quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

KIERKEGAARD (3)



Sören Kierkegaard
Em
O Banquete.






“Observai que a mulher se de alguma coisa se queixa, não é de ser adorada: - é, pelo contrário, de deixar de o ser.

Se eu fosse mulher, acima de tudo exigiria que ninguém me fizesse a corte, dispensaria muito bem os galanteios; contentar-me-ia com pertencer ao sexo fraco, aceitaria a verdade da minha situação, e teria o brio de repelir as mentiras dos homens.

A mulher não pensa assim, pouco se importa com a verdade”.






“Agradeço, pois, aos deuses o ter nascido homem, e não mulher.

Com isto, porém, não deixo de pensar nas vantagens que perdi.
Desde as canções do botequim até aos versos de tragédia, a poesia é uma apoteose da mulher, para maior infelicidade dela e do seu adorador, porque, se este não tiver cuidado, quando estiver no melhor do seu culto, sentirá que o rosto lhe emagrece.

O homem deve à mulher tudo quanto faz de belo, de insigne, de espantoso, porque da mulher recebeu o entusiasmo; ela é o ser que exalta.

Quantos moços imberbes, tocadores de flauta, não celebraram já o tema?
E quantas pastoras ingênuas não o ouviram também?

Confesso a verdade quando digo que a minha alma está isenta de inveja e cheia de gratidão para com Deus; antes quero ser homem pobre de qualidades, mas homem, do que mulher – grandeza imensurável, que encontra a sua felicidade na ilusão.

Vale mais ser uma realidade, que ao menos possui uma significação precisa, do que ser uma abstração precisa, do que ser uma abstração susceptível de todas as interpretações”.








KIERKEGAARD, Sören. O Banquete. Tradução de Álvaro Ribeiro. 3ª. Ed. Lisboa: Guimarães Editores, 1972.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B8ren_Kierkegaard

Um comentário:

Anna Flávia disse...

bem verdade. gostei.

beijo!