quinta-feira, 11 de setembro de 2008

JEAN PAUL SARTRE



Jean Paul Sartre
Em
A Imaginação







“Olho esta folha branca sobre minha mesa; percebo sua forma, sua cor, sua posição.

Essas diferentes qualidades têm características comuns: em primeiro lugar, elas se dão a meu olhar como existências que apenas posso constatar e cujo ser não depende de forma alguma do meu capricho.

Elas são para mim, não são eu.

Mas também não são outrem, isto é, não dependem de nenhuma espontaneidade, nem da minha, nem da de outra consciência.
São, ao mesmo tempo, presentes e inertes.

Essa inércia do conteúdo sensível, freqüentemente descrita, é a existência em si.

De nada serve discutir se esta folha se reduz a um conjunto de representações ou se é ou deve ser mais do que isso.

O certo é que o branco que constato não pode ser produzido por minha espontaneidade.

Esta forma inerte, que está aquém de todas as espontaneidades conscientes, que devemos observar, conhecer pouco a pouco, é o que chamamos uma coisa.

Em hipótese alguma minha consciência seria capaz de ser uma coisa, porque seu modo de ser em si é precisamente um ser para si.

Existir, para ela, é ter consciência de sua existência.
Ela aparece como uma pura espontaneidade em face do mundo das coisas que é pura inércia.

Podemos, pois, colocar desde a origem dois tipos de existência: é, com efeito, na medida em que são inertes que as coisas escapam ao domínio da consciência; é sua inércia que as salvaguarda e que conserva sua autonomia”.







SARTRE, Jean Paul. A Imaginação. Tradução de Luiz Roberto Salinas Fortes. 5ª Ed. São Paulo - Rio de Janeiro: DIFEL, 1980.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre

Um comentário:

denise disse...

Viva a liberdade !
Aplausos , tac tac tac

Beijo!
Denise.