quarta-feira, 18 de março de 2009
JOSÉ RÉGIO
O Poeta Morto
(José Régio)
Barbearam-no e vestiram-no de preto,
Calçaram-lhe sapatos de verniz.
Moscas varejas chupam-lhe o nariz,
E ele mantém-se pálido e correto.
Cheira a cera no quarto, já refleto
Do que há de mais distante no país.
...Um general, dois lentes, um juiz...
Com ar triste, imbecil, grave e discreto.
Logo, os críticos sérios e carecas
Folheando no pó das bibliotecas
Um livro caluniado enquanto vivo
Esse a quem chamam hoje ilustre e augusto
Porque... porque ele, agora, é inofensivo
Como qualquer estampa ou qualquer busto!
NEVES, João Alves das. Poetas Portugueses Modernos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
Sobre José Régio clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_R%C3%A9gio
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2 comentários:
é, além dos artistas, poetas bons também são os mortos...
estava com saudade! =)
beijo!
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