quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

BAUDELAIRE (2)



BAUDELAIRE
Em
Um comedor de ópio






“Mas a expansão dos sentimentos benevolentes causada pelo ópio não é um acesso de febre; é, antes de tudo, o homem primitivamente bom e justo, restaurado e reintegrado em seu estado natural, livre de todas as amarguras que tinham ocasionalmente corrompido seu nobre temperamento.

Enfim, por melhores que sejam os benefícios do vinho, pode-se dizer que ele passa freqüentemente perto da loucura ou pelo menos, da extravagância e que, além de um certo limite, ele volatiza, por assim dizer, e dispersa energia intelectual: enquanto o ópio parece sempre acalmar o que foi agitado e concentrar o que foi disseminado.

Resumindo, é a parte puramente humana, muitas vezes até a parte brutal do homem que, com o auxilio do vinho, usurpa a soberania, enquanto que o comedor de ópio sente plenamente que a parte purificada de seu ser e suas afeições morais gozam do máximo de flexibilidade e, sobretudo, que sua inteligência adquire uma lucidez consoladora e sem nuvens”.





BAUDELAIRE, Charles. Um comedor de ópio. Tradução de Annie Paulette Marie Canbe. Rio de Janeiro: Newton Compton Brasil ltda, s/data. Clássicos Econômicos Newton.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire

Um comentário:

Sei que existes disse...

Sim, talvez seja isso mesmo!
Beijocas grandes