domingo, 14 de outubro de 2007

LEIBNIZ


LEIBNIZ
Em
As Noções Inatas




“Filaleto – Não poderia porventura acontecer que, não somente os termos ou palavras de que nos servimos, mas também as idéias, nos venham de fora?

Teófilo – Neste caso seria necessário que nós mesmos estivéssemos fora de nós, pois as idéias intelectuais ou de reflexão são hauridas de nosso espírito. Gostaria de saber como poderíamos ter a idéia do ser, se nós mesmos não fossemos seres e não encontrássemos o ser dentro de nós.”




“Filaleto – Se existem verdades inatas, não será necessário que existam pensamentos inatos?

Teófilo – Em absoluto, pois os pensamentos são ações, e os conhecimentos ou as verdades, enquanto estão dentro de nós (mesmo que neles não pensemos), são hábitos ou disposições; sabemos muitas coisas nas quais não pensamos.

Filaleto – É bem difícil conceber que uma verdade esteja no espírito, se este jamais pensou nesta verdade.

Teófilo – É como se alguém dissesse que é bem difícil conceber que existem veios no mármore antes que os descubramos. Parece também que esta objeção se aproxima demais da petição de princípio. (...)
...se as verdades fossem pensamentos, seríamos privados não somente das verdades nas quais nunca pensamos, mas também daquelas, nas quais já pensamos mas não pensamos mais atualmente; e se as verdades não são pensamentos, mas hábitos e aptidões, naturais ou adquiridas, nada impede que haja algumas em nós, nas quais nunca pensamos nem jamais pensaremos”.




LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Tradução de Luiz João Baraúna. – 5a. ed. – São Paulo:Nova Cultural, 1992. – (Os pensadores) v.1.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gottfried_Leibniz

2 comentários:

L.Reis disse...

talvez sejam essas verdades, que sabemos mas não pensamos, a razão por que, de súbito, nos descobrimos estrangeiros a habitar a pele que sabemos nossa...

Beti disse...

Blogue muito interessante!
:)*