domingo, 11 de novembro de 2007

THOREAU



Henry Thoreau
Em
A VIDA SEM PRINCÍPIO



“A comunidade não dispõe de um suborno que possa tentar um homem sensato. Podeis levantar dinheiro bastante para escavar um túnel numa montanha, mas não conseguireis levantar dinheiro bastante para assoldadar um homem que esteja tratando de sua própria vida. Um homem eficiente e de valor faz o que pode, quer a comunidade o pague por isso, quer não. Os ineficientes oferecem sua ineficiência a quem dê o lance mais alto, e estão sempre à espera de serem contratados. Seria de se supor que raramente fossem desapontados”.


“Quase não conheço um homem intelectual de mentalidade tão arejada e verdadeiramente liberal que se possa pensar em voz alta em sua companhia. A maior parte daqueles com quem tentais conversar detêm-se ao chegar a alguma instituição a que parecem dar crédito – isto é, a alguma maneira específica, não universal, de encarar as coisas. A todo instante, interpõem seu próprio e baixo teto, com sua estreita clarabóia, entre vós e o céu, quando o que desejais contemplar são os céus desobstruídos. Digo-vos: fora do caminho com vossas teias de aranhas; lavai vossas vidraças!”.


“Os jornais são o poder dominante. Qualquer outro governo está reduzido a uns poucos fuzileiros navais no Forte Independence. Se um homem negligenciar a leitura do Daily Times, o governo irá até ele de joelhos, pois essa é a única traição nos dias que correm”.


“Tais coisas, que mais solicitam a atenção dos homens, como a política e a rotina diária, são, é bem verdade, funções vitais da sociedade humana; deveriam, porém, ser executadas inconscientemente, como as funções correspondentes do corpo físico. São infra – humanas, uma espécie de vegetação. Por vezes, chego a semiconsciência de que andam à minha volta, assim como um homem pode tornar-se, em estado mórbido, consciente do processo de digestão, e sofrer por isso de dispepsia, segundo a denominam”.




THOREAU, Henry David. A Desobediência Civil e outros ensaios. Seleção, tradução, prefácio e notas de José Paulo Paes. 9a. Ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1993.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_David_Thoreau

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