terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

JÚLIA LOPES DE ALMEIDA



Júlia Lopes de Almeida
Em
Livro das Donas e Donzelas.






“Nós, as mulheres, não temos sempre facilidade de bem exprimir os sentimentos por palavras; eles parecem-nos por demais sutis e complexos; elas insuficientes e fraquíssimas.

Dizem que há para todas as coisas expressões precisas, de inquestionável exatidão; a língua modula no som, e inalterada, a essência da mais rara alegria ou do mais terrível desespero.

Mas essa é a interpretação dos fortes; a nossa dilui-se, numa gota incolor e inodora, que é como um chuvisqueiro em uma rosa se nasce da alegria; ou, se vem da dor, como um floco de neve em uma brasa, que apaga a luz e deixa nu o carvão”.




“Usos, costumes e convenções surgem todos os dias no código mundano, como cogumelos na terra úmida.

É prudente não aceitar todos sem exame.

Há cogumelos que matam, há convenções risíveis.

O ridículo destes equivale ao veneno daqueles...”.



“Fagulhas das labaredas em que nos consumimos, os beijos crepitarão por toda a larga face da terra, embora a ciência contra eles asseste a ducha gelada dos seus decretos proibitivos.

Não há em língua humana palavra que, como o beijo, exprima, por mais silencioso que ele seja, a ternura e o amor.

A boca de um mudo diz tudo quanto há de mais elevado e de mais veemente, quando beija; no beijo está o único triunfo de sua alma encarcerada”.






ALMEIDA, Júlia Lopes de. Livro das Donas e Donzelas. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000171.pdf


Sobre Júlia Lopes de Almeida clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlia_Lopes_de_Almeida

Um comentário:

L.Reis disse...

As coisas que eu fico a conhecer cada vez que por aqui passo...