sexta-feira, 9 de novembro de 2007

FLORBELA ESPANCA (5)



Rústica
(Florbela Espanca)



Ser a moça mais linda do povoado,
Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,
Ver descer sobre o ninho aconchegado
A bênção do Senhor em cada filho.

Um vestido de chita bem lavado,
Cheirando a alfazema e a tomilho...
Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...

Ser pura como a água da cisterna,
Ter confiança numa vida eterna
Quando descer à “terra da verdade”...

Meu Deus, daí-me esta alma, esta pobreza!
Dou por elas meu trono de Princesa,
E todos os meus Reinos de Ansiedade.






ESPANCA, Florbela. Sonetos. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005.

Sobre a autora:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

4 comentários:

L.Reis disse...

...leva tanto tempo para nos redescobrirmos nas coisa simples que nos rodeiam e estão ao alcance de um gesto...

Espaços abertos.. disse...

Por vezes temos alguma dificuldade em descobrir o que existe de amis simples na vida,olha-semais em vastidão...
Bom fim de semana
BJs Zita

un dress disse...

poema tão puro

tão...intocado...



lindo de reV(L)er...



bejO:)

Anna Flávia disse...

as simples coisas sempre valeram mais. :)

beijo