terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

HONORÉ DE BALZAC (3)



Honoré de Balzac
Em
Fisiologia do Casamento





“A força do vapor, a dos cavalos, dos homens ou da água são invenções boas; mas a natureza deu à mulher uma força moral a que estas últimas não são comparáveis: a denominaremos força da matraca.
Esta potência consiste numa perpetuidade de som, numa volta tão exata das mesmas idéias, que à força de as ouvir, admiti-la-eis para vos livrardes da discussão.

Assim, a potência da matraca vos provará:

- Que sois bastante feliz por ter uma mulher com um tal mérito;
- Que vos deram muita honra em vos desposar;
- Que muitas vezes as mulheres vêem melhor do que os homens;
- Que deverias adotar em tudo a opinião de vossa mulher e quase sempre segui-la;
- Que deveis respeitar a mãe de vossos filhos, acatá-la, ter confiança nela;
- Que a melhor maneira de não ser enganado é sujeitar-se à delicadeza de uma mulher, por isso que, conforme certas idéias velhas que tivemos a fraqueza de deixar acreditar, é impossível a um homem obstar que a mulher o minotaurise;
- Que uma mulher legítima é a melhor amiga de um homem;
- Que uma mulher é dona em sua casa e rainha no seu salão, etc.

Aqueles que querem opor uma resistência firme a estas conquistas da dignidade da mulher, caem na categoria dos predestinados.

A princípio, suscitam-se questões que, nos olhos das suas mulheres, lhes dão um ar de tirania.
A tirania de um marido é sempre uma terrível desculpa para a inconseqüência de uma mulher”.





BALZAC, H. Physiologia do Casamento. Tradução de Hardinio Lopes. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia Editores, 1936.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Honor%C3%A9_de_Balzac

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