sábado, 9 de agosto de 2008

OSCAR WILDE (13)



OSCAR WILDE
Em
A ALMA DO HOMEM SOB O SOCIALISMO






“É preciso observar que Jesus nunca diz que os pobres sejam necessariamente bons e os ricos necessariamente maus.
Isto não teria sido certo.
Os ricos, como classe, são melhores que os pobres, mais moralizados e inteligentes, mais bem educados.
Numa comunidade, há uma só classe que pensa no dinheiro mais que os ricos: a dos pobres.
É que estes não podem pensar em outra coisa.
Tal é a maldição da pobreza”.




“A personalidade é uma coisa misteriosíssima.
Nem sempre se pode apreciar um homem pelos seus atos.
Pode este observar as leis e ser, não obstante, indigno.
Pode infringir as leis e ser, não obstante, honrado.
Pode ser mau, sem ter praticado nenhum mal; cometer um crime contra a sociedade, alcançando sua verdadeira perfeição com esse crime.

Uma vez foi colhida em flagrante delito de adultério uma mulher. Não chegou até nós a história de seu amor, mas aquele amor deve ter sido grande, pois Jesus lhe disse que seus pecados lhe seriam perdoados, não porque se arrependesse, mas por ser seu amor tão intenso e admirável.
Passado algum tempo, pouco antes de sua morte, veio a mulher ungir-lhe os cabelos com perfumes caros.
Os amigos de Jesus quiseram opor-se, dizendo que era uma extravagância e que o dinheiro gasto naqueles perfumes poderia ser empregado em socorrer caritativamente as pessoas necessitadas.
Mas Jesus repeliu aquele modo de julgar, afirmando que as necessidades materiais eram numerosas e constantes, mas que suas necessidades espirituais eram ainda maiores e que, em um momento divino, uma personalidade pode alcançar sua perfeição escolhendo por si mesma seu próprio modo de expressão”.





WILDE, Oscar A Alma do Homem sob o Socialismo. In. __________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

Um comentário:

Carol Rocha disse...

Não julgue para não ser julgado. rs