sábado, 16 de agosto de 2008

DE GÉRANDO



Joseph-Marie De Gérando
Em
Dos Signos e da Arte de Pensar







“Um dos hábitos mais patentes em seus efeitos e dos mais fáceis de explicar por seus princípios é o que nos faz, de alguma forma, identificar aos nomes as idéias das coisas que eles exprimem; de tal forma que esses nomes pareceriam desfrutar de uma virtude própria e natural para representar as coisas, e que mesmo freqüentemente pareceriam inseparáveis da realidade dessas coisas.

Daí resultaram não somente grandes preconceitos sobre a origem, a natureza e os efeitos da linguagem, mas também uma grande quantidade de erros nas ciências, onde as palavras foram freqüentemente dadas – e recebidas – por idéias, onde os equívocos se tornaram irremediáveis devido à confiança que se tinha na virtude da língua, onde as identidades gramaticais não se converteram em necessidades metafísicas.

Daí resultaram ainda muitos erros bem mais funestos no seio das sociedades.

Um nome ilustre quase sempre faz desculpar muitos crimes relativamente àquele que o possui, assim como um nome ao qual estejam ligadas idéias de infâmia desonra aqueles aos quais foi transmitido.

Viram-se homens comandarem, em nome da moral, o assassinato, a destruição e todas as crueldades.

Viu-se, em nome da liberdade, estabelecer-se o mais absoluto despotismo; em nome da igualdade ordenarem-se as mais iníquas proscrições; e encontraram-se sempre espíritos bastante dóceis para que os hábitos ligados às palavras vencessem neles a evidência dos fatos e o testemunho dos sentidos”.







DE GÉRANDO, Joseph Marie de. Dos Signos e da Arte de Pensar. Tradução de Franklin Leopoldo e Silva e Victor Knoll. In.CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores)

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Marie,_baron_de_Gérando

Ver também:
http://www.newadvent.org/cathen/06465a.htm

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