terça-feira, 2 de março de 2010

ALBERTO DE OLIVEIRA (2)



CHEIRO DE ESPÁDUA
(Alberto de Oliveira)




“Quando a valsa acabou, veio à janela.
Sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava.
Eu, viração da noite, a essa hora entrava
E estaquei, vendo-a decotada e bela.

Eram os ombros, era a espádua, aquela
Carne rosada um mimo! A arder na lava
De improvisa paixão, eu, que a beijava,
Hauri sequiosa toda a essência dela!

Deixei-a, porque a vi mais tarde, oh ciúme!
Sair velada da mantilha. A esteira
Sigo, até que a perdi, de seu perfume.

E agora, que se foi, lembrando-a ainda,
Sinto que a luz do luar nas folhas, cheira
Este ar da noite àquela espádua linda!”







BARBOSA, Frederico (Seleção e organização). Clássicos da poesia brasileira. Rio de Janeiro: O Globo / Click Editora,1997.

Sobre Alberto de Oliveira clique

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_de_Oliveira

Nenhum comentário: