Divagações sobre a criação e a administração deste blog.
A velocidade de transformação do conteúdo da Internet leva quem tenta intermediá-lo com os diversos públicos-alvo a estar sempre alerta.
Nos primeiros tempos do Reflexões, nosso cuidado era de sempre apresentar a referência bibliográfica do texto citado, procurando que ela fosse escrita de modo formalmente aceitável – sempre citando o responsável pela tradução, por exemplo - e só não citando o número das páginas citadas, para obrigar algum “malandro” de plantão a pelo menos folhear o livro antes de copiar e colar.
O panorama está mudando com o desenvolvimento acelerado de sites onde são digitalizados, armazenados e disponibilizados textos para nosso acesso. Tanto ferramentas só para este fim, quanto universidades e bibliotecas, ao liberalizar seus conteúdos, estão fazendo com o livro impresso algo similar ao que o mp3 fez com os “CDs de música” de antigamente.
Nossa rotina de toda semana, correr os “sebos” da cidade em busca de nossa matéria prima, foi, pouco a pouco, sendo mudada.
Entre abril de 2007 e março de 2009, praticamente nenhum texto citado foi indicado como disponível.
Desde – novembro e dezembro de 2010 – o número de textos referidos em nossas postagens em disponibilizados na rede já era maior do que os de não-disponibilizados.
Se esperávamos ampliar o repertório de reflexões, estamos assistindo uma multiplicação de bibliotecas. Nada mal.
Por exemplo:
Em 20 de março de 2008, postei um poema de Gilka Machado, Amei o Amor, que havia lido em uma coletânea de 1952 e gostava muito.
Desde então vinha procurando em todos os sebos que frequentava, um livro, qualquer livro, de Gilka Machado.
Os funcionários anotavam, me davam falsas promessas, e pronto.
Eis que em outubro de 2010, navegando para outros rumos, encontro diversos livros daquela autora no site brasiliana.usp.br
http://www.brasiliana.usp.br/node/503
Vamos concluir apreciando Amei o Amor?
AMEI O AMOR
(Gilka Machado)
Amei o Amor, ansiei o Amor, sonhei-o
uma vez, outra vez (sonhos insanos)!...
e desespero haja maior não creio
que o da esperança dos primeiros anos.
Guardo nas mãos, nos lábios guardo em meio
do meu silêncio, aquém dos olhos profanos,
carícias virgens, para quem não veio
e não virá saber dos meus arcanos.
Desilusão tristíssima, de cada
momento, infausta e merecida sorte
de ansiar o Amor e nunca ser amada!
Meu beijo intenso e meu abraço forte,
com que pesar penetrareis o Nada,
levando tanta vida para a Morte...
LOUSADA, Wilson. Cancioneiro do Amor: os mais belos versos da poesia brasileira. Simbolistas e contemporâneos. Seleção e notas: Wilson Lousada. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1952.
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