quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

NIETZSCHE (11)



Friedrich Nietzsche
Em
Crepúsculo dos Ídolos





“Reduzir uma coisa desconhecida a outra conhecida alivia, tranqüiliza e satisfaz o espírito, proporcionando, além disso, um sentimento de poder.
O desconhecido comporta o perigo, a inquietude, o cuidado – o primeiro instinto leva a suprimir essa situação penosa.
Primeiro princípio: uma explicação qualquer é preferível a falta de explicação.
Como, na realidade, se trata apenas de se livrar de representações angustiosas, não se olha de tão perto para encontrar os meios de chegar a isso: a primeira representação, pela qual o desconhecido se declara conhecido, faz tão bem que “é considerada por verdadeira”.
Prova do prazer (“da força”) como critério da verdade.
O instinto de causa depende, pois, do sentimento do medo que o produz.
O “porquê”, desde que possível, não exige a indicação de uma causa por amor a ela, mas sim uma espécie de causa – uma causa que tranqüilize, liberte e alivie.
A primeira conseqüência dessa necessidade é que se fixa como causa algo já conhecido, vivido, alguma coisa que está inscrita na memória.
O novo, o imprevisto, o estranho está excluído das causas possíveis.
Não se busca, portanto, somente descobrir uma explicação da causa, mas sim se escolhe e se prefere uma espécie particular de explicações, aquela que dissipa mais rapidamente e com mais freqüência a impressão do estranho, do novo, do imprevisto – as explicações mais usuais.
-O que é que se segue disso?
Uma avaliação das causas domina sempre mais, se concentra em sistema e acaba por predominar a ponto de excluir simplesmente outras causas e outras explicações.
- O banqueiro pensa imediatamente no “negócio”, o cristão no “pecado”, a moça no seu amado”.




NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos – ou como filosofar a marteladas. Tradução de Carlos Antônio Braga. São Paulo: Escala, s/data.

3 comentários:

L.Reis disse...

Começaste bem o ano...com a lógica de Nietzsche a pôr à prova a nossa capacidade de equacionar pressupostos :)
(Para ti james, um 2008 onde o impossível seja um caminho sob o teu pés!)

Vitória disse...

Gostei do teu começo amigo desconhecido!Sabes que livro mais gostei dele?A gaia ciência.
Obrigada pela visita ás minhas teclas e elogio:))

Alessandra Espínola disse...

é tão nítido, tão óbvio, tão real, como bem propício!