sexta-feira, 20 de março de 2009

BAUDELAIRE (6)



O VAMPIRO
(Charles Baudelaire)





Tu que, como uma punhalada,
Entraste em meu coração triste;
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado
Encontrar o leito e o ascendente;
– Infame a que eu estou atado
Tal como o forçado à corrente,

Como ao baralho o jogador,
Como à bebida o barracão,
Como aos vermes a podridão,
– Maldita sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz
Que me concedesse a alforria,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia,

Ah! Pobre! O veneno e o punhal
Disseram-me de ar zombeteiro:
Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro,

Ah! Imbecil – de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!









BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. Tradução, prefácio e notas de Jamil Almansur Haddad. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1958.

Sobre Baudelaire clique no linque abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire

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