quarta-feira, 18 de maio de 2011

CONTEÚDO 3

Divagações sobre a criação e a administração deste blog.







Como já nos referimos anteriormente, as postagens de reflexões em poesia têm boa receptividade entre nossos leitores.
Resultado melhor ainda aparece quando a “poesia – reflexão” surgiu originalmente como letra de música.
Nos parece que independente do estilo musical, encontramos entre os letristas (poetas) brasileiros capacidade de síntese e profundidade de reflexão, poucas vezes demonstrados em outros estilos literários.

Procuramos oferecer amostras dos poetas brasileiros e portugueses mais conhecidos, escolhidas sob a influência do nosso gosto pessoal e pela proximidade ao tema: reflexão.
Temos, inclusive, campeões de número de postagens, tais como: Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e Mário Quintana.
Desde sua primeira postagem (19/8/2007) ”Namorados”, poesia de Manuel Bandeira, é uma das postagens mais visitadas do blog.
É aquela que diz assim:

NAMORADOS
(Manuel Bandeira)


O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
- Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

- Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagartixa listada?

A moça se lembrava: - A gente fica olhando…

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

- Antônia, você parece uma lagartixa listada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.

O rapaz concluiu:
- Antônia, você é engraçada! Você parece louca.


BANDEIRA, Manuel Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.




Entretanto, a forma letra – de – música tem me parecido a mais ajustada para emitir a combinação poesia – reflexão.

Vamos lembrar dois exemplos de postagens desse tipo:

A primeira (16/10/2009), o samba-canção “Inquietação”, de Ary Barroso


INQUIETAÇÃO
(Composição: Ary Barroso)




Quem se deixou escravizar
E, no abismo, despencar
De um amor qualquer

Quem, no aceso da paixão
Entregou o coração
A uma mulher

Não soube o mundo compreender
E nem a arte de viver
Nem chegou mesmo de leve, a perceber

Que o mundo é sonho, fantasia
Desengano, alegria
Sofrimento, ironia

Nas asas brancas da ilusão
Nossa imaginação
Pelo espaço vai, vai, vai
Sem desconfiar
Que mais tarde cai
Para nunca mais voar

Quem se deixou escravizar
E, no abismo, despencar
De um amor qualquer

Quem, no aceso da paixão
Entregou o coração
A uma mulher

Não soube o mundo compreender
E nem a arte de viver
Nem chegou mesmo de leve, a perceber

Que o mundo é sonho, fantasia
Desengano, alegria
Sofrimento, ironia



E a segunda (5/5/2008), uma campeã de visitas, o samba “O que será de mim”, de Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves.

O QUE SERÁ DE MIM
(Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves)
(samba – 1931)





Se eu precisar algum dia
De ir pro batente
Não sei o que será
Pois vivo na malandragem
E vida melhor não há

Minha malandragem é fina
Não desfazendo de ninguém
Deus é quem nos dá a sina
E o valor dá-se a quem tem
Também dou a minha bola
Golpe errado ainda não dei
Eu vou chamar Chico Viola
Que no samba ele é rei

Oi, não há vida melhor
Que vida melhor não há
Deixa falar quem quiser
Deixa quem quiser falar
O trabalho não é bom
Ninguém pode duvidar
Oi, trabalhar só obrigado
Por gosto ninguém vai lá





Belo suporte para reflexões, não é mesmo?

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