sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

OSCAR WILDE (11)



OSCAR WILDE
Em
A Balada do Cárcere de Reading
(trecho)





Soube tão só que torturante idéia
Lhe dava ao passo aquela pressa.
Porque olhava para o céu brilhante
Com tal olhar de ansiedade;
O homem matara aquela a quem amava
E assim teria de morrer.

Contudo os homens matam o que amam
Seja por todos isto ouvido,
Alguns o fazem com acerbo olhar,
Outros com frases de lisonja,
O covarde assassina com um beijo,
O bravo mata com punhal!

Uns matam seu amor, quando são jovens,
Outros quando velhos estão;
Com as mãos do Desejo uns estrangulam
Outros do Ouro com as mãos;
Os de mais compaixão usam a faca,
O morto assim logo se esfria.

Uns amam pouco tempo, outros demais;
Este o amor compra, aquele o vende;
Uns matam a chorar, com muitas lágrimas,
Outros sem mesmo suspirar;
Porque cada um de nós mata o que ama,
Mas nem todos hão de morrer.





WILDE, Oscar. A Balada do Cárcere de Reading. In.__________ Obra Completa. Tradução de Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, Ltda., 1961.

2 comentários:

un dress disse...

james...acho que ninguém sabe, de facto, nada sobre amar...





belo apontamento.

.beijO

Unknown disse...

Antes. O amar humano é isto mesmo.

fiquei sabendo hoje que esta poesia é do Oscar. Vi a primeira vez no filme Querelle do Fassbinder.