quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

CONDILLAC



CONDILLAC
Em
Resumo Selecionado do Tratado das Sensações





“Não há sensações indiferentes senão por comparação; cada uma é em si mesma agradável ou desagradável: sentir-se e não sentir-se bem ou mal são expressões completamente contraditórias”.

“Por conseguinte, é o prazer ou o sofrimento que, ocupando nossa capacidade de sentir, produz esta atenção de onde se formam a memória e o juízo”.

“Portanto, não saberíamos estar mal, ou menos bem do que havíamos estado, se não comparássemos o estado em que estamos com aqueles pelos quais passamos.
Mais fazemos esta comparação, mais experimentamos esta inquietude que nos faz julgar que é importante para nós mudar de situação: sentimos necessidade de alguma coisa melhor.
Logo a memória nos lembra o objeto que acreditamos poder contribuir para a nossa felicidade, e nesse instante a ação de todas as nossas faculdades se determina em direção a esse objeto.
Ora, esta ação das faculdades é o que chamamos desejo “.

“Com efeito, o que fazemos de fato quando desejamos?
Julgamos que o gozo de um bem nos é necessário.
Logo nossa reflexão se ocupa unicamente dele.
Se está presente, fixamos os olhos nele, estendemos os braços para o agarrar.
Se está ausente, a imaginação o descreve, e pinta vivamente o prazer de o desfrutar.
O desejo não é, pois, senão a ação das próprias faculdades, que se atribui ao entendimento e que, estando determinada em direção a um objeto pela inquietude que causa sua privação, determina também a ação das faculdades do corpo.
Ora, do desejo nascem às paixões, o amor, o ódio, a esperança, o medo, a vontade.
Portanto, tudo isso ainda não é senão a sensação transformada”.






CONDILLAC, Étienne Bonnot De. “Resumo Selecionado do Tratado das Sensações”. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. In.CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973.(Os pensadores)

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Étienne_Bonnot_de_Condillac

Um comentário:

Maria Oliveira disse...

Ah... o desejo, esse misterioso sentir que nos ajuda a vencer as etapas da vida mas também nos derruba, nos confunde.
É o desejo que nos controla a nós, ou somos nós que devemos controlar o desejo?...
Abraço
Feliz ano novo!!!!