Manuel Luis Salgado Guimarães
Em
O Presente do passado.
“Segundo Freud, é a lembrança de um crime primitivo perpetrado contra um chefe poderoso e autoritário, igualmente fonte de culpa e sofrimento, que estaria na base instituinte da vida coletiva, possível apenas a partir da aceitação de algumas regras.
A lembrança desse ato seria periodicamente ritualizada através de um ato coletivo, ao mesmo tempo lembrança e advertência, e assim reafirmação dos laços instituintes da sociabilidade”.
“Convocar os que foram vítimas das mais diferentes formas de silenciamento é certamente central e indispensável para a convivência em sociedade.
Reconstruir possibilidades dessa convivência em comum significa necessariamente dar voz ao silenciado, como ato de elaboração do vivido e condição de produção de presentes e futuros.
Confundir, no entanto, esses procedimentos com as tarefas de conhecimento do passado – tarefa principal do historiador no exercício de seu ofício – pode ser arriscado, demandando, por isso, de nossa disciplina cuidados especiais”.
“Revisitar o passado não pode ser desvinculado das demandas e exigências de um tempo presente e, nesse sentido, sua compreensão é também parte da inteligibilidade de uma cultura histórica que aciona experiências, imagens e atores do passado para uma contemporaneidade que busca nesse tempo que ficou para trás referências para imaginar o mundo em que vive.
Esboça-se aqui, segundo defendo, um projeto para a historiografia como campo de investigação, que articula política, cultura histórica e uma história das formas do lembrar-se”.
GUIMARÃES, Manuel Luis Salgado. O presente do passado: as artes de Clio em tempos de memória. (In.) ABREU, Martha de, SOIHET, Rachel, GONTIJO, Rebeca (orgs) Cultura Política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
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