quinta-feira, 2 de junho de 2011

ERIC WOLF

Eric Wolf
Em
Cultura, ideologia, poder e o futuro da antropologia.





“Uma das coisas que acontecem é que quando trabalho em um caso, certas questões aparecem, e estas devem ser levantadas para os outros materiais.
Eu sempre reviso meu trabalho vezes e vezes seguidas.
Agora estou trabalhando em uma conclusão.
O problema das conclusões é que, de uma certa forma, elas são muito banais.
Isto é, em cada um desses três casos, o problema básico colocado é como você arranja as coisas, ou organiza as pessoas de maneira a maximizar as oportunidades de vida”.




“Já sobre os nazistas, há muitas maneiras de se falar sobre eles, mas trata-se aqui da organização da sociedade para a guerra.
Não necessariamente para fazer a guerra contra outros povos, mas para organizar as pessoas de tal maneira que as atividades sejam realizadas ordenadamente, de uma forma quase militar.
Os participantes treinam seus corpos e mentes para fazerem parte desse processo.
À medida que isso se expande, cria-se esse corpo comunitário puro que deve continuamente extirpar os diferentes, pessoas que não se ajustam”.




“A ideologia delineia a possibilidade imaginária.
Em um determinado nível, imaginar não é loucura...
Na verdade, eu venho tentando contornar esse problema.
Essas são todas criações da imaginação humana.
Alguém pensou e um número de pessoas cooperou na produção desses corpos de idéias.
Mas elas são realmente o que Castoriadis chama l’imaginaire.
Assim, a ideologia tem essa qualidade de l’imaginaire, relacionada com o poder”.




“A ideologia seleciona do plano mais geral da cultura aquilo que lhe é mais adequado, o que pode atuar como marcas, símbolos ou emblemas de relações que se quer destacar”.




“Existe sempre a idéia que sob os diversos elementos da cultura – comida, habitação, vestuário, sistemas de crenças – há alguma forma de espírito interior.
E, claro, esse espírito interior necessita trabalhar através de uma elite que o expresse.
Isto não seria para os camponeses...
Então, existe uma agenda política embutida em tudo isso e que foi desconhecida nos primórdios da antropologia”.




“Mas existe algo na experiência de crescer em uma cultura que cria diferenças, cria hábitos que não são os mesmos do outro lado da fronteira.
E esses pontos de ancoragem se tornam importantes.
A idéia que os nazistas tinham de transformar alguém em um soldado permanente, só poderia vingar em um lugar onde ser um soldado significava prestígio e recompensas, onde as pessoas tinham essas experiências e os velhos conversavam sobre como era ser um soldado vitorioso contra os desajeitados franceses etc.
Dessa forma, o conceito de cultura esconde uma quantidade tremenda de relações interessantes”.






WOLF, Eric R. Cultura, ideologia, poder e o futuro da antropologia. Entrevista realizada por Lins Ribeiro. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/mana/v4n1/2430.pdf


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