quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

JAMES JOYCE



James Joyce
Em
Retrato do artista quando jovem.






“Voltou-se para Mercedes e, como se pusesse a examiná-la, uma estranha intranquilidade fluía em seu sangue.

Às vezes acometia-o uma febre que o levava a errar sozinho, à noite, ao longo da avenida silenciosa.

A paz dos jardins e as benevolentes luzes nas janelas derramavam terna influência dentro do seu coração sem sossego.

A algazarra das crianças nos folguedos irritavam-no e suas vozes bobas faziam-no sentir ainda mais agudamente do que sentira em Clongowes quando era diferente dos outros.

Não queria brincar.

O que queria era encontrar no mundo real a imagem sem substância que a sua alma tão constantemente baralhava.

Não sabia onde a descobriria, nem como; mas um pressentimento o advertia sempre que essa imagem, sem nenhum ato aparente seu, lhe viria ao encontro.

Haviam de se encontrar sem alvoroço, como se já se conhecessem um ao outro e tivessem marcado uma entrevista talvez num daqueles portões ou noutro lugar mais secreto.

Estariam sós, cercados pela treva e pelo silêncio; e nesse momento de suprema ternura ele seria transfigurado.

Dissolver-se-ia dentro de qualquer coisa impalpável, sob os olhos dela.

E depois então, num momento, se transfiguraria.

Prostração, timidez e inexperiência abandoná-lo-iam nesse mágico momento”.






JOYCE, James. Retrato do artista quando jovem. Tradução de José Geraldo Vieira. Rio de Janeiro: Ediouro, s/data. Disponível em http://temqueler.files.wordpress.com/2009/12/james-joyce-retrato-do-artista-quando-jovem-pdfrev.pdf

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