sexta-feira, 20 de julho de 2007
MANUEL BANDEIRA (5)
POEMA DO BECO
(Manuel Bandeira)
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.
CONTO CRUEL
(Manuel Bandeira)
A uremia não o deixava dormir. A filha deu uma injeção de sedol.
- Papai verá que vai dormir.
O pai aquietou-se e esperou. Dez minutos... Quinze minutos...
Vinte minutos... Quem disse que o sono chegava?
Então ele implorou chorando:
- Meu Jesus Cristinho!
Mas Jesus Cristinho nem se incomodou.
BANDEIRA, Manuel Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.
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7 comentários:
bom espaço...
parabens e brigada pela visita
bom fim de semana
Que cruel! Nem Jesus Cristinho o ouviu ... Uia!
beijinhossss
Jesus Cristinho não se incomodou, mas eu fiquei incomodadda e muito com este texto.
Levou-me junto do meu pai que sofreu as dores de um doente de cancro e um dia à minha frente em fase terminal, pediu a morte.
É chocante mas no meu subconsciente, POR O AMAR TANTO, também pedi por ele!
Abraço sentido.
James,
Nem pense em retirar o texto!
Quando refiro que me incomodou foi apenas por sentir a crueldade que é, ficar indiferente à dor do nosso próximo.
É muito belo o que aqui está escrito.
A doença e a morte não deveriam ser encaradas como um tabu, mas sim como uma realidade que faz parte do nosso viver.
Muito obrigada pelo seu cuidado, mas fica tranquilo. Sentir quem já partiu é uma homenagem.
Grande Abraço.
pois...
cristinho...!?;)
E, normalmente, só nessas horas lembramos do 'Cristinho'...
[me incluo nisso]
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