MINHA GRANDE TERNURA
(Manuel Bandeira)
Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequenas aranhas.
Minha grande ternura
Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desjáveis
E deixaram de o ser.
Pelas mulheres que me amaram
E eu não pude amar.
Minha grande ternura
Pelos poemas que
Não consegui realizar.
Minha grande ternura
Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.
Minha grande ternura
Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite
De um túmulo.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
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Um comentário:
lindo de morrer.
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