Soneto
(Luís de Camões)
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
CAMÕES, Luís de. Versos e Alguma Prosa de Luís de Camões. Prefácio e seleção de textos por Eugênio de Andrade. Lisboa: Moraes Editores, 1977.
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
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Um comentário:
É não contentar-se de contente...
Lindo demais!
Beijo
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