quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

TOMMASO CAMPANELLA (2)



Tommaso Campanella
Em
A Cidade do Sol.




“Nápoles tem uma população de setenta mil pessoas, mas só quinze mil trabalham e são logo aniquiladas pelo excesso de fadiga.

As restantes são aniquiladas pelo ócio, pela preguiça, pela avareza, pela enfermidade, pela lascívia, pela usura, etc., e, para maior desventura, contaminam e corrompem um infinito número de homens, sujeitando-os, a adular, a participar dos próprios vícios, com grande dano para as funções públicas.

Os campos, a milícia, as artes, ou são desprezadas ou, com ingentes sacrifícios, pessimamente cultivadas por alguns.

Na Cidade do Sol, ao contrário, havendo igual distribuição dos misteres, das artes, dos empregos, das fadigas, cada indivíduo não trabalha mais de quatro horas por dia, consagrando o restante ao estudo, à leitura, às discussões científicas, ao escrever, à conversação, aos passeios, em suma, a toda sorte de exercícios agradáveis e úteis ao corpo e à mente.

Não se permitem jogos que obriguem a ficar sentado, como dados, xadrez e outros, divertindo-se todos com a pela, o balão, o pião, a corrida, a luta, o arco, o arcabuz, etc.

Afirmam, além disso, que a pobreza é a razão principal de se tornarem homens vis, velhacos, fraudulentos, ladrões, intrigantes, vagabundos, mentirosos, falsos testemunhos, etc., produzindo a riqueza os insolentes, os soberbos, os ignorantes, os traidores, os presunçosos, os falsários, os vaidosos, os egoístas, etc.

A comunidade, ao contrário, coloca os homens numa condição ao mesmo tempo rica e pobre: são ricos porque gozam de todo o necessário, e são pobres porque não possuem nada”.











CAMPANELLA, Tommaso. A Cidade do Sol. Sem indicação do tradutor. Disponível em: http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/colecaoridendo/A_Cidade_do_Sol.htm

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