quinta-feira, 14 de agosto de 2008
BAUDELAIRE (3)
BAUDELAIRE
Em
Um comedor de ópio
“Para sentir dessa maneira, é preciso ter sofrido muito, é preciso ser um desses corações que a infelicidade abre e amolece, ao contrário daqueles que ela fecha e endurece.
O Beduíno da civilização aprende no Sahara das cidades grandes, muitos motivos de enternecimento que o homem, cuja sensibilidade está limitada pelo home e pela família, ignora.
Existe no barathrum das capitais, como no Deserto, alguma coisa que fortifica e modela o coração do homem, que o fortalece de uma outra maneira, quando não o deprava e o enfraquece até a abjeção e ao suicídio”.
“O grande segredo da felicidade sobre o qual os filósofos se disputaram durante tantos séculos estava então finalmente descoberto!
Podia-se comprar a felicidade por um penny e leva-la no bolso do colete; o êxtase se deixaria encerrar numa garrafa, e a paz de espírito poderia ser expedida pela diligência!
O leitor acreditará talvez que eu queira rir, mas tenho esse velho hábito de brincar com a dor, e posso afirmar que aquele que tiver feito uso do ópio não rirá muito tempo.
Seus prazeres são até de natureza grave e solene, e, em seu estado mais feliz, o comedor de ópio não pode apresentar-se com as características do allegro, pois fala e pensa como convém ao pensieroso”.
BAUDELAIRE, Charles. Um comedor de ópio. Tradução de Annie Paulette Marie Canbe. Rio de Janeiro: Newton Compton Brasil ltda, s/data. Clássicos Econômicos Newton.
Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire
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