quinta-feira, 8 de abril de 2010

HANNA ARENDT



Hanna Arendt
Em
Origens do Totalitarismo
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“A história ensina que a subida ao poder e à posição de responsabilidade afeta profundamente a natureza dos partidos revolucionários.

A experiência e o bom senso tinham o direito de esperar que o totalitarismo no poder perdesse aos poucos o ímpeto revolucionário e o caráter utópico, que o afã diário de governar e a posse do verdadeiro poder moderassem as pretensões do movimento e destruíssem gradualmente o mundo fictício criado por suas organizações.

Afinal, parece ser da natureza das coisas que as exigências e as metas extremas sejam refreadas pela objetividade; e a realidade como um todo dificilmente é determinada pela tendência à ficção de uma massa de indivíduos atomizados”.




“Até agora, a crença totalitária de que tudo é possível parece ter provado apenas que tudo pode ser destruído.

Não obstante, em seu afã de provar que tudo é possível, os regimes totalitários descobriram, sem o saber, que existem crimes que os homens não podem punir nem perdoar.

Ao tornar-se possível, o impossível passou a ser o mal absoluto, impunível e imperdoável, que já não podia ser compreendido nem explicado pelos motivos malignos do egoísmo, da ganância, da cobiça, do ressentimento, do desejo do poder e da covardia; e que, portanto, a ira não podia vingar, o amor não podia suportar, a amizade não podia perdoar”.






ARENDT, Hanna. Origens do Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Sobre Hanna Arendt clique
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hannah_Arendt

Um comentário:

Catarina Reis disse...

Na minha opinião, a destruição é fruto daqueles que acham que têm o poder de tornar tudo possível, conseguindo apenas gerar um "mundo" impossível, em que a única coisa que interessa é o umbigo de cada um.

Belo texto e obrigada pela visita.
Bjs Catarina