quinta-feira, 19 de março de 2009

MIRCEA ELIADE



Mircea Eliade
Em
Mito e realidade.






“Heródoto nos confessa por que se deu ao trabalho de escrever suas Histórias: a fim de que as façanhas dos homens não se perdessem no curso dos tempos.
Ele queria conservar a memória dos atos dos gregos e dos bárbaros.

Outros historiadores da antiguidade escreveram suas obras por razões diferentes: Tucídides, por exemplo, para ilustrar a luta pelo poder, traço característico, segundo ele, da natureza humana; Políbio, para mostrar que toda a história do mundo converge para o Império romano, e também porque a experiência adquirida mediante o estudo da História constitui a melhor introdução à vida; Tito Lívio, para descobrir na História “modelos para nós e para o nosso país” – e assim por diante.

Nenhum desses autores – nem mesmo Heródoto, apaixonado pelos deuses e as teologias exóticas – escreveu sua História do modo como o fizeram os autores das mais antigas narrativas históricas de Israel: com o fim de provar a existência de um plano divino e a intervenção do Deus Supremo na vida de um povo.

Isso não quer dizer que os historiadores gregos e latinos tenham sido necessariamente desprovidos de sentimentos religiosos.
Mas em sua concepção religiosa não havia lugar para a intervenção de um Deus único e pessoal na História; eles não atribuíam a esses acontecimentos históricos a significação religiosa que tinham para os israelitas.

Para os gregos, por outro lado, a História não passava de um aspecto do processo cósmico, condicionado pela lei do vir-a-ser.
Como todos os fenômenos cósmicos, a História mostrava que as sociedades humanas nascem, se desenvolvem, degeneram e perecem.
A História, por essa razão, não podia ser um objeto de conhecimento.
A historiografia, entretanto, era útil, pois ilustrava o processo do eterno vir-a-ser na vida das nações, sobretudo para conservar a memória das façanhas de diversos povos e os nomes e as aventuras dos personagens excepcionais”.








ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. Tradução de Paola Civelli. Revisão de Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1989.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Mircea_Eliade

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