quinta-feira, 14 de maio de 2009

MARTINS FONTES



Beijos Mortos
(Martins Fontes)




Amemos a mulher que não ilude,
e que, ao saber que a temos enganado,
perdoa por amor e por virtude,
pelo respeito ao menos do passado.

Muitas vezes, na minha juventude,
evocando o romance de um noivado,
sinto que amei outrora quanto pude,
porém mais deveria ter amado.

Choro. O remorso os nervos me sacode.
E, ao relembrar o mal que então fazia,
meu desespero inconsolado explode.

E a causa desta horrível agonia,
é ter amado, quanto amor se pode,
sem ter amado quanto amor devia.







FARACO, Sérgio, org. Livro dos Sonetos 1500 – 1900. Porto Alegre: L&PM, 1996.

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