sexta-feira, 3 de junho de 2011

ERNEST RENAN

Ernest Renan
Em
Oração na Acrópole.





“Arrancarei do meu coração toda a fibra que não for razão e arte pura.
Deixarei de gostar das minhas doenças, de me comprazer na minha febre.
Conserva=me nos meus firmes propósitos, ó salutar!
Ajuda-me, tu que salvas!

Quantas dificuldades, de fato prevejo!
Quantos hábitos de espírito terei que mudar!
Quantas gratas recordações arrancarei do meu coração!
Sim, tentarei; mas não estou seguro de mim.
Tarde te conheci, beleza perfeita.
Terei retrocessos, fraquezas.
Uma filosofia, decerto depravada, levou-me a acreditar que o bem e o mal, o prazer e a dor, o belo e o feio, a razão e a loucura se transformam umas nas outras através de cambiantes tão indecifráveis como os do pescoço da pomba.
Nada amar, nada odiarem absoluto, converte-se então em sabedoria.
Se uma sociedade, se uma filosofia, se uma religião tivesse possuído a verdade absoluta, esta sociedade, esta filosofia, esta religião teria vencido todas as outras e seria a única a viver no momento atual.
Enganaram-se todos os que até hoje julgaram ter razão, como agora vemos com clareza.
Poderemos nós, sem louca presunção, acreditar que o futuro não nos há de julgar como nós julgamos o passado?”






RENAN, Ernest. Oração na Acrópole. Tradutor: João Gama. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2011. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/renan_ernst_oracao_na_acropole.pdf


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