quinta-feira, 1 de novembro de 2007

JUNQUEIRA FREIRE

MARTÍRIO
(Junqueira Freire)




Beijar-te a fronte linda;
Beijar-te o aspecto altivo;
Beijar-te a tez morena;
Beijar-te o rir lascivo;

Beijar-te o ar que aspiras;
Beijar-te o pó que pisas;
Beijar-te a voz que soltas;
Beijar-te a luz que visas;

Sentir teus modos frios;
Sentir tua apatia;
Sentir até repudio;
Sentir essa ironia;

Sentir que me resguardas;
Sentir que me arreceias;
Sentir que me repugnas;
Sentir que até me odeias;

Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!

Eis o estertor da morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger de dentes,
Eis o penar do inferno!





LOUSADA, Wilson (Org.) Cancioneiro do Amor. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.

Sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Jos%C3%A9_Junqueira_Freire

Um comentário:

Belinha Fernandes disse...

Pois é, eles são humanos, nós é que somos extraterrestres!:-)

É só gente desbocada a escrever para o público.Que lástima.Ele escreveu.E onde é que estava o editor que leu e deu luz verde?!Estive à frente de um pequeno jornal durante um ano e sei que nunca é só uma pessoa que decide o que se publica.É assim, o diabo dos ingleses não perdoam que a gente derrote sempre a sua selecção de futebol, eheheheh, esta agora saiu-me!!