segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

PLATÃO



Platão
Em
Diálogos III – A República







“ – E o povo sempre tem algum campeão que coloca à sua frente e cujo engrandecimento favorece?
- Sim, é o que costuma acontecer.
- É dessa raiz e não de outra que brota o tirano. Pois ele começa sempre como um protetor do povo.
- Evidente.
- De que modo principia então a transformar-se em tirano? Não é claro que ao fazer o que se atribui àquele homem na fábula sobre o templo de Zeus Liceu na Arcádia?
- Que fábula? – perguntou ele.
- Aquela, segundo a qual quem provasse uma entranha humana misturada com as de outras vítimas se converteria fatalmente em lobo. Nunca ouviste contar essa história?
- Ah! sim. Ouvi, como não!
- Pois o protetor do povo é como esse homem. Dispondo de uma multidão inteiramente dócil, não se abstém de derramar o sangue de seus compatriotas; em geral recorre a acusações injustas para arrastá-los aos tribunais e destruir-lhes as vidas, saboreando com a boca e a língua impuras o sangue fraterno; a uns mata e a outros exila, ao mesmo tempo que alude a abolição de dívidas e distribuições de terras. Qual poderá ser o destino de tal homem? Não tem ele por força de perecer às mãos de seus inimigos ou converter-se de homem em lobo, isto é, em tirano?”





PLATÃO. Diálogos III – A República. Tradução de Leonel Vallandro. Rio de Janeiro: Editora Technoprint S. A., s/data.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o

Um comentário:

Sei que existes disse...

Isso faz-me lembrar algo parecido... Será a história de quem vai para o Governo?!...
Beijocas grandes