sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SIGMUND FREUD (5)



Sigmund Freud
Em
Escritos sobre a guerra e a morte.






“O Estado combatente permite a si toda a injustiça e toda a violência que desonraria o indivíduo.

Não só utiliza contra o inimigo a astúcia permissível (ruses de guerre), mas também a mentira consciente e o engano intencional, e isto, claro está, numa medida que parece superar o usual em guerras anteriores.

O Estado exige dos seus cidadãos o máximo de obediência e de abnegação, mas incapacita-os mediante um excesso de dissimulação e uma censura da comunicação e da expressão das opiniões, que deixa sem defesa o ânimo dos assim intelectualmente oprimidos frente a toda a situação desfavorável e a todo o boato desastroso.

Desliga-se das garantias e dos convênios que o vinculavam aos outros Estados, confessa abertamente a sua avareza e a sua ânsia de poder que, em seguida, o indivíduo deve sancionar por patriotismo”.





“A educação e o ambiente não se limitam a oferecer prêmios de amor, mas lidam também com prêmios de outra natureza, com a recompensa e o castigo.

Podem, pois, fazer que o indivíduo submetido à sua influência se resolva a agir bem, no sentido cultural, sem que nele tenha realizado um enobrecimento das pulsões, uma mutação das tendências egoístas em tendências sociais.

O resultado será, no conjunto, o mesmo; só em circunstâncias especiais se tornará patente que um age sempre bem, porque a tal o forçam as suas inclinações pulsionais, mas o outro só é bom porque tal conduta cultural traz vantagens aos seus intentos egoístas, e só enquanto e na medida em que as procura.

Nós, porém, com o nosso conhecimento superficial do indivíduo, não temos meio algum de distinguir os dois casos, e o nosso otimismo induzir-nos-á decerto a exagerar desmesuradamente o número dos homens transformados pela cultura”.





“Desde que aprendemos a interpretar, inclusive, os sonhos mais absurdos e confusos, sabemos que, ao adormecer, nos despojamos da nossa moralidade, tão trabalhosamente adquirida, como de um vestido – e só de manhã de novo nela nos envolvemos.

Este desnudamento é, naturalmente, inócuo, já que o estado hípnico nos paralisa e nos condena à inatividade.

Só o sonho nos pode dar notícia da regressão da nossa vida afetiva a um dos mais antigos estágios evolutivos”.





“A morte própria é inimaginável, e todas as vezes que tentamos [fazer dela uma idéia] podemos observar que, em rigor, permanecemos sempre como espectadores.

Assim, foi possível arriscar na escola psicanalítica esta asserção: no fundo, ninguém acredita na sua própria morte ou, o que é a mesma coisa, no inconsciente, cada qual está convencido da sua imortalidade”.











FREUD, S. Escritos sobre a Guerra e a Morte. Tradutor: Artur Morão. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2009. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/freud_sigmund_da_guerra_e_da_morte.pdf

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