passagem da porteira
Quem achar um lenço é meu,
Que me caiu da algibeira
No pulo que o macho deu.

Adeus, morena! Eu vou
Do lado que o vento vai
Amanhã, muito cedinho,
Peço a bênção dos meus pais.

Me fizeram judiação,
É coisa que não se faz!
Adeus, morena! Eu vou,
Adeus, eu vou pro sertão de Goiás!

Quando de ti me afastei,
No Riacho da Alegria,
Tanto os meus olhos choravam,
Como o riacho corria...

Adeus, morena! Eu vou
Do lado que o vento vai
Amanhã, muito cedinho,
Peço a bênção dos meus pais.

Me fizeram judiação,
É coisa que não se faz!
Adeus, morena! Eu vou,
Adeus, eu vou pro sertão de Goiás!





Sobre Raul Torres clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Torres

NORMAN ROCKWELL

The Gossip (1948)
Ilustração para a Life Magazine
Autor: Norman Rockwell


Sobre Norman Rockwell clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Norman_Rockwell

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

EDMUND HUSSERL (2)



Edmund Husserl
Em
A Crise da Humanidade Européia e a Filosofia.





“Se o movimento educativo se difunde para círculos cada vez mais largos de povos – e, por natureza, para os mais elevados, para os dominantes, para os menos constrangidos pelos cuidados da vida –, que conseqüências resultam daí?

Manifestamente, isto não conduz simplesmente a uma modificação homogênea da normal vida do Estado e da Nação, satisfatória no seu conjunto, mas antes, com toda a probabilidade, a grandes cisões interiores, nas quais esta vida e o todo da cultura nacional entram em convulsão.

Os que estão conservadoramente satisfeitos com a tradição e o círculo humano dos filósofos tornam-se antagonistas mútuos e, seguramente, a luta desenrolar-se-á nas esferas políticas do poder.

A perseguição inicia-se já nos próprios começos da Filosofia.

São proscritos os homens cuja vida se entrega a estas idéias.
Ainda assim, as idéias são sempre mais fortes que quaisquer poderes empíricos”.








HUSSERL, Edmund. A Crise da Humanidade Européia e a Filosofia. Tradução e Introdução de Pedro M. S. Alves. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2008. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/husserl_edmund_crise_da_humanidade_europeia_filosofia.pdf


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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

EUCLIDES DA CUNHA



Euclides da Cunha
Em
Os Sertões.



O Sertanejo
(trecho)


“O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.

Não tem o raquitismo dos mestiços neurastênicos do litoral.

A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance da vista, revela o contrário.
Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto.
Hercules-Quasimodo reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos.
O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados.
Agrava-o a postura normalmente acurvada, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente.
A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela.
Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme.
Avança celeremente num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas.
E, se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.

É o homem permanentemente fatigado”.







WERNECK, Eugênio. Antologia brasileira: coletânea em prosa e verso de escritores nacionais.
Disponível em:
http://books.google.com/books?id=z7lVAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=antologia+Eugenio+Werneck&hl=pt-BR&cd=1#v=onepage&q=&f=false


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