sábado, 12 de dezembro de 2009

BACHELARD (6)



Gaston Bachelard
Em
A Psicanálise do Fogo.





“O fogo e o calor fornecem meios de explicação nos mais diversos campos, pois facultam-nos o ensejo de recordar coisas imorredouras, experiências pessoais simples e decisivas.

O fogo é, portanto, um fenômeno privilegiado que pode explicar tudo.

Se aquilo que se modifica lentamente se explica através da vida, o que se modifica depressa é explicado pelo fogo.

O fogo é ultravivo.

O fogo é íntimo e universal.

Vive no nosso coração.

Vive no céu.

Sobe das profundezas da substância e oferece-se como o amor.

Volta a tornar-se matéria e oculta-se, latente, contido, como o ódio e a vingança.

Entre todos os fenômenos, é ele o único que pode aceitar as duas valorações opostas: o bem e o mal.

Brilha no Paraíso.

Arde no Inferno.

É doçura e tortura.

É cozinha e apocalipse.

É prazer para a criança que se senta com juízo à lareira; no entanto, castiga qualquer desobediência de quem pretende brincar demasiado perto das chamas.

É bem-estar e respeito.

É um deus tutelar e terrível, bom e mau.

Pode contradizer-se: é portanto um dos princípios de explicação universal”.








BACHELARD, Gaston. A Psicanálise do Fogo. Tradução de Maria Isabel Braga. Lisboa: Litoral Edições, 1989.

Sobre Bachelard clique no linque abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaston_Bachelard

Nenhum comentário: